Texto escrito por Davi Saito (Por Fora das Quatro Linhas @pfqloficial)
No texto anterior do “O Que Aconteceu”, o clube abordado foi o Luverdense, equipe mato-grossensse que, após uma rápida ascensão, acabou decaindo de forma abrupta. Hoje nós traremos o Mogi Mirim, equipe paulista que marcou época nos anos 90 e, atualmente, está quase esquecida. Vem com a gente!
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História
Infelizmente não encontramos muitas fontes oficiais sobre o clube. Sabe-se que o Mogi Mirim Esporte Clube foi fundado em 01 de fevereiro de 1932 na cidade de Mogi Mirim, próxima a Campinas, interior de São Paulo. Apesar de haver bastante tempo desde sua fundação, o Mogi só começou a, de fato, destacar-se no estado a partir da década de 80, quando Wilson de Barros assumiu a gestão do clube.
Com Wilson financiando e organizando o Sapão, o clube venceu a segunda divisão do estado em 1985 e chegou à elite. Desta forma, chegamos aos anos 90, quando foi o ápice do Mogi Mirim. Em 1991, o Mogi fez um Paulistão bem inconstante, e o presidente optou por reconstruir a equipe com jovens apostas. Assim, o então preparador físico Vadão, de 36 anos, foi escolhido para comandar o Sapão no ano seguinte.
Com um esquema inspirado na Alemanha de Beckenbauer e na Holanda de Rinus Michels, Vadão desenvolveu um modelo de jogo que visava não apenas obter resultados, mas também desenvolver jovens, como no caso de Rivaldo, revelado no Santa Cruz. Assim, no Paulistão de 1992, o Mogi fez a melhor campanha da primeira fase, sendo eliminado na fase seguinte.
Apesar da queda precoce, a equipe de Vadão teve o artilheiro do torneio: Válber, com 17 gols. Em 1993, outra boa campanha, e o desmanche do elenco foi inevitável. Seus principais destaques acabaram saindo para equipes da elite nacional. O Mogi Mirim de Vadão marcou época, sendo conhecido como “Carrossel Caipira”.
Após o auge, o Mogi voltou à inconstância, mas ainda mantinha um bom nível em âmbito estadual, disputando, por algumas vezes, a elite. Em 2008, Wilson de Barros faleceu e, segundo conta o filho do dirigente ao GE, Marcos Barros, a própria cidade pediu para que Rivaldo assumisse o comando administrativo.
Naquela época, o pentacampeão já tinha se aventurado em outros clubes, como Guaratinguetá e Figueirense, e acabou assumindo o comando do Mogi, pagando até mesmo R$ 1.8 milhão à família Barros por empréstimos feitos ao Mogi. O jogador ficou na equipe até 2015 e, apesar de ser campeão do interior em 2012, teve uma passagem bastante polêmica, que será melhor explicada adiante.
Decadência
Para início de conversa, vamos com a fala do advogado Betellen Dante Ferreira ao GE: “O Mogi Mirim nunca foi um clube que se sustentou com as próprias pernas, sempre precisou de investimento. Era assim antes do Rivaldo, assim aconteceu depois”. Ou seja, o Sapão sempre dependeu de algum investimento externo.
Dessa forma, é claro que Rivaldo teve que fazer empréstimos ao clube,e estima-se que os valores totais destes chegaram aos R$ 15 milhões. E é aqui que vem a primeira polêmica: em 2013, quando ainda era presidente, os dois terrenos dos CTs do Mogi foram para Rivaldo como forma de pagar as dívidas, o que acabou desgastando um pouco a sua imagem.
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Ao sair do clube, Rivaldo transferiu o comando para dois colaboradores: o investidor português Victor Simões e o executivo Luiz Henrique de Oliveira. O primeiro pagaria a dívida de R$ 10.5 milhões, parcelada, ao ex-jogador, enquanto o segundo assumiria a presidência. Infelizmente, o acordo foi descumprido.
Os dois colaboradores brigaram, e Simões deixou o clube sem pagar todas as parcelas. No momento, essa dívida é alvo de uma disputa judicial. Por sua vez, Oliveira fez um mandato desastroso e, segundo ele mesmo disse ao UOL, “acho que eu era inexperiente e incompetente, mas nunca roubei nada do clube”.
Sem um investidor, o Mogi despencou desde 2015: Primeiro, foi da Série B para nenhuma divisão nacional em 4 anos; depois, caiu da elite de São Paulo para a estreante quinta divisão em 8, sem nenhuma perspectiva de acesso. Com uma caótica situação econômica, o Mogi teve seu estádio, o Vail Chaves, penhorado pela Justiça em 2019 por conta de uma dívida de pouco mais de R$ 1 milhão com uma empresa de segurança.
Já vi muitas cenas bizarras no futebol, mas poucas tão bizarras como essa que rolou no Mogi Mirim. É tudo fruto de uma disputa entre diretoria e empresa que administra o futebol. No começo do mês já teve até invasão de alojamento para expulsar jogadores.pic.twitter.com/p3aLXXhilT
— Última Divisão (@ultimadivisao) July 26, 2022
A crise do Mogi Mirim acabou desanimando a torcida. Segundo o UOL, em 2017, a partida contra o Rio Preto teve apenas 124 pagantes. Essa situação acaba afetando muito a própria cidade. Afinal, estamos falando de uma cidade pequena, de pouco menos de 100 mil habitantes e que, em outros tempos, tinha sua economia movimentada e impulsionada pelo futebol.
Atualmente
Em junho de 2023, o clube teve sua transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF) aprovada e, desde então, procura investidores para a compra de até 90% desta. Em 2024, o Mogi teria com principal competição a quinta divisão paulista, mas ficou licenciado.
Conclusão
O Mogi Mirim é um clube tradicional que, quando tinha algum investidor, conseguia maiores voos no futebol. Com a crise financeira, a baixa arrecadação e péssimas gestões, o clube perdeu totalmente seu caminho e, no momento, não é possível ver muitas expectativas para a equipe.
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