Chegou o dia! Nesta quarta-feira, 12 de dezembro de 2012, o Corinthians estreará no Mundial de Clubes, enfrentando o Al-Ahly (Egito) em uma das semifinais. Quando entrar em campo no Toyota Stadium para encarar Aboutrika, Gedo e companhia, o time paulista estará na briga pelo título mais importante do futebol mundial… E com um detalhe verde na camisa.
Você deve ter acompanhado a polêmica em torno do assunto nos últimos dias. Se não acompanhou, vamos a ela.
Por exigência da Fifa, os times que disputam o Mundial entram em campo com um patch na manga da camisa (olhe bem), referente à campanha Football for Hope. O problema – se é que é mesmo – é que o selo é verde, justamente a cor do arquirrival corintiano, o Palmeiras. Os representantes alvinegros bateram pé, pediram para retirar o logotipo da camisa, mas a Fifa manteve sua posição. Fim de papo, e o Corinthians vai ter que jogar com o detalhe verde.
A justificativa da rivalidade, neste e em outros casos, virou uma muleta e que toma uma proporção maior do que a necessária quando o assunto é o futebol. A presença ou ausência do detalhe verde no uniforme corintiano certamente não fará diferença no futebol apresentado pela equipe nos dois jogos que ela fará no Mundial de Clubes. Aliás, se a Fifa endoidasse e obrigasse os times a jogar com as camisas de seus rivais, um eventual título mundial do Corinthians teria significado menor?
Argumentações à parte, não é a primeira vez que temos casos parecidos no futebol – e especificamente, no futebol brasileiro. Histórias recentes não faltam.
1. Coca-Cola e o Grêmio
Você já deve ter ouvido aquela história sobre a escolha das cores do rótulo da Coca-Cola, de que ele é vermelho e branco porque o branco em meio a uma cor quente (vermelho) passa a sensação de frescor. Papo furado, como você pode ler aqui e aqui.
De qualquer forma, o vermelho e o branco se tornaram cores facilmente associáveis ao produto. Por isso, qualquer propaganda da Coca-Cola passaria a ser vermelha e branca.
Então, o que fazer quando, em 1987, a Coca-Cola assinou para estampar sua marca na camisa do Grêmio? Seria possível levar seu logo vermelho e branco – justamente as cores do Internacional, maior rival gremista – à camisa tricolor? A resposta: não. A solução encontrada foi adotar um patrocínio preto e branco, dentro das “possibilidades cromáticas” do clube e da bebida.
Assim foi até 1995, quando a Coca-Cola foi substituída pelas Tintas Renner como patrocínio máster do Grêmio. Hoje, a empresa é novamente uma patrocinadora do clube, em papel minoritário. O dilema das cores, porém, é o mesmo.
2. Banrisul e o Internacional
Talvez nem todos os nosso leitores conheçam o Banrisul. A sigla é referente ao Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A., que patrocina os rivais Grêmio e Internacional desde o início do século XXI. O problema: as cores da marca do banco são o azul e o branco – que, se caem bem para o gremista, caem mal para o colorado.
Eis a rejeição: como fazer para promover a marca do banco junto à imagem do Inter? Na camisa, não há problema: basta escrever de forma vazada, em branco, na camisa vermelha. Na camisa branca, faz-se o contrário, escrevendo-se de vermelho.
A solução foi a mesma encontrada para a agência do Banrisul na Avenida Padre Cacique, em Porto Alegre, anexa ao Estádio do Beira-Rio. Diferente de todas as outras agências em azul e branco do banco, a do estádio do Inter é vermelha e branco. Simples.
3. Medial Saúde e Corinthians
Quando disputou a Série B do Campeonato Brasileiro, em 2008, o Corinthians trocou de patrocinador máster: deixou a Samsung, empresa coreana de eletrônicos, e assinou com a Medial Saúde, corretora nacional de planos de saúde, graças a um acordo que renderia ao clube R$ 16,5 milhões durante a temporada. O problema? A Medial-Amil Saúde S.A. era (e é) verde.
Desta vez, porém, isso não foi problema. Para evitar o uso da cor do arquirrival Palmeiras no uniforme corintiano, a Medial rapidamente se dispôs a mudar sua cor na camisa. Assim, a logomarca da empresa apareceu em preto e branco durante todo aquele ano nos uniformes.
“Somos muito dinâmicos e flexíveis, de forma que aquela cor que o presidente Andrés (Sanchez, do Corinthians) não quer mais falar não vai estar na camisa. Vamos começar com o preto e o branco, e depois vamos avaliar como a marca se desenvolve”, disse Luiz Kaufmann, presidente da Medial, na época. Detalhe: até mesmo ele evitou mencionar a cor verde na declaração.
4. McDonald’s e o Besiktas
Fenerbahçe, Galatasaray e Besiktas são os três principais clubes de Istambul, principal cidade da Turquia. A rivalidade entre os dois primeiros é grande, mas Galatasaray e Besiktas tem um detalhe que os colocam frente a frente: ambos ficam na parte europeia da cidade, enquanto o Fener fica do outro lado do Estreito de Bósforo, do lado asiático de Istambul. De fato, cada clube tem sua torcida concentrada em uma parte da cidade.
OK, explicamos a parte geográfica da rivalidade. Agora vamos às cores. Acontece que o McDonald’s resolveu instalar um restaurante da rede nas proximidades nas proximidades do Estádio Inonu, do Besiktas. Não é uma má ideia, mas as cores vermelho e amarelo da franquia certamente seriam associadas ao Galatasaray.
Qual a solução? O McDonald’s relutou um pouco, mas topou mudar as cores das lanchonetes da região da torcida do Besiktas. Os chamados “Golden Archs” estão lá, em dourado, mas o letreiro da loja é todo em preto e branco – cores do Besiktas.
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