Não seria nenhum absurdo dizer que competição de futebol na Olimpíada é uma “Copa do Mundo alternativa”. Afinal, é um campeonato que reúne seleções de vários continentes, mas não conta com apoio da Fifa (Federação Internacional de Futebol). E o melhor de tudo: conta com histórias dignas do que há de melhor no futebol alternativo – surpresas africanas, zebras históricas, jejuns de seleções tradicionais e o destaque deste texto: jogadores bizarros que vestiram a camisa da Seleção Brasileira.
Em primeiro lugar, porém, é preciso lembrar: o futebol olímpico já foi muito valorizado. Segundo esporte coletivo a entrar nos Jogos, era uma Copa do Mundo de verdade no começo do século passado. Afinal, não existia outra competição que reunisse as principais seleções do mundo. Isso mudou a partir de 1930, quando aconteceu a primeira Copa do Mundo, no Uruguai, país campeão olímpico em Paris 1924 e Amsterdã 1928.
A partir de então, o futebol olímpico passou a ser amador. Isso criou uma competição desigual, já que nos países socialistas do Leste Europeu todos jogadores eram amadores. Portanto, essas nações contavam com seus times principais, enquanto as outras tinham times bem mais fracos. Isso mudou a partir de 1984, mas ainda assim o Brasil mandou seleções estranhas para as Olimpíadas. Mesmo quando conseguiu resultados razoáveis, tinha um ou outro jogador que era bastante alternativo para vestir a amarelinha.
Relembre, ano por ano, quais foram os jogadores mais bizarros que já defenderam o Brasil nas Olimpíadas:
Pequim 2008
Na verdade era uma Seleção boa, que poderia ter conquistado o ouro tão sonhado. Derrotada pela boa Argentina de Messi, Riquelme, Agüero e Di María, a equipe não era tão bizarra. Na verdade tinha talentos que iriam se firmar futuramente, como Thiago Silva, Marcelo, Lucas Leiva e Ramires, por exemplo.
Mas não escapou das bizarrices: o incendiário Breno, por exemplo, estava lá; o goleiro Renan, que até surgiu bem na Internacional, também foi para Pequim, mas mais tarde mostraria que era um frangueiro; e tinha ainda Alex Silva, o zagueiro-Pirulito que também virou uma decepção.
Mas o mais estranho de todos era Ilsinho. Jogador que nunca mostrou qualidade para ser lateral, foi levado para a Olimpíada como atleta desta posição. Depois, resolveu se assumir como meio-campista, mas fracassou no São Paulo e no Inter. Está atualmente no Shakthar Donetsk e deve ficar por lá um longo tempo. Difícil imaginar alguém apostando nele, seja como lateral ou meia.
Atenas 2004
A Seleção Brasileira sequer se classificou para os Jogos deste ano. E se isso aconteceu, é porque no Pré-Olímpico tínhamos jogadores ainda mais bizarros: o goleiro Juninho, o zagueiro Adaílton, o volante Dudu Cearense, o meia Paulinho e o atacante Marcel eram alguns deles. Não era justo que nos classificássemos mesmo.
Sidney 2000
A Seleção eliminada de forma dramática por Camarões tinha um elenco repleto de bizarrices. Vanderlei Luxemburgo era o treinador na época e montou o elenco de forma polêmica, sob diversas acusações e desconfianças. Era impossível conquistar o ouro com o volante Marcos Paulo e os zagueiros André Luis e Álvaro, por exemplo.
Mas pelo menos existiam alguns nomes carismáticos: ver Fabio Bilica no elenco da Seleção Brasileira foi uma experiência realmente inesperada. Outro que pode ser considerado bizarro, mas tinha sua qualidade, era o lateral Baiano. Sim, aquele do Boca Juniors. Esse time curioso foi superado por um gol de ouro dos camaroneses.
Atlanta 1996
A Olimpíada que teve a Nigéria como campeã foi alternativa demais para ter uma Seleção Brasileira normal. O time era treinado por Zagallo e tinha aqueles jogadores bizarros que o “Velho Lobo” gostava. Mesmo assim, a equipe esteve perto do ouro e só não foi campeão porque enfrentou na semifinal os futuros campeões, com Nwankwo Kanu, Taribo West e Jay-Jay Okocha.
Na prática era um elenco de qualidade, com Dida, Aldair, Roberto Carlos, Rivaldo, Bebeto e Ronaldo. Mas se não veio o ouro, pode-se jogar a culpa em algumas bizarrices, como os decepcionantes Marcelinho Paulista e André Luiz. Mas nada é comparável a um nome: o zagueiro Ronaldo Guiaro estava naquela Seleção Olímpica. Lembra dele? Nem eu…
Barcelona 1992
A Seleção Brasileira também não disputou esta Olimpíada. Mas pelo menos conseguiu uma história alternativa no Pré-Olimpíco de 1992: uma chuva de pedras aconteceu no Paraguai, quando o Brasil venceu a seleção local por 1 a 0, gol de Márcio Santos. Os jogadores tentaram correr para os vestiários, mas o atacante Elivelton foi atingido na cabeça e ficou em um estado preocupante.
No final, o time comandado por Ernesto Paulo conseguiu perder a vaga olimpíca de forma incrível: precisava vencer, mas ficou no empate por 1 a 1 com a Venezuela na última partida. Menos mal. Caso tivesse conseguido a classificação, o Brasil veria jogadores como Rémerson, Nélio, Rodrigo e Luís Fernando defenderem a Seleção na Olimpíada. E o goleiro ainda era Roger, aquele da G Magazine.
Seul 1988
Apesar dessa Seleção ter ficado com a medalha de prata, em uma derrota lamentada até hoje, ela tem uma importância histórica incontestável: o grupo formado nesta oportunidade gerou um embrião do que viria a ser a geração do tetra brasileiro, seis anos depois. Jogadores como Taffarel, Jorginho, Mazinho, Bebeto e Romário começaram ali uma carreira vitoriosa com a amarelinha.
Porém, para não dizer que não falei das flores alternativas desta Seleção, é preciso lembrar das bizarrices convocadas pelo técnico Carlos Alberto Silva. Edmar, atacante do Corinthians, chegou a colocar Bebeto no banco de reservas durante certo período. Careca, meia que surgiu bem Cruzeiro, é outro que era importante nesta equipe, mas não conseguiu confirmar tudo que prometia.
Los Angeles 1984
Uma decisão curiosa foi tomada na Seleção Brasileira em 1984: o elenco do Internacional formou a base da equipe olimpíca naquela oportunidade. Era um time forte, com jogadores importantes, como Luis Carlos Wink, Gilmar, Ademir, Mauro Galvão e Dunga.
Mas era impossível também não criar bizarrices com uma decisão dessas. Atletas como Silvinho, Kita, Paulo Santos e Pinga defenderam a Seleção olímpica em 1984. Tinha ainda Milton Cruz, o hoje consultor técnico do São Paulo, que não era exatamente um craque como atacante. Mesmo assim, o entrosamento fez diferença e o Brasil por pouco não conquistou a medalha de ouro em sua primeira oportunidade – o time perdeu a decisão para a França por 2 a 0.
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