“Giant Killing” é um termo usado quando uma zebra derrota um ou mais times favoritos em uma competição. Há vários exemplos por aí: Leicester City na temporada 2015-2016 do Inglesão, Once Caldas na Libertadores de 2004, Juventude na Copa do Brasil de 99.
E assim foi apelidado o jovem e excêntrico técnico japonês Takeshi Tatsumi, que treinou durante três anos o mirrado FC Eastham e causou um grande estardalhaço após derrubar gigantes na Copa da Inglaterra e ficar entre os 32 melhores da competição com seu time de amadores.
Isso acabou chamando atenção do East Tokyo United (ETU), time onde fez fama como jogador e que após anos na segunda divisão conseguiu o acesso à J. League e agora luta para não cair mais uma vez.
Essa história você não conhece talvez porque ela não aconteceu de verdade. Tatsumi é o personagem central de Giant Killing, desenho animado lançado em 2010 e exibido pela emissora NHK no Japão. Naquele mesmo ano, o mangá, criado por Masaya Tsunamoto, venceu o prestigiado Kodansha Award.
Só pelo fato da história se centrar na figura do técnico já é possível sacar que Giant Killing é diferente da maioria dos animes de esportes. Não há jogadas absurdas que desafiam as leis da física e definem uma partida, como acontece em Supercampeões. Pelo contrário, os jogadores são péssimos e é exatamente por isso que o time virou um saco de pancadas na J. League.
Vendo o que Takeshi Tatsumi fez na Inglaterra, Kosei Goto, seu ex-colega de time e atual diretor técnico do ETU, resolve chamá-lo para comandar a equipe. O problema é a conturbada história da saída de Tatsumi do ETU, que ocasionou no rebaixamento do time naquela temporada. A torcida organizada ainda o aponta como um traidor e o maior culpado pela longa crise que se seguiu desde então.
Há questões internas que ele ainda precisa lidar, como a falta de confiança do time e dos problemas causados pelo prestígio excessivo do volante Murakoshi, o eterno capitão e que é chamado pela torcida de Mr. ETU. E, acima de tudo, convencer os jogadores de que seus métodos pouco convencionais podem funcionar dentro de campo.
Por exemplo, no primeiro dia da pré-temporada, antes mesmo de conhecer seus comandados, Tatsumi faz um pequeno teste de velocidade de 30 m de distância. Com os resultados na mão, ele escolhe seus titulares – deixando vários figurões de fora – e um princípio de motim se forma.
Então, ele propõe um desafio: se o time selecionado perder o rachão, ele devolve a titularidade pros amotinados. Mas se o time que ele escolheu vencer, ninguém mais reclama de suas decisões. Obviamente, aproveitando das fraquezas do adversário com uma tática inteligente, seu time leva a melhor.
Tática e estratégia, aliás, são coisas que ele domina como poucos. Estando em um time sem recursos, o que resta é estudar os adversários e usar as armas que tiver em mãos. Felizmente, não inventaram até hoje nenhuma outra alternativa para um time azarão galgar posições ambiciosas em um torneio disputado.
O anime mostra algumas partidas importantes que o ETU faz durante a temporada, mas não mostra se o time teve resultados expressivos ao final das competições. A se julgar pelos jogos irregulares ao longo dos capítulos, possivelmente não.
Mas só pelo fato da atmosfera do distrito de Taito, onde fica a sede do ETU, ter se modificado devido à campanha do time, e os jovens e antigos torcedores terem voltado a ocupar seu lugar as arquibancadas, é de se supor que a missão de Tetsuma foi parcialmente cumprida.
E os brazucas?
Como toda história de futebol (e ainda mais se passando no Japão), Giant Killing também reserva um espaço para o Brasil. O Nagoya Grand Palace (uma referência ao Nagoya Grampus) tem três brasileiros no pelotão de ataque: Carlos, Pepe e Zelberto (ou também pode ser Zé Roberto). Todos são hilariamente muito mal dublados em português e retratados como caras com muito talento, mas pouco comprometidos dentro de campo.
No anime não há nenhuma menção, mas Tatsumi chegou a representar a seleção japonesa nas Copas de 2002 e 2006 como jogador. Nessa última, fez o gol do Japão sobre o Brasil na fase de grupos.
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