Terminou neste domingo a primeira fase da Série C do Campeonato Carioca. Com 36 times em ação, a primeira fase colocou 12 equipes na segunda fase, mas também garantiu uma série de histórias. Algumas engraçadas, outras nem tanto.
O regulamento da Série C é simples: os 36 times foram divididos em seis grupos (A, B, C, D, E e F), com seis equipes cada. Após confrontos em ida e volta (cada equipe faz dez jogos), os dois primeiros de cada chave avançam. Com 12 clubes, a segunda fase é dividida em dois grupos (G e H), cada um com seis agremiações.
Nesta fase, os times disputam dois turnos. No primeiro, enfrentam os seis clubes do outro grupo; no segundo, encaram os cinco times de seu próprio grupo. O líder de cada grupo desta segunda fase sobe para a Série B, além de disputar as finais. São as duas das primeiras quatro vagas – as duas outras são disputadas em confrontos entre os segundo e terceiro colocados de cada grupo, sem cruzamento com a outra chave desta vez.
Explicado o regulamento, vamos aos classificados: Mangaratibense, Barcelona (Grupo A), Queimados, Villa Rio (Grupo B), São Gonçalo FC, São Gonçalo EC (Grupo C), Serrano, Duquecaxiense (Grupo D), Miguel Couto, Arraial do Cabo (Grupo E), São Pedro e União Central (Grupo F). Dentre os times mais conhecidos, as principais baixas na próxima fase são o Rubro (quarto colocado do Grupo A), o São Cristóvão (terceiro do Grupo C) e o Campo Grande (terceiro do Grupo E).
Na divisão prevista pelo regulamento, o Grupo G da segunda fase terá São Pedro, Villa Rio, São Gonçalo EC, Duquecaxiense, União Central e Barcelona, enquanto o Grupo H contará com Miguel Couto, Queimados, Arraial do Cabo, Mangaratibense, Serrano e São Gonçalo FC.
Estatisticamente, foi isto o que aconteceu na Série C do Campeonato Carioca. No entanto, a competição teve muito mais do que isso: falta de médicos, falta de árbitros, falta de uniformes, contratação de veteranos, rebelião de atletas… Não foram poucas as peculiaridades da competição até aqui. Confira abaixo uma lista de fatos marcantes da terceira divisão do futebol do Rio:
La Coruña: por falta de médico, jogo é cancelado no meio
O La Coruña recebeu o Campo Grande no Estádio Orlando Pedro Xavier, em Silva Jardim, pela segunda rodada do Grupo E. No início do jogo, Chileno abriu o placar para o time da casa. Tudo corria bem, até que o árbitro da partida, Lucas Estevão, suspendeu o cotejo aos 15min da etapa inicial, já que a ambulância do estádio não tinha médico.
Posteriormente, o árbitro explicou na súmula que só foi informado da ausência de profissionais médicos no decorrer do jogo. Estevão alegou que esperou a chegada de um profissional para assumir as funções, mas sem sucesso.
“Às 15h, iniciei a partida, e, aos 10min de jogo, fui informado pelo quarto árbitro, senhor Eduardo Brito de Souza, que não havia médico e enfermeiros identificados na ambulância. Sendo assim, interrompi imediatamente a partida e aguardamos por 45 minutos a chegada dos mesmos. Neste período, o médico responsável pela ambulância não compareceu. Informei aos capitães das equipes que a partida estava suspensa”, relatou o árbitro na súmula
Esprof x Barcelona: um veterinário no atendimento?
O Barcelona visitou o Esprof em Mesquita no dia 26 de maio, pela terceira rodada do Grupo A, e acabou derrotado por 1 a 0. O jogo começou com 20 minutos de atraso, já que os anfitriões não dispunham de um médico para prestar atendimento em campo. Conseguiu, mas provocou polêmica.
Derrotado, o Barcelona afirmou que o médico convocado para o jogo era, na verdade, um veterinário. O Esprof, que conquistava sua terceira vitória em três jogos, disse que os cariocas estavam tentando desestabilizar a boa campanha. Os presidentes dos dois clubes, porém, conversaram e entraram em um acordo – tudo um mal-entendido.
Campo Grande: ainda bem que venceu por WO
Quarta rodada do Grupo E, Nilópolis x Campo Grande. A partida, porém, nunca ocorreu: faltava um enfermeiro na ambulância (mais uma vez) providenciada pelo Nilópolis. Desta forma, o tradicional Campo Grande levou a melhor e venceu por 3 a 0 no Estádio Joaquim de Almeida Flores.
