Ver o técnico Eduardo Baptista no Mirassol foi uma grande surpresa para mim. Em 2017 ele treinou o Palmeiras, durante a Copa Libertadores. Parecia um técnico de boas ideias, mas muito imaturo e inexperiente para uma responsabilidade tão grande. Foi uma passagem fraca, marcada pela polêmica do “Fala a fonte! Fala a fonte”. Desde então, eu lembrava que ele tinha acumulado outros trabalhos ruins. Mas não esperava vê-lo no Mirassol, para disputar a última divisão brasileira. Imaginava que ele ainda tinha mercado nas divisões acima. E a foto da apresentação chamou minha atenção: lá estava Eduardo, com um sorriso amarelo, meio sem-graça, meio surpreso.
Depois de ver a foto, fui relembrar os trabalhos de Eduardo desde quando ele saiu do Palmeiras. E realmente é uma trajetória ladeira abaixo. Poucas vitórias, baixo aproveitamento e consequências graves.
Cada trabalho tem uma característica diferente. Nem todo fracasso de um time é culpa só do Eduardo Baptista. Em alguns casos pode-se dizer que ele foi injustiçado. A cultura de demissões do futebol brasileiro é infernal e acaba com a carreira de qualquer um. É um dos motivos para termos poucos técnicos bons.
Mas sem fugir do assunto, vamos aos números de Eduardo Baptista pós-Palmeiras, para ser bem objetivo:
Athletico: 46,1% de aproveitamento, após 13 jogos (5 vitórias, 3 empates e 5 derrotas)
Ponte Preta: 29,03% de aproveitamento, após 28 jogos (6 vitórias, 9 empates e 13 derrotas), com rebaixamento para Série B durante o trabalho
Coritiba: 48,1% de aproveitamento, após 18 jogos (6 vitórias, 8 empates e 4 derrotas)
Sport: 16,6% de aproveitamento, após 8 jogos (1 vitória, 1 empate e 6 derrotas). No final da temporada, sem ele, o time caiu para a Série B.
Vila Nova: 37% de aproveitamento, após 22 jogos (5 vitórias, 10 empates e 7 derrotas). No final da temporada, sem ele, o time caiu para a Série C.
CSA: 42% de aproveitamento, após 15 jogos (6 vitórias, 1 empate e 8 derrotas). Ele foi demitido após perder a final do Alagoano para o rival CRB.
Reparem que ele foi muito mal em 2 clubes nos quais tinha ido muito bem no início de carreira: Sport e Ponte Preta.
Engana-se quem pensa que será fácil para Eduardo Baptista se recuperar no Mirassol. A missão já será complicada porque ele vai substituir Ricardo Catalá, que fez um trabalho excelente no time – o São Paulo que o diga. Catalá só saiu porque foi disputar a Série B pelo Guarani. A comparação entre os técnicos será inevitável. Baptista terá que ir realmente bem.
Outra dificuldade é a própria Série D. Aqui no site do UD ou no canal já explicamos diversas como a quarta divisão é difícil. E o grupo do Mirassol em 2020 é complicado. Tem Bangu, Cabofriense, FC Cascavel, Ferroviária, Nacional-PR, Portuguesa-RJ e Toledo.
Mas também existem fatores que devem ajudar Eduardo. Primeiro porque o Mirassol é um clube organizado e com uma estrutura razoável, acima da média pra Série D. E além disso, ele chegou ao time dizendo que vai ter estabilidade no cargo, porque a diretoria tem planejamento e projeto. Se isso realmente acontecer, será uma ótima chance para vermos a real capacidade dele, sem interrupções.
Às vezes, na vida, é preciso dar um passo para trás, pois só assim será possível dar 2 passos para frente.
Boa sorte, Eduardo! Boa sorte, Mirassol! Que o sorriso seja amarelo de tanta identificação com o Mirassol!
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