De acordo com o último ranking da Fifa, de outubro de 2021, San Marino conta com a pior seleção masculina de futebol do mundo, figurando na 210ª colocação. Essa ingrata posição não é um mero acaso: em mais de 30 anos de história, a seleção são-marinense tem apenas UMA vitória em partidas oficiais e chegou a ficar 10 anos sofrendo derrotas em todos jogos.
Muito além do folclore, a seleção da República de San Marino tem algumas curiosidades e histórias que valem a pena conhecer, como o craque da Juventus que nasceu lá, a rivalidade com Liechtenstein e a nova geração que vem surgindo por aí. Confira:
Origem
Primeiro, é preciso achar San Marino no mapa. Estamos falando aqui de uma micronação entre as regiões da Emilia-Romagna e das Marcas. São cerca de 33 mil habitantes, espalhados em um território de 61 km².
A Federação de Futebol de San Marino foi fundada em 1931, mas a seleção nacional só entrou em campo pela primeira vez em 1986, quando encarou a seleção olímpica do Canadá em um amistoso. E não fez feio: perdeu por 1 a 0.
O reconhecimento oficial veio em 1988, com as filiações à Fifa e à Uefa. E com o aval para participar de competições oficiais, a seleção são-marinhense finalmente fez sua estreia oficial em 1990. Perdeu de novo, desta vez por 4 a 0 para a Suíça.
Casa
A seleção de San Marino joga na principal instalação esportiva do país: o Stadio Olimpico de Serravalle, que tem capacidade para pouco mais de 6,6 mil torcedores.
O nome do estádio faz referência à cidade onde ele fica, Serravalle, que é a maior do país. Curiosamente, não é a capital, que é Cidade de San Marino. A cidade tem nove castelli, que é como são chamadas as cidades lá.
O Stadio Olimpico foi inaugurado em 1969 e é também a casa do Juvendes/Dogana, time de Serravalle que disputa a primeira divisão local. E você pode se surpreender, mas San Marino tem outros estádios bem pequenos, como o Fonte dell’Ovo, o Campo Sportivo di Domagnano, o Campo Sportivo di Fiorentino e o Igor Crescentini.
O estádio recebeu algumas das principais derrotas de San Marino, mas também hospedou partidas da Eurocopa sub-21 de 2019, que teve a Itália como país-sede.
A primeira (e única?) vitória
Nas primeiras três décadas como uma seleção oficial, San Marino já disputou mais de 150 jogos, entre eliminatórias e amistosos. E neste período, venceu apenas uma vez.
Aconteceu em 28 de abril de 2004, em um amistoso disputado no Stadio Olimpico de Serravalle. Naquela noite, o time recebeu a seleção de Liechtenstein e venceu por 1 a 0, com um gol de Andy Selva cobrando falta aos 5 minutos do primeiro tempo.
Desde então, os são-marinhenses engataram uma sequência de dez anos de derrotas, que só foi interrompida com um 0 a 0 em casa com a Estonia em 15 de novembro de 2014.
Derrotas gigantescas
É claro que uma seleção tecnicamente frágil como San Marino sofreu algumas goleadas muito amplas nesses 30 anos. Como as derrotas são absoluta maioria na história da equipe, a gente listou as que somaram 10 ou mais gols:
- 09/09/1992: Noruega 10 x 0 San Marino (Eliminatórias Copa 1994)
- 28/02/2001: Belgica 10 x 1 San Marino (Eliminatórias Copa 2002)
- 06/09/2006: San Marino 0 x 13 Alemanha (Eliminatória Eurocopa 2008)
- 01/04/2009: Polônia 10 x 0 San Marino (Eliminatórias Copa de 2010)
- 02/09/2011: Holanda 11 x 0 San Marino (Eliminatórias Eurocopa 2012)
- 04/06/2016: Croácia 10 x 0 San Marino (Amistoso)
Rivalidade
Talvez a grande rival de San Marino seja a seleção de Liechtenstein, já que as duas equipes têm um retrospecto parelho entre si. Entre 2003 e 2021, foram seis confrontos, com uma vitória de San Marino, dois empates e três vitórias de Liechtenstein.
Parece um histórico favorável a Liechtenstein – e é mesmo. Mas vale registrar aqui: nas sete partidas que San Marino não perdeu entre 1993 e 2020, três foram contra Liechtenstein, todas de 2003 para cá.
Desde aquela vitória em 2004, porém, foram quatro jogos entre as duas seleções. Foram três vitórias de Liechtenstein e um empate.
