Walter Casagrande Júnior já havia pendurado as chuteiras depois de defender o Lousano Paulista na Série A-3 do Campeonato Paulista de 1995. Aos 32 anos, depois de passagens por Corinthians, Caldense, São Paulo, Porto, Ascoli, Torino e Flamengo, havia chegado a hora de curtir a família.
Mas antes de parar de vez, Casão topou um último desafio: o futebol baiano.
Em 1995, o São Francisco conquistou o título da segunda divisão do Campeonato Baiano, que valeu à equipe uma vaga na elite do futebol do estado no ano seguinte. Para isso, o time de São Francisco do Conde, cidade na região metropolitana de Salvador, foi buscar Casão como reforço.
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“Eu não estava mais jogando quando fui procurado pelo clube, mas treinava forte diariamente porque gostava. O contato foi feito através de uma pessoa ligada ao prefeito da cidade”, contou o ex-jogador em entrevista ao site Bahia Notícias em 2016.
Antes da chegada do famoso atacante, o São Francisco teve um desempenho irregular no Baianão. Em 4 de fevereiro, perdeu em casa por 2 a 0 para a Catuense. Três dias depois, na segunda rodada, visitou o Jequié e perdeu de novo, agora por 1 a 0.
Na terceira rodada, no entanto, aprontou ao vencer o Bahia por 2 a 1. Depois, venceu o Conquista (1 a 0), empatou com o Jacuipense (1 a 1) e foi goleado pelo River (4 a 0).
Veio então a última rodada do primeiro turno, em 10 de março, e o São Francisco recebeu o Ypiranga no Estádio Junqueira Ayres. A partida terminou empatada em 1 a 1, mas ficou marcada justamente pela estreia de Casagrande. Foi dele o gol do time da casa no jogo, aproveitando um cruzamento pela esquerda e desviando de cabeça.
O São Francisco foi apenas o sexto colocado entre os sete times de seu grupo na primeira fase. O Vitória liderou.
No segundo turno, o São Francisco estreou em 24 de março de 1996 com uma derrota fora de casa por 1 a 0 para a Catuense. Aquele, de surpresa, acabou sendo o último jogo de Casagrande pelo clube – e em sua trajetória como profissional. Menos de um mês após a estreia, o atacante pediu para ir embora.
“Não houve atrito nenhum na minha saída. Eu estava morando sozinho em Salvador e a minha mulher estava em São Paulo com os meus três filhos e eles eram pequenos, então ela me pediu para voltar para ajudá-la e também porque eles estavam sentindo a minha falta. Eles [os dirigentes do São Francisco] sempre me trataram muito bem, nunca atrasaram os pagamentos e não tive nenhum problema de relacionamento com ninguém”, contou Casagrande.
No fim, o São Francisco foi apenas o quinto colocado de seu grupo na segunda fase do Campeonato Baiano de 1996. O Vitória, dominante mesmo diante de um regulamento confuso, acabou ficando com o título.
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