Um país que nunca foi exatamente “um país” e hoje em dia nem existe mais. A série Anões Olímpicos não poderia começar em melhor estilo.
De hoje até a abertura dos Jogos do Rio, em 5 de agosto, contaremos um pouco sobre as 26 nações que possuem apenas uma medalha em toda a história dos Jogos. Afinal, em um site dedicado a mostrar a grandeza dos nanicos, lembramos que Olimpíadas não consagram apenas nomes como Michael Phelps e Usain Bolt, mas também o nadador guinéu-equatoriano Eric Moussambani e um palauano emocionado por seguir os passos do Príncipe Lee Boo.
Começamos este especial relembrando os grandes feitos esportivos das Antilhas Holandesas, arquipélago há seis anos dissolvido politicamente. Localizado a apenas 60 km da costa venezuelana, esse pedaço de Holanda no Caribe foi administrado por 56 anos como um “país constituinte do reino holandês” (na prática, uma colônia com soberania para tomar algumas decisões por conta própria). Em 2010, suas duas ilhas principais (Curaçao e St. Marteen) seguiram os passos de Aruba e foram proclamadas “dependências autônomas”, enquanto Bonaire, Saba e St. Eustatius se tornaram “municípios especiais dos Países Baixos”.
As mudanças geopolíticas podem parecer sutis, mas, esportivamente, as Antilhas Holandesas deixaram de existir. No futebol (para a Fifa e a Concacaf), a confederação de Curaçao foi reconhecida como sucessora do antigo território, porém, aos olhos do Comitê Olímpico Internacional, os cerca de 200.000 habitantes das ilhotas devem agora escolher entre competir representando a Holanda ou Aruba (que possui um comitê olímpico próprio desde 1985).
O astro Churandy Martina
Natural de Curaçao, o vitorioso velocista Churandy Martina, de 32 anos, optou por reforçar a delegação holandesa no Rio-2016, a exemplo do que já fez em Londres-2012. Na última Olimpíada, realizada menos de dois anos após a dissolução das Antilhas, três de seus conterrâneos decidiram competir como “atletas independentes sob a bandeira olímpica” (o corredor Liemarvin Bonevacia, a iatista Philipine Van Aanholt e o judoca Reginald De Windet), todos sem subir ao pódio.
O grande astro local é mesmo Martina, que guarda boas lembranças do Rio (cidade onde conquistou o ouro na prova dos 100m rasos, defendendo as Antilhas Holandesas nos Jogos Pan-Americanos de 2007). Ele foi o responsável pela última das 31 medalhas antilhanas na história dos Pans – desempenho notável e superior ao de nações muito mais populosas como Costa Rica, Panamá, Nicarágua, Paraguai e Bolívia.
Porém, quando o assunto são Jogos Olímpicos de Verão, a trajetória do extinto país se resume a 13 participações, com a conquista de uma solitária medalha de prata. Esse número poderia ser maior, no entanto, o próprio Martina se envolveu em uma polêmica de triste lembrança nos Jogos de Pequim-2008.
Uma prata e uma polêmica
Em pistas chinesas, Churandy Martina terminou a prova dos 200m rasos apenas atrás do recordista Usain Bolt. Diriam os mais animados que ele “ficou em primeiro entre os humanos, já que Bolt é um extraterrestre”. Mas a alegria durou pouco: imagens o mostraram invadindo a raia do americano Wallace Spearmon e foram suficientes para desclassificá-lo minutos depois.
Com a punição, a única medalha dos holandeses caribenhos será para sempre a prata do iatista Jan Boersma, na classe 2 de windsurfe, em Seul-1988.
Regular, Boersma chegou a liderar a prova em uma das 7 regatas disputadas e sempre se manteve entre os primeiros colocados, mas foi superado por poucos pontos pelo neozelandês Bruce Kendall no cômputo final. Ao todo, 45 atletas de 45 países participaram da disputa, inclusive o brasileiro George Rebello, 16º colocado.
A série Anões Olímpicos conta a história dos 26 países que conquistaram apenas uma medalha na história olímpica entre 1896 e 2012. Os textos são reedições atualizadas do post O que esses caras estão fazendo nesse blog?, publicado por Diego Freire, em 2012. Para ler as outras reportagens da série, CLIQUE AQUI.
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