Texto escrito por Davi Saito (Por Fora das Quatro Linhas @pfqloficial)
Estreando a parceria com o Última Divisão, o Por Fora das Quatro Linhas fala um pouco sobre a história e a fase atual do tradicional America-RJ, que fez história em âmbito estadual e, hoje, está bastante sumido. Vem com a gente!
História
O America Football Club foi fundado em 18 de setembro de 1904 na cidade do Rio de Janeiro. O nome foi sugerido em homenagem ao continente homônimo. Seus fundadores foram sete jovens descontentes com outro clube carioca, o Clube Atlético da Tijuca. Uma importante lembrança é que o nome America Football Club e o acrônimo AFC são propriedades intelectuais do time, segundo decisão do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).
A primeira partida da nova equipe foi em 6 de agosto de 1905, contra o Bangu, que já estava mais consolidado e, por isso, goleou por 6 a 1. Nessa época, o America era alvinegro, tornando-se vermelho apenas em 1908, inspirado pelo uniforme do Mackenzie College de São Paulo.
Em 1911, o Haddock Lobo Football Club, em dificuldades financeiras, fundiu-se ao America, o que transferiu o novo clube definitivamente para a Tijuca e o tornou proprietário do estádio da Rua Campos Sales. Dois anos mais tarde, o Rubro venceu seu primeiro estadual.
Um dos patrimônios mais famosos do America é, sem dúvidas, o seu hino. Composto por Lamartine Babo (que também compôs os dos times mais famosos da capital), que era torcedor do Mecão, é uma música fantástica e que foi regravada algumas vezes, inclusive por Tim Maia. Existem especulações de que o hino seria, na verdade, um plágio de uma música dos Estados Unidos, mas esta é outra discussão.
Entre os anos 20 e 60, o America conquistou seis estaduais (que também seriam seus últimos). Este “pulo” de quatro décadas serve para chegarmos a um ano bem importante na história do clube: 1961. Naquele ano, o Mecão vendeu o volante Amaro para a Juventus e, com o dinheiro, comprou o estádio do Andaraí, que tornou-se sua nova casa (Estádio Wolney Braune). Além disso, disputou a Taça Brasil e ficou na 3ª colocação, sendo este seu melhor desempenho no Campeonato Brasileiro.
Em 1962, o Rubro disputou a International Soccer League na cidade de Nova Iorque junto a clubes como Belenenses, Guadalajara, Palermo e Panathinaikos, saindo vencedor ao derrotar o clube português na final. Este torneio foi também vencido pelo Bangu, que o considera como Mundial.
No ano de 1982, o America conquistou o torneio Campeão dos Campeões, que foi disputado por grandes clubes do país, exceto o Flamengo, que preferiu fazer excursões. O Rubro pediu à CBF em 2021 o reconhecimento do campeonato como um Campeonato Brasileiro, usando o precedente aberto pelo Robertão e pela Taça Brasil.
Outra grande campanha do America foi no Brasileirão de 1986, passando por Santos, Botafogo, Portuguesa-SP e Corinthians, caindo para o campeão São Paulo nas semifinais. Este período é bastante polêmico, pois, mesmo com a 4ª colocação na elite nacional, o America foi para o Módulo Amarelo da Copa União de 1987, não jogando contra os principais times do país. Por fim, sua última participação na elite nacional foi em 1988.
Em 23 de janeiro de 2000, o Rubro inaugurou sua nova casa: o Estádio Giulite Coutinho, que teve sua estreia protagonizada por uma vitória dos mandantes contra a Seleção Carioca por 3 a 1. Ele é o segundo maior estádio particular do Rio de Janeiro, com capacidade para 15 mil pessoas.
Decadência
A partir, principalmente, do século XXI, o America foi, aos poucos, perdendo suas forças em âmbito estadual e nacional: Sua última participação na Série B foi em 2000; na Série C, em 2007; na Série D, em 2010. Enquanto isso, passou a disputar de forma mais constante a segunda divisão do Rio. Contudo, é importante ressaltar que, apesar das más gestões (que serão esclarecidas adiante), a exclusão da elite nacional em 1987 também colaborou para a decadência do Rubro.
Apurar o ponto inicial da crise é extremamente difícil. Porém, é possível deduzir algumas coisas: Desde, pelo menos, 2012, o America vive com salários atrasados, problemas na infraestrutura e até mesmo no gramado, causando ameaças de greve. Em 2022, a situação chegou a um ponto que, segundo o site Torcedores, o Mecão passou 1 ano sem pagar seus funcionários, e, por apuração do ge, chegou a 2 anos.
Para termos uma noção do fundo do poço em que o America está, vejamos o que aconteceu em 2022: O Mecão venceu uma ação contra a Eletrobrás e recebeu a bagatela de R$ 44.4 milhões e, mesmo assim, não conseguiu quitar suas dívidas, que incluem débitos trabalhistas e a financiadores. Segundo estimativa do site Terra, o valor total destas dívidas seria de R$ 80 milhões em 2023.
Com a crise financeira de longuíssima data, é normal que os resultados em campo reflitam a situação: No momento, o Mecão está na segunda divisão carioca, da qual tem três títulos (2009, 2015 e 2018).
Atualmente
Em novembro de 2023, o ex-jogador da equipe, lenda brasileira e senador Romário foi eleito presidente do clube. Seu intuito é, primeiramente, levar o America à elite do Rio de Janeiro para, posteriormente, voltar a uma divisão nacional.
A princípio, Romário não cogita tornar o clube uma SAF. A nova sede do clube será inaugurada em 2025 após a demolição de sua antiga para a construção de um shopping.
Conclusão
O America é um dos clubes mais tradicionais do Rio, sendo extremamente prejudicado pela famigerada “cartolagem” e por más gestões que, além de serem irresponsáveis do ponto de vista financeiro, não foram capazes de modernizar a equipe para os novos tempos do futebol. Agora, Romário terá um árduo trabalho para honrar a memória de seu pai, que era torcedor do clube, e levá-lo aos seus tempos de glória.
Errata: ao contrário do que foi informado inicialmente neste texto, o America não possui qualquer parceria com a empresa Win The Game. O clube chegou a anunciar a parceria, mas nega que ela exista atualmente. A informação foi corrigida no mesmo dia da publicação, às 14h30.
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