Naquele final dos anos 90, o Juventude já era conhecido como o Terror dos Gigantes. Em 1998, o time jaconero tinha se tornado campeão gaúcho invicto, o primeiro título de um time do interior do Rio Grande do Sul em 59 anos.
Foi então que veio a Copa do Brasil de 1999. Após o Guará-DF, a vítima foi o Fluminense, que estava na Série C, e levou uma goleada de 6 a 0 no estádio Alfredo Jaconi. O Corinthians, que levantaria o caneco de campeão brasileiro naquele ano, teve destino semelhante.
Nas quartas, o Bahia quase levou a melhor, mas o Verdão se superou nos pênaltis. E na semifinal, o Internacional levou 4 a 0 em pleno Beira Rio.
Na final, o Botafogo seria o último gigante a ser derrubado. Diante de 25 mil torcedores no Alfredo Jaconi, o Juventude terminou a partida com 2 a 1 de vantagem. E no Macaranã, sob o olhar de 110.712 pessoas, o time de Caxias garantiu o maior título de sua longa história.
Mas o que aconteceu com esses jogadores depois do título? Confira abaixo:
Goleiro
Emerson Ferretti – Após se tornar bicampeão da Copa do Brasil (pelo Grêmio em 1994 e pelo Juventude em 1999), Emerson se transferiu para o Bahia em 2000 e, além de ídolo da torcida, se tornou o goleiro que mais vezes vestiu a camisa do Tricolor de Aço. Em 2006, ele foi para o rival Vitória, onde jogou duas temporadas e se aposentou. Atualmente, Emerson é presidente do Ypiranga-BA.
Zagueiros
Picoli – Após a Libertadores de 2000 se transferiu para o Coritiba, onde ficou até 2002. De lá foi para o clube chinês Guangdong Hongyuan. Depois teve uma passagem pelo Fortaleza em 2004 e retornou ao Juventude em 2005. Ainda passou pelo CSA-AL, antes de embarcar para Hong Kong, onde defendeu o South China e Hong Kong Eastern. Em 2010, ele se tornou auxiliar técnico do Juventude e após virar técnico interino, foi efetivado no cargo. Ele ainda treinou o Caxias, a Ferroviária-SP, o Operário de Ponta Grossa-PR e atualmente treina novamente a Ferroviária.
Índio Alagoano – Logo após a Copa do Brasil de 1999, se transferiu para o Palmeiras, mas não conseguiu repetir o mesmo sucesso no alviverde paulista. Tanto que, após marcar um gol contra em um clássico contra o Corinthians, foi ameaçado por membros da torcida organizada e pediu para sair. Defendeu o Goiás e o Vitória antes de se transferir para o Beitar Jerusalem, o time mais turbulento de Israel. Duas temporadas depois, retornou ao Juventude. Passaria ainda pelo Coritiba e Náutico antes de se aposentar. Atualmente é treinador do Internacional-PB.
Capone – Ausente na finalíssima da Copa do Brasil de 1999 devido à expulsão no primeiro jogo, o zagueiro foi negociado junto ao Galatasaray ainda naquele ano. Na Turquia, ajudou o time a ser campeão da UEFA batendo o Arsenal na final, venceu a Supercopa da Uefa diante do Real Madrid e ainda foi bicampeão da liga local. Em 2002, foi transferido para o pequeno Kocaelispor, também da Turquia. No ano seguinte, foi contratado pelo Corinthians, mas perdeu espaço para Fábio Luciano e Anderson e nem sequer jogou. Em 2004, passou a jogar no Grêmio, que fez uma temporada desastrosa e acabou sendo rebaixado. Após passar por Portuguesa Santista, Londrina-PR e Sorriso-MT, Capone encerrou a carreira no Matsubara-PR. Atualmente, ele é técnico do sub-20 do Mogi Mirim.
