A 34ª edição da Segunda Divisão do Campeonato Paraense, a popular “segundinha”, se inicia no dia 20 de outubro. Em 2019, serão 17 equipes que estarão na luta por duas vagas na elite do futebol papa-chibé, essa vai ser a maior edição da história. E como todo ano, a disputa promete ser intensa. Entre os participantes, tem clube com missão social, clube “itinerante”, clube que acabou de se tornar profissional, clube indígena e clube que é bicampeão brasileiro. Vamos aos detalhes das equipes:
Grupo A1 – O grupo regionalizado
Itupiranga: É o time caçula do futebol paraense. Foi criado em 2018 e se profissionalizou este ano. O time é da cidade homônima que fica no sudeste do estado. A equipe vem se preparando há algum tempo e vem se dando bem nos amistosos. Apesar do elenco pouco conhecido, o time quer surpreender e subir já na primeira participação. Vamos aguardar.
Parauapebas: Fundado em 1989 mas só registrado como profissional em 2009, o clube é da cidade de mesmo nome que também fica no sudeste paraense. O Trem de Ferro fez sua melhor campanha na elite de 2015, quando ficou na terceira colocação e ganhou o direito a disputar a Copa do Brasil pela primeira vez em 2016, onde foi goleado por 6 a 0 para o Londrina. O ano de 2016 terminou com o rebaixamento no Parazão. Em 2017, com o vice campeonato da segundinha, conseguiu novamente o acesso. No ano passado, foi rebaixado novamente com apenas uma vitória em 10 jogos. Em 2019, o clube será comandado pelo técnico Vanderson, ex-jogador do Paysandu que conquistou a Copa dos Campeões e uma Série B com o clube bicolor. O Parauapebas é um clube que está “acostumado” a subir e descer. Será que esse ano vem mais um acesso?
Atlético Paraense: Fundado em 2014, o Atlético Paraense é o segundo time da cidade de Parauapebas. Estreou na segundinha no ano passado e teve uma participação mediana, caiu nas quartas de finais para o São Francisco e ficou na 8ª colocação. O clube é outra incógnita desta competição. Não é um dos favoritos ao acesso, mas pode surpreender.
Gavião Kyikatejê: é um clube de raiz indígena (anteriormente era formado totalmente por indígenas, hoje é um clube misto) da cidade de Bom Jesus do Tocantins, na região sudeste do Pará, porem manda seus jogos em Marabá, também na região sudeste. O clube de 36 anos (desde a sua fusão) se tornou profissional em 2009, ano que disputou a sua primeira segundinha, mas não passou da fase de grupos. O clube vai para a sua nona participação na segundinha, onde já foi vice-campeão em 2013. E tenta voltar à elite, que chegou a disputar em 2014 e 2015, sendo o primeiro clube indígena a conseguir este feito. Na segunda divisão de 2018, teve uma vitória em 3 jogos e não passou da primeira fase, ficando em 11º lugar. O Gavião tenta voltar aos seus momentos de glória, mas com o grande número de equipes mais fortes, o clube (teoricamente) não está entre os favoritos ao acesso.
Grupo A2 – O grupo da “morte”
Cametá: Campeão paraense em 2012, sendo o segundo (e último) clube do interior a ter esse título, o Mapará não anda bem das pernas. Fundado em 2007 e profissionalizado em 2009, o clube da região Nordeste Paraense está longe da boa fase que viveu anos atrás. Em 2010 foi campeão invicto da segundinha, ficou em 4º lugar na elite e disputou a Série D, sendo eliminado na primeira fase. Em 2011, ainda em uma crescente evolução, o Mapará chegou às semifinais do campeonato estadual. Em 2012, a conquista do título estadual em cima do Remo, confirmou sua melhor fase. Porém, neste mesmo ano, por dificuldades financeiras, acabou cedendo sua vaga da série D ao Remo (que na época estava “sem divisão”). A partir disto, o clube apenas foi figurante no campeonato estadual. Na elite de 2018, com 10 jogos e nenhuma vitória, o clube foi rebaixado. Este ano, o Mapará está se reforçando com atletas conhecidos do futebol estadual e aposta na volta da sua grande estrela, o atacante Leandro Cearense, que voltou do futebol da Ásia. É um dos grandes favoritos ao acesso e está fazendo o possível para conseguir este feito. Será que consegue?
