Depois de três rodadas da Série D, a transmissão da InStat continua apresentando erros diversos. Mas por que isso acontece? Quando vai ser resolvido? E como ficará a transmissão daqui pra frente? O Última Divisão falou com Alexander Ivanskiy, fundador da InStat, para entender melhor os problemas. Veja a conversa na íntegra abaixo.
A empresa alega que as dificuldades foram criadas porque o contrato com a CBF só foi fechado 3 dias antes da Série D começar. E Alexander admite que ficou surpreso com o número de torcedores que se interessaram em ver a competição. O número de logins acima do esperado causou grande parte dos problemas. Mas de acordo com ele, quase 100% dos erros serão consertados já na 4ª rodada.
A transmissão da Série D com certeza será cobrada, provavelmente a partir da 5ª rodada. Perguntamos sobre o valor, mas ainda não está definido. Ficaremos de olho. Alexander comentou sobre o assunto na entrevista e indicou que o preço deve ser menor no início.
É importante frisar: a InStat nunca se escondeu, apesar dos problemas de transmissão. Pelo contrário: a empresa manteve contato com o Última Divisão e está à disposição para prestar novos esclarecimentos a quem se interessar. Infelizmente a mídia tradicional não se importa muito. Mas o UD sim. Em um futebol que vemos tanta falta de transparência, vale elogiar a postura aberta da InStat.
Confira abaixo como foi a entrevista com Alexander.
Última Divisão: Como foi a negociação entre a InStat e a CBF? Qual foi o diferencial apresentado pela empresa para conseguir comprar os direitos de transmissão por 3 anos?
Alexander Ivanskiy: Fundei a InStat há 15 anos. Eu decidi abrir a empresa porque era jornalista esportivo e entendia que faltava uma empresa que fornecesse estatísticas completas de jogos. Nossas estatísticas sempre foram nosso diferencial na Europa. Estamos no Brasil há 10 anos fornecendo estatísticas e agora começamos as transmissões. Nossa plataforma sempre foi para treinadores de futebol, então um dia pensei: por que não abrir para torcedores? Então começamos as negociações em diferentes países para transmitir jogos e oferecemos um serviço completo, com diferentes informações, estatísticas e jogos divididos por lances e por jogadores.
UD: É possível informar quanto foi pago para comprar os direitos?
Alexander: Não podemos revelar. Temos diferentes contratos com as confederações. Eles nos pagam por estatísticas e nós também pagamos pelos direitos. Mas não podemos revelar essa informação. O mais importante dessa negociação é que só conseguimos fechar o contrato 3 dias antes do início do campeonato. Nós achamos que só íamos conseguir transmitir todos jogos a partir de 1º de maio, da 3ª rodada, mas conseguimos antes. Fiquei surpreso.
UD: Por que o acordo com a CBF só aconteceu 3 dias antes da Série D começar?
Alexander: Não sei por que isso aconteceu assim. Sabemos que no Brasil temos diferentes plataformas de streaming. Então imagino que a CBF teve diferentes propostas da mesa e tudo muda a cada dia. Provavelmente por isso demorou. Fomos atualizando a oferta, então acredito que foi uma escolha da CBF decidir assim.
UD: O principal problema da transmissão é fazer logout automático com frequência. Por que isso acontece?
Alexander: Esse problema tem diminuído. Mas acontece porque não esperávamos tantas pessoas ao mesmo tempo na plataforma. Sabemos que a Série D tem muitos clubes, mas não esperávamos que tantas pessoas fossem logar ao mesmo tempo. É um problema técnico, tem diminuído e tem que ser corrigido. Na próxima rodada, na 4ª rodada, não devemos ter problemas sobre isso ou serão problemas mínimos. E vamos evoluir nossos serviços. Nossos serviços vão além de transmitir o jogo em si. Você consegue ter um resumo do jogo, melhores momentos e detalhes de cada jogador. Esse serviço de análise, que é a base de como a InStat foi fundada, a gente consegue aplicar em jogo rolando. Nenhuma plataforma oferece igual. E queremos implementar outras coisas, como um chat e a possibilidade do torcedor comentar o jogo. E em junho vamos ter aplicativo para celular e televisão.
UD: Tem um prazo para que tudo seja normalizado?