Laterais
Marcos Teixeira – com o rebaixamento do Juventude no Campeonato Brasileiro de 1999, muitos jogadores acabaram sendo desligados do clube e Marcos Teixeira foi um deles. Na temporada de 2000, foi para o América-MG, onde se sagrou campeão da Copa Sul-Minas diante do Cruzeiro. Ele ainda defenderia o Figueirense (2001), Mamoré-MG (2002) e o Ceará (2002) antes de se aposentar pelo Cascavel do Paraná, em 2006. Depois disso, não há muitas notícias do ex-jogador. A última foi na ocasião da despedida do meia Alex, ídolo no Palmeiras e no Cruzeiro, cuja partida contou com a participação do ex-lateral.
Dênis – o lateral esquerdo permaneceu no clube até 2002, quando se transferiu para o Paysandu. Inclusive, ele participou daquela campanha histórica do Papão na Libertadores, cujo ponto alto foi a vitória por 1 a 0 sobre o Boca Jrs com um jogador a menos em pleno estádio da Bombonera. Nos anos seguintes, ele jogaria pelo Joinville, Canoas-RS, São Bento-SP e Poços de Caldas-MG.
Alcir – entrou durante as duas finais, no primeiro jogo substituiu Fernando e no segundo, Márcio Mixirica. Depois da conquista da Copa do Brasil de 1999, Alcir se transferiu para o Maia, de Portugal. Voltou ao Brasil em 2001 para jogar no Mogi-Mirim e no Mamoré-MG. Ainda naquele ano foi defender o Seongnam IC, na Coreia do Sul, por duas temporadas. De volta ao País, jogou pelo Rio Branco de Americana-SP, pelo Paraná, e por diversos times de MG, como América, Araxá e Betim.
Meias
Roberto – O volante não deu muita sorte no futebol após a conquista da Copa do Brasil de 1999. Após o rebaixamento do Juventude, defendeu o Uberlândia e o Avaí, em 2000. Seguiu atuando por diversos clubes até se aposentar da bola em 2006 no Ceilândia-DF, aos 29 anos, devido a sérias de lesões no joelho.
Flávio Campos – ídolo e capitão daquela equipe de 1999, Flávio se aposentou em 2000 e ganhou um cargo na gerência de futebol do clube e chegou a ser treinar o time interinamente. Em 2002, Flávio virou técnico do 15 de Campo Bom, onde conquistou o vice-campeonato estadual. Também treinou o Glória de Vacaria-RS, o Remo e o Ulbra-RS antes de retornar ao Juventude, em 2007. Mas, após resultados pífios no Brasileirão, foi demitido com apenas dois meses de trabalho. Ele ainda treinaria o Sampaio Corrêa-MA, o Lajeadense-RS e o Esportivo de Bento Gonçalves-RS antes de retornar ao Juventude em 2016, desta vez para ser Diretor Executivo de Futebol.
Mabilia – após deixar o Juventude, em 2000, o meia perambulou por Guarani e Coritiba antes de retornar ao clube em 2001. Mas mesmo lá não se firmou e acabou indo para o Figueirense e Náutico antes de encerrar a carreira no Ulbra-RS, em 2004. Após 8 anos treinando times de base, encarou um time profissional pela primeira vez em 2014, com o Novo Hamburgo-RS. Em 2015, foi contratado para treinar o Inter de Lages-SC e conseguiu um impressionante 4º lugar no campeonato catarinense. Hoje, ele treina o Clube Atlético Tubarão-SC.
Lauro – Ídolo incontestável do clube, Lauro chegou a jogar no Paulista (2001), no Grêmio (2002) e no Palmeiras (2004) antes de retornar ao Juventude em 2004. Após mais de 500 jogos, ele encerrou a carreira em um jogo festivo contra o Grêmio em julho de 2010. Na ocasião, o UD fez um texto sobre a despedida. Mas a reviravolta veio no final daquele ano, quando assinou pelo Esportivo de Bento Gonçalves-RS. Ele ainda defenderia as cores do Garibaldi-RS em 2012. Atualmente, é preparador físico do sub-17 do Juventude.
