Já escrevi neste blog sobre contratações internacionais que viraram lendas. Agora chegou a hora de lembrar de uma repatriação que virou lenda. E a história aconteceu com um jogador de porte internacional: Sócrates, depois de participar da mítica seleção brasileira de 1982 e ir jogar na Fiorentina, quase voltou ao Brasil para jogar na Ponte Preta, em agosto de 1985.
Quem bancaria a contratação de Sócrates seria a empresa Luqui. A intenção de colocá-lo na Ponte Preta vinha por causa da paixão clubística. Explico… Luciano do Valle, o narrador que é torcedor declarado da Ponte Preta, era um dos sócios da empresa. Por isso a negociação com o time de Campinas foi iniciada.
Aliás, não só iniciada, como praticamente concretizada. Sócrates saiu da Fiorentina, na Itália, e desembarcou em Campinas. Vestiu a camisa da Ponte Preta, deu entrevistas como jogador do time e foi o personagem de reportagens falando sobre a surpreendente repatriação. Mas a questão financeira atrapalhou esse que seria uma das negociações mais alternativas de todos os tempos.
Na hora do pagamento houve uma diferença entre o valor que a empresa Luqui conseguiu arrecadar e o dinheiro que Sócrates e a Fiorentina queriam receber. As três partes envolvidas não entraram em um acordo e o jogador teve mesmo que voltar para a Itália.
Não por muito tempo. A ideia da Ponte Preta de repatriar Sócrates inspirou o Flamengo a fazer o mesmo, mas com mais sucesso. Sócrates realmente foi jogar no time carioca em 1986, em uma contratação que foi muito badalada, mas trouxe apenas o título do Campeonato Carioca e acabou rapidamente por outra divergência financeira.
Já na Ponte Preta o jeito foi fazer a torcida se contentar com o irmão de Sócrates. Raí foi contratado para amenizar a frustração com o mais velho da família e mais famoso.
Raí chegou por empréstimo, mas não conseguiu mostrar na Ponte Preta o mesmo bom futebol que já tinha mostrado no Botafogo de Ribeirão Preto. Contusões atrapalharam o meia, que depois foi para o São Paulo e tornou-se o “terror do Morumbi”.
Outra alternatividade
Sócrates deve gostar de futebol alternativo. Afinal, ele também foi o protagonista de outra história curiosa em 2004: após 14 anos aposentado, ele resolveu voltar a jogar, já com 50 anos e visivelmente fora de forma. Ele aceitou a proposta do Garforth Town, um time semiprofissional do norte da Inglaterra.
Em sua estreia no frio inglês, Sócrates começou no banco de reservas com três camisas, cachecol, gorro e luvas. Depois, jogou por pouco mais de dez minutos e evidentemente não conseguiu produzir mais do que alguns passes de efeito. Ele ainda saiu reclamando da velocidade do futebol local, a qual não conseguiu se adaptar. A partida contra o glorioso desconhecido Tadcaster terminou empatada em 2 a 2.
Obviamente essa passagem de Sócrates pelo Garforth Town durou pouco, mas o time ainda buscou as contratações de Careca, Carlos Alberto Torres e Zico para o seu projeto, durante o mesmo período.
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