Olhe o currículo de Neto como jogador de futebol: entre 1984 e 1999, atuou por clubes como Corinthians, Guarani, Palmeiras, São Paulo, Santos, Atlético-MG e Araçatuba, além de ter defendido a Seleção Brasileira. Porém, por um breve período, o Xodó da Fiel teve sua única passagem pelo futebol carioca, justamente em um time que se destacava no cenário nacional: o Bangu.
Foi no segundo semestre de 1986, após a fraca campanha na Copa Libertadores da América. À frente do clube, o bicheiro Castor de Andrade resolveu renovar o elenco alvirrubro, contratando nomes como Neto e Mauro Galvão. Na época, o meia deixou o Guarani por empréstimo de três meses, mediante pagamento de 1 milhão de cruzados ao clube de Campinas.
No entanto, o time nem de longe lembrou o desempenho que o levou ao vice-campeonato da Taça de Ouro de 1985. Eliminado na segunda fase do torneio, o Bangu foi somente o 21º colocado dentre os 48 times da Copa Brasil, a competição nacional de 1986. Ironicamente, o Guarani foi o vice-campeão desta vez, perdendo o caneco para o São Paulo.
Ao longo da campanha, Neto atuou em 16 partidas. Venceu seis, empatou outras seis e perdeu quatro. Marcou apenas um gol, o segundo da vitória por 2 a 0 do Bangu sobre o Operário-MS, no Rio de Janeiro. O duelo no Estádio de Moça Bonita foi válido pela quinta rodada do Grupo A da primeira fase. Neto saiu do banco.
Apesar do desempenho discreto, Neto não queria voltar ao Guarani. O problema: o clube campineiro pedia 10 milhões de cruzados para vender o jogador, então com 20 anos, ao Bangu. “Quero ficar em Moça Bonita (…). Só que nenhum time do Brasil tem esse dinheiro”, disse o meia na ocasião, em entrevista à revista Placar.
O problema de Neto, mais do que o desempenho em campo, era o que fazia fora dele. Além de sofrer uma fratura no pé direito que o tirou da segunda fase do Campeonato Brasileiro, tinha fama de boêmio e de não cuidar da forma física – pesava 74 kg e tinha 1,75m de altura.
“O pior é carregar essa fama de boêmio (…). Vou uma vez a uma boate e logo dizem que sou frequentador assíduo”, dizia Neto, cujo namoro com Ana Helena, dois anos mais velha, viria a se converter em um casamento de dez anos antes de terminar em um turbulento divórcio. “Sou igual às pessoas de minha idade e de vez em quando vou mesmo a bares e boates (…). Não posso virar santo só porque sou atleta”, completou.
Quase 30 anos depois, porém, Neto admitiu que as farras fora de campo também tiveram, sim, papel fundamental em seu fraco desempenho no Rio. “Infelizmente, tinha uma boate dentro do hotel. O quê, meu irmão? Na boate, fiquei seis meses, mas jogando acho que foi uns três”, contou Neto, à ESPN Brasi.
Brigado com o Guarani por conta de diferenças burocráticas em seu empréstimo ao Bangu, Neto jogou pelo São Paulo em 1987. No ano seguinte, retornou pela primeira vez ao Brinco de Ouro – em 1995, voltaria ao clube. Neste intervalo, passou pela primeira vez pelo Corinthians, onde se tornou ídolo entre 1989 e 1993.
No fim, nem mesmo Neto parecia acreditar que permaneceria em Moça Bonita. “Pelo que mostrei, acho que não serei contratado (…). A verdade é que não estou dando sorte aqui”, analisou.
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