Wallace – outro que foi dispensado após a Libertadores, passou por Guarani e Paulista em 2000 e 2001, respectivamente. Em 2003, integrou o elenco que fez história pelo 15 de Campo Bom, com um vice-campeonato no Gauchão e um terceiro lugar na Copa do Brasil de 2004. Depois disso, jogou no Canoas e CFZ-DF (2005), no Bangu (2006) e encerrou a carreira no CFZ-RJ (2007)
Gil Baiano – entrou no lugar de Mabília na segunda partida. Após o Juventude, ele passou pelo Caxias do Sul e pelo Internacional-RS. Em 2002, ele foi para o Brasiliense e ajudou o time a chegar ao inédito vice-campeonato da Copa do Brasil. Ele ainda seria campeão estadual pelo Náutico antes de pendurar as chuteiras em 2009, jogando no CSA. Hoje trabalha como gerente de futebol, tendo passagens pelo Caxias, Galícia-BA e Treze-PB.
Atacantes
Fernando – autor de um dos gols da final contra o Botafogo na partida de ida, Fernando deixou o Juventude em 2000 para se aventurar na Austrália. Jogou três temporadas no Brisbane Strikers, onde ganhou a medalha Johnny Warren de melhor jogador do ano da temporada 2001/2002, e depois defendeu o Parramatta Power em 2003/2004. Voltou em 2004 para jogar pelo Esportivo de Bento Gonçalves-RS e pelo Canoas-RS no ano seguinte. Em 2005, voltou para a Austrália, desta vez vestindo a camisa do Adelaide United. Inclusive, Fernando fez dupla de ataque com ninguém menos do que Romário – na época, o Baixinho estava tentando alcançar a marca de mil gols. Ele ainda voltaria ao Esportivo em 2008 e encerraria a carreira naquele ano no Avenida-RS.
Márcio Mixirica – Após a Copa do Brasil, o artilheiro foi para o Galatasaray junto com o colega Capone. Juntos, eles foram campeões da Uefa Cup de 1999/2000 em cima do gigante Arsenal e despacharam o Real Madrid na Supercopa da Uefa. Na temporada 2001/2002, ele foi para o Boavista e, em seguida, para o U. Leiria, ambas de Portugal. Em 2004 retornou ao Brasil para defender o Atlético-MG. Chegou jogar por diversos clubes, dentre eles São Caetano, Santa Cruz, Santo André, Ponte Preta e América-RN. Em 2012, retornou ao Boavista, onde se despediu dos gramados.
Mário Tilico – substituto de Mixirica no primeiro jogo, o veterano atacante permaneceu no Juventude até 2000. Naquele ano trocou a serra gaúcha pelo Estado natal, Rio de Janeiro, e jogou pelo Americano de Campos dos Goytacazes e encerrou a carreira na Cabofriense, em 2001. No ano seguinte, foi convidado pelo colega Flávio Campos para ser auxiliar técnico no 15 de Campo Bom, em 2002 e 2003, e depois no Esportivo de Bento Gonçalves-RS. Em 2007, a dupla retomou a parceria no Juventude e, em 2012, no Lajeadense-RS. Como técnico, ele dirigiu o CSA-AL e o River-PI.
Maurílio – ídolo do Paraná e do Juventude e campeão brasileiro pelo Palmeiras, o atacante manteve sua fama de nômade do futebol após a conquista da Copa do Brasil. Ele passou uma temporada no Vitória de Guimarães de Portugal, em 2000, e voltou para o Paraná Clube. Também passou uma temporada no Al-Ittihad, onde foi campeão saudita, e no Remo, onde venceu a Série C. Ele se aposentou em 2009 e virou técnico.
Técnico
Valmir Louruz – o título da Copa do Brasil de 1999 marcou o nome do técnico na história do Juventude, mas ele não conseguiu repetir o feito nos anos seguintes. Ele permaneceu no time jaconero até 2000. Em 2002 foi para o CRB-AL e, logo em seguida, para o saudita Al-Ahli Jeddah. Ele ainda treinaria o CSA-AL, o Pelotas-RS, o Duque de Caxias-RJ e o Esportivo de Bento Gonçalves-RS.
Valmir faleceu no dia 29 de abril de 2015, aos 71 anos. Naquele ano, o Campeonato da Região Metropolitana do RS, o principal torneio estadual do segundo semestre, foi chamado de Copa Valmir Louruz.
Comentários