Esse texto faz parte do “projeto Série B de Primeira”, que pretende gerar uma cobertura intensa da Série B de 2021 no Última Divisão. Atingimos a 1ªmeta do financiamento coletivo e portanto haverá uma coluna semanal aqui no site. Veja como está o andamento das outras metas e apoie o projeto.
Assim como na Série A, teremos uma boa novidade nesta Série B: o limite de troca de técnicos ao longo da competição. Em reunião entre clubes e a CBF em março, foi decidido que cada time poderá demitir um treinador uma única vez. Caso um segundo treinador seja demitido, apenas um profissional com pelo menos seis meses de casa poderá comandar a equipe pelo resto da temporada.
Da mesma forma, um treinador só pode pedir demissão uma única vez. Se ele pedir as contas pela segunda vez, estará proibido de assinar por outro clube até o fim do torneio.
É unânime entre os analistas que essa medida vem em boa hora para a nossa segunda divisão nacional. Em 2020, foi apontado que a Série B é a liga que mais têm trocas de técnicos no mundo. A Série A também não ficou muito atrás: é a 17ª.
Por isso, a expectativa é que agora os clubes terão que montar um planejamento muito mais consistente ao longo da temporada. Da mesma forma, os treinadores terão mais estabilidade para implantar seus projetos e atravessar momentos de crise sem a ameaça da degola. Apenas casos muito extremos justificariam uma demissão.
Mas como dizem por aí, na teoria a prática é outra. Em março, na primeira coluna do projeto Série B de Primeira, fizemos um breve perfil sobre os 20 técnicos que estarão à frente dos clubes na competição. Pois bem: dois meses depois, 5 deles já são cartas fora do baralho.
A seguir explicaremos o que aconteceu com cada um deles e como essas mudanças podem surtir efeitos nos clubes faltando menos de um mês para o início da Série B 2021:
CSA: sai Mozart, entra Bruno Pivetti
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Mozart é apontado como uma grande revelação entre técnicos brasileiros. Em 2020, deixou o comando dos aspirantes do Coritiba e aceitou o desafio de dirigir o CSA, que se encontrava na zona de rebaixamento da Série B. Fez mudanças na equipe e conseguiu levar o Azulão até a briga pelo acesso.
Em abril, acabou aceitando uma proposta para treinar a Chapecoense, que voltou à Série A. Em seu lugar, o Azulão fechou com Bruno Pivetti, ex-treinador do Tombense e do Vitória (BA).
A escolha até faz sentido: ambos têm pouca idade (Mozart tem 41 anos e Pivetti, 37), têm experiências na Europa (Mozart foi auxiliar no Reggina-ITA e Pivetti trabalhou no Ludogorets Razgrad com Paulo Autuori) e contam com um estilo parecido de organizar os times, com saída de bola bem trabalhada e volantes articuladores.
Talvez, ainda falte a Bruno Pivetti uma grande campanha para marcar seu nome. Em 2020, não rendeu o esperado no Vitória na Série B, mesmo com o respaldo da diretoria, e acabou demitido. Em 2021 foi para o Tombense e venceu a Recopa Mineira em cima do Uberlândia e vinha fazendo uma bom Campeonato Mineiro até ir para o CSA. Ao que tudo indica, essa pode ser sua melhor chance de triunfar.
Goiás: sai Augusto César, entra Pintado
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Augusto César era o técnico do sub-20 do Goiás e recebeu a difícil missão de livrar o time da zona de rebaixamento na Série A 2020. O time estava há 11 jogos sem vencer quando ele assumiu. Logo na estreia, bateu o desfalcado Palmeiras e ganhou um respiro na competição. No geral, o desempenho foi bom, com aproveitamento de 43,8%. Mas a situação do Goiás já era bastante crítica e o Esmeraldino acabou caindo para a Série B.
A ideia da diretoria era manter o trabalho de Augusto César para a temporada 2021. Só que o desempenho fraco no Campeonato Goiano e a eliminação precoce na Copa do Brasil culminaram na troca de comando. Pintado, que levou o Juventude à Série A na temporada passada, foi escolhido para tocar o projeto.
Até então ele estava na Ferroviária, e fez uma boa campanha no Paulisão, deixando o time perto da classificação para o mata-mata. Seu estilo de jogo é pragmático e se adapta às qualidades e defeitos do elenco.