Selva, o Rei
O grande craque da história da seleção de San Marino é um cara bem curioso. Que, a começo de conversa, nem nasceu lá.
Andy Selva nasceu em Roma, filho de pai italiano e mãe são-marinhense. Assim, pode escolher qual seleção defender, e viu logo para qual lado teria mais chances.
O atacante defendeu a seleção do país entre 1998 e 2016, e se tornou o maior artilheiro da história do time. Foram apenas oito gols, mas alguns bem importantes – como o da vitória sobre Liechtenstein em 2004 e o de honra na derrota por 10 a 1 contra a Bélgica em 2001.
Diferente do que acontece ainda hoje com alguns jogadores da seleção, Andy Selva sempre viveu só de futebol, e com passagens por alguns clubes de destaque do futebol italiano, como Verona, Padova, SPAL, Sassuolo e Grosseto.
Depois de se aposentar, Selva virou treinador no país. Entre 2018 e 2019, comando a seleção sub-17 de San Marino. Depois, foi para o Pennarossa.
O maior da história (que chegou tarde)
O grande nome da história do futebol de San Marino foi Massimo Bonini, jogador de grande destaque no futebol italiano entre o fim da década de 1970 e o começo da década de 1990.
Volante da Juventus entre 1981 e 1988, formou um grande meio-campo ao lado de Marco Tardelli e Michel Platini. Pelo time, foi campeões europeu e mundial em 1985 e três vezes campeão italiano, entre outros títulos.
Só que Bonini teve pouco tempo para defender a seleção de San Marino, que foi oficialmente formada quando ele já tinha 30 anos. Ainda assim, ele jogou pelo time entre 1990 e 1995.
San Marino, 29 de abril de 1995: Marco Mazza, Luca Gobbi, Pier-Luigi Benedettini, Massimo Bonini, William Guerra, Mauro Valentini – Paolo Montagna, Fabio Francini, Pier-Angelo Manzaroli, Mirco Gennari & Marco Mularoni #SanMarino #FSGC @FSGC_official pic.twitter.com/kU0j6WUNqw
— Juha Tamminen (@TamminenJuha) September 13, 2021
Depois de defender clubes de San Marino entre 1994 e 1997 e de pendurar as chuteiras, Bonini ainda foi treinador da seleção local entre 1996 e 1998. Quando saiu, deu lugar a Giampaolo Mazza, que ficou no cargo até 2013.
Grandes nomes da atualidade
Com poucas opções de jogadores, San Marino tem mantido uma base sólida ao longo dos anos. Então, alguns nomes vêm se destacando na equipe, com alguns números que merecem atenção.
É o caso do atacante Matteo Vitaioli, que estreou no time em 2007 e que caminha para se tornar o atleta com mais partidas pela equipe. Vai ser difícil alcançar Andy Selva na artilharia, já que ele marcou seu primeiro — e até aqui único — gol por San Marino em 2015.
Outro que tem longevidade no time é zagueiro e lateral direito Davide Simoncini, convocado desde 2006 e atualmente capitão do time. Os dois devem fechar 2021 com 70 jogos por San Marino, a três do recorde de Andy Selva.
https://www.facebook.com/sanmarinonocs/photos/a.226511340855432/1191670994339457/
Mirko Palazzi é outro de carreira longeva na seleção, na qual atua desde 2005. O meio-campista já atuou por times da Itália como Rimini e Cosenza, e é mais que já superou a marca de 60 jogos pela seleção. Marcou um gol.
O goleiro Aldo Junior Simoncini está na seleção desde 2006 e passou pelo Cesena na Itália entre 2011 e 2012. Ele quase abandonou a carreira aos 19 anos, depois de um grave acidente, mas conseguiu se recuperar e voltou a jogar futebol.
Por fim, o caçula da lista, o também goleiro Elia Benedettini. Nascido em 1995 e convocado desde 2015, ele tem uma carreira de relativo sucesso em clubes de menor expressão da Itália, como Cesena e Novara. Deve figurar por muito tempo nas convocações.
https://www.facebook.com/watch/?v=446335889778067
A grande família
Você deve ter reparado que, entre os destaques, há dois de sobrenomes iguais: o Davide Simoncini e o Aldo Junior Simoncini.
Pois é, eles são irmãos. Em um país de menos de 35 mil habitantes, a presença de parentes na seleção é obviamente bastante comum.
Entre as convocações mais recentes, além dos irmãos Simoncini, há outros exemplos. Como os primos Elia Benedetiini e Simone Benedettini e os irmãos Alessandro Golinucci e Enrico Golinucci.
https://www.facebook.com/FSGCofficial/posts/1531250463705993
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