Nos últimos dez anos, o Corinthians contou com diversos times dignos de nota. Alguns deles deixaram saudades, com os de 2005, 2009, 2011 e 2012. Nomes como Tevez, Mascherano, Ronaldo, Elias, Christian, Alessandro, Ralf e Paulinho marcaram a torcida e fizeram história no clube, conquistando títulos como o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil, a Copa Libertadores da América e o Mundial de Clubes.
Outros elencos, porém, são lembrados com menos carinho. E entre eles, poucos deram tão errado quanto o pacotão de reforços apresentado pelo clube em 2004. Antes que a MSI chegasse ao Parque São Jorge em 2005, a diretoria corintiana apostou em diversos nomes garimpados pelo Brasil, mas que não vingaram. Além de ter escapado do rebaixamento por pouco no Campeonato Paulista (graças à vitória do São Paulo sobre o Juventus na última rodada da primeira fase), caiu nas quartas de final da Copa do Brasil diante do Vitória. No Campeonato Brasileiro, reformulado, foi o quinto colocado.
Mas não foram apenas em campo que aquele pacote de reforços colheu problemas. Fora de campo, a lista de 13 jogadores (Fábio Costa, Julinho, Careca, Rincón, Dinelson, Adrianinho, Rodrigo, Piá, Fábio Baiano, Rafael Silva, Régis Pitbull, Samir e Marcelo Ramos) teve muito o que lamentar: ostracismo, lesões, uso de drogas e até prisões. Hoje, passados dez anos, muitos são lembrados mais pelo que (não) fizeram no clube, mas também pelas confusões posteriores.
O meia Piá era parte daquele elenco. Na Ponte Preta, atuando em uma geração que teve Fábio Luciano, Mineiro, Luís Fabiano e Washington, tornou-se um dos destaques – os companheiros foram deixando o clube, mas ele foi um dos principais jogadores do elenco que levou a Ponte às semifinais do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil em 2001. No Corinthians, não repetiu o bom desempenho e perdeu terreno. Porém, voltou às manchetes nesta quinta-feira ao ser preso em Campinas (SP) por suspeita de roubo a banco.
Hoje, Piá é o caso mais midiático daquele “pacotão maldito”, mas não foi o único que viu a sorte mudar de lado após 2004. Confira o destino dos jogadores:
Fábio Costa (goleiro)
Foi campeão brasileiro em 2002, tendo atuação de destaque justamente na final contra o Corinthians. No clube do Parque São Jorge, foi o nome do “pacotão” que teve mais sucesso, repetindo o título brasileiro em 2005. De volta à Vila Belmiro em 2006, perdeu espaço a partir de 2010, atuando apenas quando foi emprestado ao Atlético-MG (2010 a 2011) e ao São Caetano (2013). Em 2012, sem atuar, sofreu um acidente de trânsito no Rio de Janeiro, no qual uma pessoa morreu. Apesar de ter o salário pago pelos Santos em todo este período, aposentou-se no final de 2013.
Julinho (lateral esquerdo)
O capixaba Júlio César Teixeira chegou pouco badalado ao Corinthians após três anos de destaque pelo Paulista de Jundiaí. No mesmo ano, trocou o clube pelo Sport, vestindo ainda camisas como as de Coritiba, Remo e Atlético-GO, antes de jogar em mais duas ocasiões pela equipe de Jundiaí (2005 e 2009 a 2010). Após atuar por Campinense e Goianésia em 2011, pendurou as chuteiras.
Careca (volante)
Contratado após passagens consistentes por clubes do interior de São Paulo, Careca não se firmou no Corinthians, disputando apenas dois jogos. Passou ainda por Guarani, Santo André, Bahia, Portuguesa Santista, Canoas e Rio Branco-SP. Aposentou-se sem estardalhaço em 2009 pela Inter de Limeira.
Rincón (volante)
Considerado um dos principais volantes do futebol brasileiro na década de 90, o colombiano retornou ao Corinthians em 2004 após passagens apagadas por Santos (2000 a 2001) e Cruzeiro (2001). Praticamente sem jogar, aposentou-se dos gramados naquele ano aos 37 anos, iniciando uma carreira de técnico que não decolou. Em 2007, acusado de lavagem de dinheiro e associação ao tráfico, ficou preso por quatro meses.
Dinelson (meia)
Contratado junto ao Guarani como uma das revelações da equipe campineira, o meia jogou pouco no clube entre 2004 e 2005, mas com relativo destaque. Desde então, porém, tornou-se um dos andarilhos do futebol brasileiro, passando por Atlético-MG, São Caetano, Bragantino, Paraná, Coritiba, Avaí e Ceará, além de clubes de Coreia do Sul e China. Em 2014, aos 27 anos, é reforço do Paulista de Jundiaí para o Campeonato Paulista.
