O atual presidente do Catuense, Roberto Pena, tinha 13 anos na última vez em que o time disputou a primeira divisão do Campeonato Baiano. Na época, certamente não fazia ideia de que seria ele o homem forte do clube quando a volta à elite baiana fosse conquistada – o que aconteceu no último domingo, na derrota por 1 a 0 para o Itabuna. Pode parecer um tanto quanto dramático, histórico, quase mitológico, mas o feito de Pena tem muitos ares de curiosidade. Afinal, o homem responsável pelo acesso do Catuense tem 19 anos.
Roberto Pena é estudante de educação física e jogou nas categorias de base do próprio Catuense, onde foi mascote aos 7 anos e atuou nas categorias de base dos 14 aos 17 anos. Em dezembro de 2012, ele recebeu a incumbência de assumir a presidência da equipe. Não chegou a ser uma surpresa, já que a equipe – fundada por seu avô em 1974 – já foi presidida por outros familiares nos últimos 39 anos.
“Meu avô (Antônio Pena) foi fundador do clube. Ele tinha uma empresa de ônibus, e os funcionários já jogavam o ‘baba’ (gíria para ‘pelada’ na Bahia). Aí ele foi e fundou o time profissional. Foi presidente uns dez anos. Depois foi meu tio, foi meu pai e minha mãe”, contou Betinho, como é chamado, por telefone.
Na eleição do fim de 2012, Betinho encabeçou a única chapa – e, obviamente, venceu sem sustos. O pleito ocorre mediante votação no conselho deliberativo do clube, e a indicação não chegou a surpreender totalmente o presidente – provavelmente o mais jovem do País. “Tem os conselheiros, mas são todos da família. Primo, tio. É um clube familiar”, descreve ele, que mora com os país na sede do clube, surpreso apenas com a indicação específica de seu nome ao cargo. “Assumi porque ela (mãe) estava querendo sair já. Foi surpreendente.”
Do elenco do Catuense que conquistou o acesso à primeira divisão da Bahia, dois jogadores conviveram com Betinho nas categorias de base do clube: o lateral esquerdo Danilo e o atacante Diego. “A gente tem mais amizade, até porque já conviveu. Ia sempre junto jogar”, contou o dirigente, que admitiu também a surpresa pelo acesso da equipe logo em seu primeiro ano na presidência – o mandato no Catuense é de dois anos.
“Rapaz, (o acesso) surpreendeu. Eu não esperava chegar onde a gente chegou. Foi uma coisa rápida”, admitiu. “Recebi o time (no fim do ano), formamos a equipe em um mês e vimos que tínhamos competitividade. Deu para a gente perceber então que dava para chegar ao acesso”, completou.
O acesso à elite do Campeonato Baiano veio com uma campanha sólida. Na primeira fase, o time foi vice-líder do equilibrado Grupo A, com 13 pontos em oito jogos – o Galícia, classificado como líder, e o Camaçari, eliminado com o terceiro lugar, terminaram com a mesma pontuação na chave. Nas semifinais, a equipe de Betinho venceu o Itabuna por 3 a 0 no jogo de ida, no Estádio Antônio Pena, e avançou mesmo com a derrota por 1 a 0 no jogo de volta, na casa do adversário. Assim, conquistou a vaga na primeira divisão e na final da segunda, contra o Galícia, que subiu ao vencer o Flamengo de Guanambi nas semifinais.
No segundo semestre, o Catuense disputará a Copa Governador do Estado, de forma a manter o elenco em forma para o Campeonato Baiano de 2014 e a buscar uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro do próximo ano. Aí, o jovem presidente irá analisar possíveis contratações e dispensas para que a equipe, vice-campeã baiana em 1983, 1986, 1987 e 2003.
“A gente já se inscreveu e vai manter a equipe. Vamos ter uma base já montada para o campeonato em janeiro”, analisou, ainda sem pensar oficialmente em concorrer à reeleição no fim de 2014. “Por enquanto, penso em ficar. Vamos ver se vai dar, o que vai dar o campeonato”, completou o jovem presidente.
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