Como explicar o efeito Ted Lasso? Esta é uma pergunta fácil de responder. Estamos passando pela pandemia da Covid-19, e desde março de 2020 a positividade se tornou um item valioso. A série, que tem o nível certo de alto astral, leva um pouquinho de vida aos telespectadores. Além de conseguir fisgar gregos e troianos, pois agrada o público fã de esporte e os alheios a esse tipo de conteúdo.
OK, mas afinal, do que se trata o seriado? Ted Lasso é um programa de comédia com doses homeopáticas de drama, lançado pela Apple TV+ em agosto de 2020. Lá acompanhamos Ted, personagem-título interpretado por Jason Sudeikis (de “Quero Matar Meu Chefe”), um técnico de futebol americano que vai para Inglaterra para comandar o AFC Richmond, time da Premier League, que é só uma das ligas mais competitivas do mundo.
A princípio, Lasso pode ser levemente pedante, mas vai te conquistando aos poucos, e é simplesmente impossível não se encantar pela atuação de Sudeikis. E não só ele: é difícil encontrar alguém detestável na série, já que todos são bastante carismáticos e reais. Se você assistir a 15 minutos e não der um sorriso, pode ser preocupante (mentira, ninguém é obrigado a gostar).
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Sem forçar no nível de humor, o seriado faz ótimos paralelos entre as culturas inglesa e a norte-americana. Chega a ser absurdo pensar que um técnico da NFL poderia treinar um time de futebol – e esse arco é responsável por grande parte das piadas. No fim, a gente entende que a ideia é mostrar que, no fundo, equipes são bem parecidas, não importa o esporte – e é preciso conhecer as pessoas para ter êxito neste trabalho.
Não é por acaso que, na vida real, vemos ex-jogadores com muita experiência não terem sucesso como treinadores. Nesse quesito, Ted Lasso dá uma baita aula de como um time deve funcionar. A evolução em cada membro do Richmond é notável. E, sem dúvida, esse sentimento é transmitido para o público.
“Sucesso não tem a ver com vitórias ou derrotas. É ajudar os rapazes a serem as melhores versões deles mesmos em campo ou não”, diz o treinador em um dos primeiros episódios, já ditando o caminho que a produção viria a seguir.
Voltando à pandemia, conteúdos leves com personagens amáveis são essenciais para o que estamos vivendo. Se antes as novelas nos faziam companhia, hoje as séries são mais populares, e nada como assistir a algo que te alegra sem apelar para exageros. Ainda que dramas bem próximos da realidade sejam abordados, a positividade que a narrativa transmite é de extrema importância.
E isso consegue ser tão amplificado que pessoas que não gostam de futebol se apaixonaram pelo seriado. É neste ponto que entendemos o efeito Ted Lasso. Não é uma história esportiva, e sim, sobre a vida, com seus altos e baixos, e sobre como nós, seres humanos, temos o poder de nos adaptarmos às mais difíceis situações sem perder o sorriso. O esporte é apenas o fio condutor da trama.
Se a primeira temporada trouxe uma positividade quase inabalável, a a segunda ganhou certa densidade. E o principal foco é a saúde mental, ainda que o humor esteja a mudança de tom foi muito bem construída. O que é bem condizente com o caminho que a narrativa seguia – mostrando que a vida é feita de momentos ótimos e tensos.
A série pode se passar em um contexto bem diferente do Brasil, mas o protagonista tem aquela vontade de viver contagiante é que bem semelhante ao espírito brasileiro – que pode se machucar muito, mas nunca deixar a bola cair na hora de enfrentar as adversidades. Tudo mudou depois do 7 a 1, mas lá no fundo ainda acreditamos na nossa Seleção Brasileira e que outra Copa do Mundo há de vir – só não sabemos quando.
Sobre a série
Ted Lasso foi lançada em 2020, está na segunda temporada e é exibida semanalmente no streaming da Apple. Toda sexta-feira é liberado um episódio novo.
Além de Sudeikis, o elenco principal traz nomes como Juno Temple (“Malévola”), Hannah Waddingham (“Game of Thrones”), Phil Dunster (“A Grande Mentira”), Brett Goldstein (“Adult Life Skills”), Brendan Hunt (“Quero Matar Meu Chefe 2”), Nick Mohammed (“Sorry, I’ve Got No Head”) e Jeremy Swift (“Downton Abbey”).
Se você não conhece os atores, não se preocupe. Parte do elenco é pouco conhecido pelo público brasileiro, pois quase todos são britânicos.
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