Adrianinho (meia)
Ídolo da Ponte Preta, na qual chegou a conquistar uma pré-convocação para a seleção da Áustria (terra da família de seu pai) em 2003, Adrianinho chegou ao Corinthians e deixou o clube ainda em 2004 sem brilhar. Depois de rodar por clubes como Paysandu, Flamengo, Vila Nova, OFI (Grécia), Ipatinga e Ceará entre 2004 e 2007, chegou ao Brasiliense e se firmou no clube, pelo qual jogou até 2012. Voltou à Ponte em 2012, deixando a equipe apenas por uma rápida passagem pelo Sobradinho.
Rodrigo (meia)
Conhecido como Rodrigo Beckham em virtude de seu visual vaidoso, teve boas atuações no início de carreira, chegando ao Everton (Inglaterra) na temporada 2002/2003. No Corinthians, não repetiu as boas atuações dos tempos de Botafogo (1999 a 2002), ganhando muito destaque com o público feminino. Vítima dos problemas de joelho, foi perdendo espaço em clubes como Juventude, Atlético-PR, Vasco da Gama, Paraná, Boavista (RJ), Fortaleza e Red Bull Brasil, pelo qual se aposentou. Atualmente, é auxiliar do técnico Américo Faria no Boavista.
Piá (meia)
Revelado pela Inter de Limeira e com passagens por Santos, Coritiba, São José (SP), Matonense e Bragantino na década de 90, foi um dos grandes nomes da Ponte Preta na virada do século. Com temperamento explosivo, atuou pouco tempo pelo Corinthians, acertando com a Portuguesa ainda em 2004. Depois disso, atuou ainda por equipes como Corinthians (AL), São Raimundo (AM), Rio Preto (SP), Independente de Limeira (SP), Aparecidense (GO), e União São João, onde se aposentou em 2013 para assumir a função de auxiliar técnico. Fora dos campos, porém, o nome de Piá é presença recorrente em problemas com a polícia: acusado de coautoria de um assassinato na cidade de Limeira em 1999 (foi absolvido), foi detido em janeiro de 2013 sob acusação de furto a bancos na cidade de Campinas.
Fábio Baiano (meia)
Apesar de uma longa carreira no Flamengo, jamais explodiu na Gávea. Em 2001, emprestado, foi campeão da Copa do Brasil pelo Grêmio, o que deu novo ânimo à sua carreira. No Corinthians, não se consagrou, passando por Flamengo, Santos, São Caetano, Atlético-MG, Vasco da Gama, Ponte Preta, Paysandu e Juventude. Aposentou-se em 2008 pelo Brasiliense.
Rafael Silva (meia-atacante)
Outra jovem revelação contratada junto ao Guarani, atuou por dois anos no Corinthians, deixando o clube antes do título brasileiro de 2005. Com passagens discretas por Juventus, Bahia e Santo André, além de clubes do Mato Grosso, jamais emplacou. Em 2013, disputou a quarta divisão do Campeonato Paulista pelo Cotia FC.
Régis Pitbull (atacante)
Atuou somente em 2004 pelo Corinthians e também não caiu nas graças da torcida. Com um longo currículo, passou por clubes como Ponte Preta, Ceará, Coritiba, Bahia, Kyoto Purple Sanga (Japão), Vasco da Gama, Portuguesa e ABC, antes de atuar por equipes de menor expressão de Minas Gerais. Foi pego em exames antidoping em duas ocasiões, 2001 e 2008. Em 2011, interrompeu a carreira para se tratar do vício em crack, prometendo trabalhar para voltar ao futebol. Tem 37 anos.
Samir (atacante)
Revelado pelo Bragantino, fez boa dupla de ataque no Vitória entre 2002 e 2003 com Nadson (atualmente no Lagarto, de Sergipe). Sem repetir o bom desempenho no Corinthians em 2004, viu sua carreira entrar em declínio prematuro, passando por Figueirense, Guarani, Rio Preto (SP), Remo, Campinense, Sampaio Corrêa e CSP, além de futebol chinês. Em 2013, defendeu o Auto Esporte, da Paraíba. Tem 32 anos.
Marcelo Ramos (atacante)
Chegou ao Corinthians após boas passagens por clubes como Bahia, São Paulo, Palmeiras e principalmente Cruzeiro. Depois disso, passou por clubes como Vitória, Santa Cruz, Atlético-PR, Madureira, Paysandu, Araxá, Itumbiara e Ypiranga (BA), onde aposentou-se em 2012. Atuou também em clubes de Holanda, Japão e Colômbia.
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