Tuna Luso Brasileira: De origem portuguesa, é o segundo clube mais vitorioso do Pará, com um título da Série B e um da Série C. É também o clube mais tradicional e o que sempre faz o maior investimento para a segundinha. A Águia Guerreira do Souza, que tem 116 anos, tenta voltar aos tempos de glória que já viveu um dia. A equipe, que já foi campeã paraense 10 vezes, não disputa a elite desde 2015. Em 2016, fez uma campanha pífia na segunda divisão e nem chegou a brigar pelo acesso. Em 2018 se classificou invicta para a segunda fase com três vitórias, mas foi eliminada pelo Tapajós nos pênaltis. Esse ano, tenta, pelo menos, repetir a campanha de 2014, quando se tornou vice campeã. O clube também vem se reforçando com atletas conhecidos na região. A aposta do clube cruz-maltino é no atacante Paulo Rangel, que disputou a série C deste ano pelo Paysandu. Com o maior investimento e a maior tradição entre os clubes participantes, a Tuna é, sem dúvidas, a grande favorita para o acesso à elite. Claro que camisa e tradição não ganham jogo, o próprio clube percebeu isso nos últimos anos. Agora, com os pés no chão, o clube tenta fazer diferente.
Vênus: O azulão é de Abaetetuba, no nordeste paraense. O clube tem dois títulos da segunda divisão (2005 e 2014) e neste ano, vai tentar o terceiro e, assim, voltar à elite que não disputa desde 2015*. Em 1998 foi o terceiro colocado do campeonato estadual (atrás de Remo e Paysandu) e disputou a Série C do campeonato brasileiro, onde ficou na 20ª posição dentre 65 times. Em 2016, fez uma boa campanha e terminou a segundinha em 5º lugar. Em 2017 e 2018 as campanhas foram piores e o clube terminou na 9ª colocação. Esse ano, o clube de 70 anos tentará colocar a cidade da cachaça novamente na primeira divisão. O grupo é difícil e têm dois candidatos ao acesso, veremos como o Vênus irá se comportar…
Pedreira: O clube é da Ilha de Mosqueiro, distrito de Belém. Apesar de ter dois títulos da segundinha, o Gigante da ilha não disputa a elite paraense desde 2008, quando levou a maior goleada da competição. Nas últimas duas temporadas, alegando crise financeira, o clube desistiu do torneio e não teve nenhum jogo oficial. Em 2019 o clube está de volta, buscando um recomeço. Com orçamento baixo e os pés no chão, dificilmente podemos acreditar na classificação do Gigante da Ilha.
Carajás: O clube de 20 anos é da Ilha de Outeiro, na capital Belém. Ele já foi uma espécie de “time B” do Paysandu, quando mudou o seu nome para Time Negra e disputou a elite até 2011. Em 2016, com o fim da parceria voltou-se a se chamar Carajás e adotou novas cores e escudo. O Pica-Pau da Ilha foi considerado uma surpresa na segundinha de 2016, quando chegou às semifinais do campeonato e ficou em terceiro lugar, beirando o acesso. Nos dois anos seguintes, foram campanhas pífias onde não conseguiu passar nem da primeira fase, ficando em 11º e 15º lugar em 2017 e 2018, respectivamente. Na segundinha de 2019, e contando com dez atletas “emprestados” do Tapajós, o clube tenta conseguir o seu terceiro título da segundinha e um acesso inédito à fase principal do Parazão*. É o clube que pode dar uma dor de cabeça aos candidatos ao acesso. Veremos qual vai ser o tamanho da força do Pica- Pau…
Grupo A3 – Clubes da Grande Belém que tentam voltar aos tempos de glória
Izabelense: Após chegar às semifinais em 2014, ter fracas campanhas em 2015 e 2016 e cair novamente nas semifinais em 2017, a equipe de Santa Izabel do Pará, região Metropolitana de Belém, tenta se reerguer na segundinha. O clube tenta voltar aos tempos áureos da década de 80 e 90, onde batia de frente com os grandes da capital e conseguiu ser vice campeão paraense, fazendo participações no campeonato brasileiro da série C. O Frangão da Estrada tenta voltar à fase principal* do Parazão, que não disputa desde 1993. No ano passado, não passou da primeira fase, onde, em uma partida contra o Gavião Kyikategê mandou apenas 8 jogadores a campo. Essa será a 20ª participação do clube na segundinha, que tenta pelo menos, repetir a campanha de 2005, quando conseguiu ser vice campeão. O clube vem se preparando disputando amistosos com equipes e locais e também conta com jogadores e técnico conhecidos no futebol paraense. É o clube mais forte do grupo e deve passar para a próxima fase. Acesso já é outra história…
Santa Rosa: É o clube “itinerante” do estado. Originalmente de Icoaraci, outro distrito de Belém, o clube de 93 anos (95 segundo a FPF) já teve várias sedes pelo interior. Já representou as cidades de Castanhal, Mãe do Rio e Tucumã. Em 2018, voltou para Icoaraci mas não foi bem na segundinha, ficou na primeira fase e ainda sofreu a maior goleada do torneio, 8 a 0 para o Tapajós. O Pantera da Vila chegou às semifinais em 2013 e busca repetir a campanha de 2009, quando foi vice campeão e disputou a elite* em 2010. Pouco se sabe sobre o Santa Rosa, é literalmente uma dúvida sobre até aonde a equipe pode chegar no campeonato.
