Responda rápido: qual é a cor do uniforme reserva da seleção da Espanha?
A resposta parece óbvia, mas pode indicar uma questão geracional. Historicamente, a camisa reserva da Espanha é branca; no entanto, nos últimos anos, não raro o time se vestiu de azul-marinho ou de cores menos comuns, como azul-claro, dourado ou preto.
É compreensível. Desde a década de 1990, os espanhóis têm torcido o nariz para a camisa branca, que passou a deixar más recordações. Vestindo a cor, o time acabou sofrendo derrotas que custaram caro na Copa do Mundo de 1994 (2 a 1 para a Itália nas quartas de final), na Copa do Mundo de 1998 (3 a 2 para a Nigéria na fase de grupos) e na Eurocopa de 2004 (1 a 0 para Portugal na fase de grupos).
Em contrapartida, a Espanha viveu sua era mais vitoriosa deixando o branco de lado na hora dos uniformes alternativos. Quando foi campeã da Euro 2008, a Espanha tinha uma camisa reserva dourada, que inclusive foi usada no 3 a 0 sobre a Rússia nas semifinais. No título da Copa do Mundo de 2010, a camisa azul-marinho foi usada em momentos fundamentais: as vitórias sobre Paraguai (1 a 0 nas quartas de final) e Holanda (1 a 0, na final).
Em 2014, tudo parecia caminhar bem. Para a Copa do Mundo no Brasil, a Espanha vinha do título na Euro 2012 (com uma camisa reserva azul-clara) e ainda teria um uniforme reserva preto com detalhes em amarelo-limão. A superstição estava alinhada com o futebol competitivo do time comandado por Vicente del Bosque.
Mas quis o destino que a Espanha se reencontrasse com as camisas brancas – e com a falta de sorte.
Acontece que a Espanha caiu no Grupo B da primeira fase, ao lado de Holanda, Chile e Austrália. Logo na estreia, os então campeões mundiais teriam a Holanda, em jogo em Salvador. E a Fifa viu nos uniformes um problema, já que seria impossível oferecer suficiente contraste ao público em determinadas situações.
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Segundo o artigo 35.2 do regulamento da Fifa, as duas equipes deveriam se enfrentar com uniformes contrastantes – um claro, outro escuro. Como a entidade determinou que a Holanda jogaria de azul, os dois uniformes disponibilizados pelos espanhóis seriam insuficientes para oferecer o contraste necessário.
Assim, a 20 dias da estreia, a Espanha precisou correr para criar um terceiro uniforme para a Copa do Mundo. E apelou novamente para as camisas brancas, para desespero dos supersticiosos. Preocupação? Na teoria, não para os jogadores espanhóis.
“Não acredito nessas coisas. É preciso ganhar a sorte. Nos sentimos bem com qualquer camiseta”, assegurou o volante Javi Martínez antes do jogo contra a Holanda. “Dá no mesmo. Quem joga somos nós, não a camiseta”, concordou o meio-campista Koke.
Ambos viram do banco de reservas a Holanda vencer a Espanha por 5 a 1 na Fonte Nova. O placar histórico não apenas foi a maior derrota de um então campeão na Copa do Mundo seguinte ao título, como ainda foi a maior goleada sofrida pela Espanha em Mundiais desde o 6 a 1 para o Brasil em 1950.
Nos jogos seguintes, já sem a camisa branca, a Espanha perdeu para o Chile por 2 a 0 e venceu a Austrália por 3 a 0. Vestiu vermelho contra os chilenos e preto contra os australianos, mas acabou eliminada ainda na fase de grupos.
Nos anos seguintes, a sorte não mudou e virou um incômodo local. Vestindo branco, a Espanha contabilizou mais reveses doloridos, como na Euro 2016 (2 a 0 para a Itália nas oitavas de final) ou na Copa do Mundo de 2018 (3 a 3 com Portugal na fase de grupos).
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