Mas poderia ter sido pior, já que os dois times só dispunham de uniformes brancos para a partida. A solução foi improvisar coletes verdes, numerados com fita adesiva, para diferenciar os times. No fim, o procedimento nem foi necessário.
Condor: Kombi desfalca equipe
Em 30 de junho, a delegação do Condor, de Queimados, tinha pela frente o Mangaratibense, em partida no Estádio José Maria de Brito Barros pela oitava rodada do Grupo A. Para superar os cerca de 75 km até Mangaratiba, o time se dividiu em uma van e uma Kombi.
No meio do caminho, porém, a Kombi quebrou e deixou metade dos jogadores pelo caminho. Ou seja: apenas os nove jogadores que foram de van chegaram para a partida. Aí, com dois jogadores a menos e sem reservas, o time não resistiu e perdeu por 2 a 0.
Itaboraí Profute: nem o árbitro foi ao jogo
O jogo era Itaboraí Profute x Rioestrense, em 30 de junho, válido pela oitava rodada do Grupo B. Enquanto o Itaboraí buscava pontos para deixar as últimas posições, o rival de Rio das Ostras tentava a vitória para se manter entre os líderes. Eram ingredientes de uma partida interessante – mas talvez não para o árbitro Marcelo Domingos de Souza.
Escalado para apitar a partida, Marcelo não deu as caras no Estádio de Los Larios, em Xerém. Coube então ao quarto árbitro, Fabrício de Carvalho Matos, assumir o apito do jogo. Sob sua batuta, o Riostrense venceu por 2 a 1.
Rio de Janeiro: goleiro jogando na linha
Rio de Janeiro e São Gonçalo FC se enfrentaram em Magé pela oitava rodada do Grupo C e ficaram o 1 a 1. Acontece que o técnico Mazinho tinha apenas 12 jogadores disponíveis para a partida, sendo dois goleiros: André e Anderson. O primeiro foi escalado como titular.
Mesmo com o sacrifício dos jogadores, o Rio de Janeiro não conseguiu terminar o jogo com o mesmo time que começou. Assim, no fim do jogo, Anderson saiu do banco para entrar no lugar do atacante Ramon, machucado.
Esgotado, o Rio não conseguiu segurar a vitória parcial de 1 a 0 que conquistava até o momento. Já nos acréscimos, os gonçalenses chegaram ao empate, graças à cobrança de falta de Vando. Não adiantou ter dois goleiros em campo.
São Gonçalo EC: AQUELE Roberto Brum está em ação
Você certamente se lembra do volante Roberto Brum, aquele volante com passagens por Fluminense, Coritiba e Santos, e que se destacava também com suas declarações pouco ortodoxas fora de campo. Pois bem: contratado pelo São Gonçalo EC para a disputa da terceira divisão do Rio em 2012, ele voltou ao clube em 2013 para a disputa da segunda fase da competição.
Aos 35 anos, o meio-campista tem contrato assinado até 31 de julho de 2014. Em 2012, durante sua primeira passagem pelo clube, chegou a assumir a função de técnico interino. Neste ano, quando parecia aposentado, assumiu o cargo de técnico do Itaboraí Profute na própria Série C do Campeonato Carioca, ao lado de outro nome conhecido da torcida do Fluminense: Marco Brito.
Heliópolis: falta de médico, WO e rebelião
O Heliópolis (17 pontos) receberia o União Central (19) no Estádio Joel Silveira, em Nova Iguaçu, em jogo pela nona rodada do Grupo F. Apesar dos salários atrasados, o time da casa contava com a promessa de receber os pagamentos. Assim, foram para o jogo buscando a vitória que daria a vaga à equipe na segunda fase. Mas…
Quando chegaram ao estádio, os jogadores do Heliópolis descobriram que o time não contava com um médico para a partida. Resultado: derrota por WO (3 a 0) e eliminação diante – a vaga ficou justamente com o União Central. Revoltados, os jogadores se rebelaram, rasgaram a bandeira do clube e pediram a rescisão contratual.
Segundo o presidente do clube, Gilvan Gorgonho de Medeiros, o clube só recebeu uma ambulância para a partida, sem médico e equipe de enfermagem. Não houve tempo para providenciar os profissionais a tempo.
(As informações foram colhidas no site FutRio, especializado na cobertura do futebol fluminense, e recomendadíssimo para quem quer se manter inteirado sobre as divisões de acesso do Rio.)
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