Vila Rica: A sua cidade de origem é Belém, mas o clube é conhecido pelas passagens e parcerias com prefeituras do interior. Em 2019, depois de quase representar a cidade de Moju, o clube ficou na capital. O Cachorro Doido tem 37 anos e 3 títulos da segundinha, e não disputa a elite* estadual desde 2010. Nas últimas participações na segundinha, o clube tem sido um mero coadjuvante, há um bom tempo a equipe não passa da primeira fase. Nos últimos anos, sua melhor colocação foi em 2013, quando ficou em 5º lugar. A promessa é que esse ano seja diferente. O elenco é pouco conhecido e diz que vai surpreender.
Pinheirense: Após desistir de disputar o campeonato e mudar de ideia, o time quase centenário de Icoaraci, distrito de Belém, volta ao campeonato e busca repetir a campanha de 2016, quando conquistou de forma invicta, o seu único título da segundinha. No ano seguinte, disputou a elite, porém acabou rebaixado. Na segundinha do ano passado, fez uma boa campanha e perdeu o acesso nos pênaltis, para o São Francisco. O clube tem destaque no futebol feminino, onde já disputou a série A e já foi o 7º melhor clube do país. O clube, apesar dos problemas, tem potencial para chegar as fases eliminatórias da competição. E se tiver muita garra, pode almejar um acesso.
Grupo A4 – Clubes novatos e experientes em busca de um (re)começo
Paraense: Fundado em 2012, é o segundo clube de Marituba, cidade da Grande Belém. Tornou-se profissional em setembro de 2017, para disputar a segundinha. O seu executivo de futebol é Carlos Lisboa, pai do jogador Yago Pikachu, revelado pelo Paysandu e que está atualmente no Vasco. Sua estreia na segundinha não foi das melhores, ficando em 14º lugar. Em 2018, o clube chegou às semifinais, onde perdeu o acesso para o Tapajós. O destaque do clube é que ele aposta totalmente nos jovens talentos da região.
Sport Belém: É o “primo pobre” de Remo e Paysandu. Sua sede é em Belém, porém não têm tanta popularidade como os dois grandes. O Dragão da Maracangalha quase consegue o acesso em 2016 e 2017, quando parou nas semifinais. O clube de 53 anos está longe da elite desde 2012. Sua melhor fase foi nos anos 70, quando participou da Copa Norte (em 1971) e duas vezes na Série C (1971 e 1972) e quando quase foi campeão paraense em 1973. Animado pelas campanhas recentes, o clube tenta o seu segundo título da competição, já que foi campeão dela em 2008. Longe do seu melhor momento, quando chegou a ser considerado a quarta força do futebol paraense, o Rubro Negro tenta reconquistar o seu espaço na elite do Parazão.
Tiradentes: O clube tem sede em Belém, mas já teve algumas sedes pelo interior do estado, como Barcarena e Santa Bárbara do Pará. O Tigre tem 46 anos e busca o seu segundo título da competição, já que foi campeão em 2006. E tenta chegar à elite pela primeira vez*. Nos últimos anos faz campanhas ruins na segundinha, ficando sempre em entre 8º e 7º lugar, longe do acesso.
União Paraense: O clube fica “transitando” entre as cidades vizinhas Benevides e Marituba, na Grande Belém. O clube vai estrear na segundinha deste ano. O clube, apesar de filiado à FPF, na verdade é um grande projeto social que, há dois anos acolhe mais de 600 crianças e adolescentes carentes de todo o estado. A equipe já disputou diversas competições de base (sub-15, sub-17 e sub-20) e agora os meninos disputarão a segunda divisão estadual. Só pela missão que está cumprindo, o clube já é campeão. Se o acesso não vier, esperamos que esta participação do União Paraense mostre os novos talentos que há neste estado, e que estes talentos tenham oportunidades em clubes maiores.
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