Alexander: Estamos investindo em todas rodadas para oferecer o melhor serviço para todos envolvidos. Novos desenvolvimentos têm sido feitos em transmissão. Na próxima rodada, a 4ª, devemos ter algo próximo de 100% de qualidade. É importante mencionar que a gente conseguiu gravar 100% dos jogos desde a segunda rodada. Tivemos problemas de transmitir essas gravações por conta dos operadores de câmera, porque fechamos tudo em 3 dias e, até levantar todas as pessoas para trabalhar, demorou. E alguns deles tivemos que trocar porque não ofereciam a qualidade ideal. Na 4ª rodada não vai ter problema de transmissão e nem fatores externos.
UD: Com certeza será cobrado a partir da 5ª rodada? Ou isso pode mudar?
Alexander: Não decidimos. Não tem data exata de quando começará a ser cobrado. E não tem preço ainda. Mas é possível que seja a partir da 5ª rodada e é muito provável que comecemos com pacotes mais baixos, com tudo que o consumidor quer, e o preço vai aumentando conforme as coisas vão evoluindo. É possível que seja sim cobrado a partir da 5ª rodada. E é importante dizer que a InStat está no Brasil para ficar, não para ter só um campeonato ou outro. Temos a intenção de continuar aqui. O mercado brasileiro é importante. Estamos fazendo contratações para melhorar a qualidade de serviço e a experiência do consumidor. Queremos entender o que está acontecendo de errado. É um movimento sério em relação ao Brasil. O ex-jogador Bebeto faz parte do nosso time, tem uma função de embaixador, ou seja, estamos montando um time no Brasil para ficar. Que seja forte o suficiente para entender essa demanda.
UD: Quanto será cobrado?
Alexander: Não sabemos. Mas a maneira de nós recuperarmos o dinheiro investido, os custos com produção, links e logística, é cobrar do torcedor. O preço vai ser razoável para todos.
UD: A CBF participa dessa definição do preço?
Alexander: Não. É uma questão da InStat. Nós pagamos um valor para a CBF pelos direitos. Mas a CBF não está tirando dinheiro dos torcedores.
UD: A InStat cogita vender ou licenciar esses direitos para os clubes e para outros canais?
Alexander: Existe a possibilidade de vender os direitos para canais locais que se interessarem. Eles podem entrar em contato com o Max Zelkcovik, nosso representante comercial.
UD: Os clubes podem fazer valer a Lei do Mandante para transmitir os jogos?
Alexander: Estamos seguindo o padrão do contrato firmado com a CBF, que foi bem amarrado. Isso ficou claro desde quando a gente começou a negociação e não acreditamos que existem motivos para mudar isso. Temos a possibilidade de vender os direitos de transmissão para outros canais, mas não temos interesse de ceder os direitos para clubes.
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UD: A CBF está em contato com a InStat e tem feito cobranças por melhorias?
Alexander: Sim. A CBF não foi só uma vendedora. Ela quer qualidade e nos ajudou com acessos e nos informando sobre quais lugares teríamos mais dificuldade com internet. Estamos em contato quase diário. Não existe nenhuma exigência de qualidade prevista em contato, de obrigar a prestação de algum serviço, mas a CBF continua fazendo contato para oferecermos a melhor transmissão possível.
UD: Além do aplicativo para transmissão, quais outras novidades a InStat pretende apresentar?
Alexander: Queremos ter mais campeonatos, inclusive de outros esportes – futsal, basquete, handebol e vôlei. A InStat é uma plataforma multi esportiva e podemos ter novidades sobre isso a partir de setembro. E no próximo ano devemos entrar na concorrência para adquirir direitos de campeonatos estaduais. Queremos que o consumidor esteja com a gente o ano todo. Queremos dar uma experiência completa para torcedores de todos esportes.
UD: As transmissões dos jogos podem ter melhorias, como inclusão de mais câmeras e repórteres?
Alexander: A InStat tem o conhecimento para oferecer um serviço de multicâmeras e outras melhorias. Nesse primeiro momento isso não deve ser feito no Brasil, na Série D, porque fizemos um investimento e ainda estamos tentando entender como recuperá-lo. Mas sabemos como fazer e é uma opção factível conforme tudo for avançando.
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