Se eu falasse para mim no ano passado que o Operário seria a sensação deste Campeonato Paranaense, ficaria desconfiado do meu eu futuro. O Fantasma parecia ter entrado em um processo de enfraquecimento que culminou em um quase rebaixamento, apenas evitado com o nada honroso título do Torneio da Morte de 2014. Era tudo parte de uma tendência que coincidia com o fim de uma parceria com um grupo de empresários e o crescimento de outras forças regionais como o Londrina e o Maringá, finalistas daquele ano.
Tão logo o susto passou, a diretoria do clube princesino tratou de se reestruturar e a pensar no time de 2015, resultando no inédito título paranaense do clube de 103 anos, o mais antigo no interior do Paraná e segundo do estado inteiro. O primeiro passo foi a acertada contratação, já em outubro, do técnico Itamar Schülle, de estilo rigoroso e bons resultados recentes com o Novo Hamburgo.
O objetivo era a vaga na Série D e o clube foi além disso. “Não vim aqui prometer nada, pois futebol não vive de promessa, vive de trabalho e seriedade”, disse o treinador em sua apresentação.
Depois disso, a diretoria montou uma equipe fruto de um bom garimpo, sem precisar investir em grandes medalhões. Aí vieram alguns dos destaques da equipe, como o goleiro Jonathan (autor de um gol sobre o Nacional), o lateral-direito Danilo Báia (o grande garçom da equipe) e os atacantes Juba e Douglas (o primeiro havia trabalho com o treinador no Noia, enquanto o segundo, ex-Grêmio, Criciúma e Juventude, nasceu em Ponta Grossa e virou o artilheiro da equipe).
O último dos reforços fundamentais da equipe veio do acaso. O Arapongas já tinha alguns jogadores contratados quando desistiu do campeonato. Um destes atletas era o meia Ruy, ex-base do Coritiba. Caiu como uma luva no time de Schülle, crescendo a partir da metade da competição.
Não era mais o Operário Ferroviário claudicante de 2014. Era o Fantasma assombrando seus adversários de volta, como nos velhos tempos, como na vez que quase chegou à elite do Brasileirão, em 1990. Um time bastante sólido na defesa, principalmente fora de casa e que mostrou-se letal no Germano Krüger, onde venceu os três grandes da capital. A chave do time são as estocadas pelo lado direito com Danilo Báia e as jogadas de bola parada com o próprio ala e também com Ruy.
Se veio para ficar, ainda não se sabe, mas alguns dos segredos (nem tão secretos) do Operário levam a crer que sim. O primeiro é a torcida apaixonada, sempre levando grandes públicos ao relativamente acanhado Germano Krüger, que recebe pouco mais de 8 mil torcedores. Não é fruto do momento, pois foi sempre assim desde os tempos que o time, após alguns anos licenciado, patinava nas tentativas de voltar à elite estadual. Outro segredo é algo que funcionou com times como a Chapecoense: o apoio dos empresários locais. A camisa do Operário tem 12 patrocínios, todos da cidade de Ponta Grossa, cidade de 340 mil habitantes, polo econômico e universitário dos Campos Gerais. É o que garante o dinheiro para as contratações e salários do Alvinegro.
A grande e surpreendente campanha pode ser o sinal para que o Fantasma assombre também no futebol nacional, quem sabe alcançando outros planos espirituais do futebol brasileiro, como a Série C. E tem gente que ainda não acredita em Fantasma.
*Com informações do Redação em Campo.
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