Na Ferroviária, por exemplo, o time jogava com pouca posse de bola e explorando os contragolpes. Já no Juventude o estilo era mais ofensivo, o que fez que o time de Caxias do Sul tivesse o segundo melhor ataque da Série B 2020. Essa capacidade de adaptação pode ser uma boa para o Goiás, que perdeu jogadores importantes e até agora fez poucas contratações.
Londrina: sai Silvinho, entra Roberto Fonseca
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O Londrina de hoje nem parece aquele clube que manteve Claudio Tencati de 2011 a 2017 à frente da equipe. O caso de Silvinho é um exemplo claro dessa dificuldade em escolher um nome para comandar um projeto de longo prazo.
Silvinho era auxiliar técnico de Alemão, que acabou pegando Covid-19 na fase final da Série C. Silvinho entrou no lugar de Alemão e o clube venceu a partida contra o Remo e conquistou o acesso. Então, de forma polêmica, Alemão acabou demitido e Silvinho ficou com a vaga titular de técnico.
Mas, após três empates em três jogos no Campeonato Paranaense, a diretoria do LEC decidiu desligar Silvinho. Uma passagem que durou apenas 48 dias — isso tudo em meio à paralisação do futebol por conta da pandemia de Covid-19.
Agora quem entra no lugar é Roberto Fonseca, que levou o Novorizontino para a Série C do Brasileirão. Conta a seu favor o fato de ser um velho conhecido da casa, já que comandou o Tubarão em quatro oportunidades: 2005, 2007, 2018 e 2019.
Em 2018, o time conseguiu uma arrancada impressionante para escapar do rebaixamento e chegou a brigar pelo acesso à Série A. Mas em seu retorno em 2019, ele comandou apenas um jogo e pediu demissão logo em seguida por estar insatisfeito com o planejamento do time para a Série B (tanto que o Londrina acabou rebaixado naquele ano).
No Novorizontino, Fonseca demonstrou que tem capacidade de montar bons projetos com poucos recursos. É preciso ver se ele terá tempo para mostrar serviço.
Sampaio Corrêa: sai Rafael Guanaes, entra Daniel Neri
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Rafael Guanaes mal chegou ao Sampaio Corrêa e já deu adeus. Foram 17 jogos, sendo 6 vitórias, 6 empates e 5 derrotas. A saída foi amistosa, em comum acordo, tanto que em questão de dias Guanaes assinou com o Tombense.
O jovem técnico de 39 anos, que antes treinou as categorias de base do Athletico, era a aposta do Bolívia Querida para repetir o sucesso da temporada passada com Léo Condé. Com a saída dele, a diretoria manteve a lógica e chamou outro técnico jovem e promissor: o português Daniel Neri, de 41 anos.
Campeão pernambucano com o Salgueiro, que acabou desistindo de disputar a Série D 2021 por falta de recursos, Neri terá pela frente o primeiro grande trabalho de sua carreira (e o primeiro fora de Portugal e Pernambuco). Para quem já foi chamado de Jorge Jesus do Sertão, em alusão ao compatriota que treinou o Flamengo, as expectativas são altíssimas. E potencial para surpreender ele tem.
Vila Nova: sai Márcio Fernandes, entra Wagner Lopes
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Não por acaso o Vila Nova foi um dos clubes a votar contra o limite de treinadores na Série B (o já mecionado Londrina também foi voto vencido). Vale relembrar: na Série C 2020, o clube chegou ao quadrangular final com o técnico Bolívar. Mas, após uma rodada, ele acabou demitido e Márcio Fernandes, que tinha sido rebaixado com o Treze, entrou no seu lugar.
A aposta em um técnico rodado e conhecido da torcida funcionou, e o Tigre sagrou-se campeão com sobras da Série C 2020.
Mas nem isso foi o suficiente para segurá-lo no cargo nesta temporada 2021. Após a queda precoce no Campeonato Goiano e na eliminação na Copa Verde, a diretoria decidiu que era hora de mudar as coisas mais uma vez. Assim, a vitoriosa passagem de Fernandes durou 79 dias.
Em seu lugar entrou Wagner Lopes, figura conhecida do futebol goiano, mas que nunca treinou o Vila Nova. Nas palavras do presidente Hugo Bravo, um fato determinante foi a experiência do técnico em Série B. Sua última participação foi na campanha do acesso do Atlético-GO em 2019, na qual acabou demitido na reta final mesmo estando na terceira colocação.
Em 2020, Wagner Lopes teve apenas uma experiência profissional: uma passagem relâmpago pelo Botafogo-SP durante o Paulistão. Esperamos que dessa vez ele tenha mais tempo para mostrar a que veio.
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