Sábado, dia 28 de janeiro. O Nacional de São Paulo estreia na Série A-4 do Campeonato Paulista de 2024. O primeiro desafio no quarto degrau estadual é contra o Independente, no estádio Comendador Agostinho Prada, em Limeira, a 141 km de São Paulo. O time paulistano venceu por 2 a 0, com gols de Douglas Santos e Paolo.
As comemorações são muitas no banco de reservas do Naça. Um dos que mais festejam é um homem calvo, de barba, boné e roupa com as cores azul e branca do Nacional. Ele abraça os companheiros e acredita que o time venceu apenas a primeira final até o tão sonhado acesso. “Serão quinze finais”, declara em entrevista exclusiva ao Última Divisão.
Trata-se Diego Souza, 39 anos, que está ganhando sua primeira oportunidade como treinador profissional.
O técnico é um velho conhecido da torcida do Palmeiras. Revelado nas divisões de base do clube alviverde, o então meia Diego Souza defendeu o Verdão em 128 partidas entre 2002 e 2005. Formou uma bem-sucedida dupla com o atacante Vágner Love, com o auge no título da Série B do Brasileiro de 2004. Depois, transferiu-se para o futebol japonês, onde defendeu clubes como Vissel Kobe, Kashima Reysol e Verdy Tokiyo, entre outros.
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Agora treinador, Diego Souza destaca a Série A-4 do Paulista como o primeiro grande desafio da sua nova carreira de treinador. “Vai ser um campeonato dificílimo com equipes qualificadas”, diz.
Confira a entrevista exclusiva:
Última Divisão: Como surgiu a oportunidade de você ser treinador do Nacional?
Diego Souza: Na verdade, ano passado o nosso diretor Glauber (Berti) fez o convite para eu fazer parte da comissão técnica. O Pita era o treinador. Então, foi dada essa oportunidade para que eu, como auxiliar, conhecesse o clube, conhecesse a todos e (deu) uma nova função para mim. Foi a primeira vez que eu trabalhei como auxiliar – e com o Pita já querendo fazer essa transição de dentro para fora do campo. E foi o que aconteceu: o Pita fez a Bezinha do ano passado, eu como auxiliar. E aí esse ano ele foi para supervisor e eu acabei assumindo no lugar dele.
UD: O Nacional teve uma campanha tímida na Copa São Paulo de futebol júnior deste ano. Alguns atletas da Copinha serão reaproveitados na A4?
DS: Exatamente. Tivemos uma campanha tímida, como foi dito na pergunta, e mesmo assim alguns atletas que jogaram a Copinha já estavam com a gente no profissional ano passado na Bezinha. Conseguimos efetivar cinco atletas que jogaram essa Copinha para o time profissional.
UD: Como foi formado esse grupo de jogadores que estão defendendo o Nacional?
DS: Na verdade, eu comecei a formar esse grupo em outubro do ano passado. Abrir avaliações, peneiras, testes e times, né? Atletas que vieram de outros times, de outros clubes. Atletas que já estavam, já tinham renovado seu contrato para esse ano de 2024, foram alguns que jogaram a Bezinha do ano passado. Então, foi dessa maneira que conseguimos montar o grupo.
UD: Dentro do grupo, existem atletas mais experientes? Como você classifica o elenco que você tem no Nacional?
DS: Sim, existe. Temos um atleta acima dos 25 anos que é o Douglas Santos e alguns jogaram também que jogaram a Bezinha no ano passado que renovaram seu contrato. E fazem também parte do grupo desse ano.
UD: Você vem acompanhando a montagem dos demais elencos na Série A4? Na sua opinião, quais serão os principais adversários do Nacional na mesma divisão?
DS: Na verdade, eu não venho acompanhando a montagem dos elencos. Eu acho que todos serão os principais adversários. Os 15 adversários, no caso, serão os principais. Não desclassifico, nem classifico ninguém. Acredito que os 15 primeiros jogos da primeira fase serão dificílimos.
UD: Qual é a sua projeção do Nacional na Série A4 de 2024? O clube briga por um acesso?
DS: A nossa projeção é realmente estar brigando pelo acesso. O clube, no ano passado, tinha a projeção de se manter na divisão, o que acabou conseguindo, e chegamos numa fase de quartas de finais. Esse ano nosso maior objetivo é estar no jogo do acesso e conseguir esse acesso.
UD: A primeira fase do Campeonato Paulista da Série A4 tem 15 rodadas, do final de janeiro até o final de março. Você não acha que são poucas datas? O que achou do regulamento?
DS: Eu acho que são 15 jogos, 15 finais. Uma grande oportunidade para comissão técnica, diretoria, atletas, clube. Vai ser um campeonato dificílimo com equipes qualificadas, equipes que já estiveram na primeira divisão do nosso Campeonato Paulista. Tenho certeza que será um grande campeonato essa A4.
UD: Como atleta, você teve diversos treinadores: Luxemburgo, Jair Picerni, Estevam Soares, Candinho, Leão. Algum influenciou mais o seu estilo como técnico?
DS: Desses treinadores citados, na pergunta com certeza o Luxemburgo. Eu acho que a disciplina, a organização, taticamente que ele fazia, a conversa, palestras motivacionais… Eu acho que ele foi muito importante para mim quando eu tinha 17, 18 anos. E estou levando agora nessa minha carreira de técnico. Claro que Candinho, Estevam, Leão, Jair Picerni foram grandes treinadores que passaram. Com o Jair Picerni, nós conseguimos ser campeões brasileiros em 2003 com o Palmeiras. Estevam, Candinho também eram muito experientes. Leão que me deu oportunidade de conhecer o Japão. Então, todos os treinadores foram muitos importantes para mim.
UD: Grande parte da sua carreira profissional como jogador foi no Japão. Quais aspectos do futebol japonês você levou para a carreira de treinador?
DS: A disciplina. O entendimento tático, a obediência tática. O jogador japonês, o atleta japonês já é muito técnico, né? Então, eu acho que esses aspectos: entendimento tático, a disciplina, o respeito ao próximo. Com certeza vou levar para a minha carreira de treinador.
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