Um dos grandes fatos alternativo do ano recém-terminado foi a vitória de Samoa Americana, pior seleção do ranking da FIFA e eterno saco de pancadas da Oceania, sobre Tonga por 2 a 1. Além de ocupar a ingrata última colocação do ranking da FIFA, Samoa Americana ostenta um indesejável recorde: foi a seleção que sofreu a maior goleada em todos os tempos. Em 11 de abril de 2001, caiu por sonoros 31 a 0 para a Austrália.
Inspirado em Samoa Americana, que até então era conhecida apenas por seus talentosos lutadores de telecatch e não pelo seu futebol, resolvi pesquisar sobre os piores clubes do país na história, as campanhas, as curiosidades e os números que provavelmente darão inveja aos amigos samoanos.
Não tem como escrever um texto sobre os piores times do país sem citar o Íbis, o clube que adotou a ruindade com marketing, que adicionou a fama de ser o pior time do mundo em seu distintivo e vive disso.
Fundado em 15 de novembro de 1938, como um time da Tecelagem de Seda e Algodão de Pernambuco, a equipe formada apenas por funcionários da já citada empresa. O profissionalismo veio apenas na década de 50, quando um diretor da tecelagem chamado Onildo Campos inscreveu a equipe na federação pernambucana e mudou o nome para Íbis, ave sagrada no antigo Egito.
Nos anos 70, graças a nove derrotas consecutivas e uma sequência de 23 jogos sem vitórias, conquistou fama nacional. A fama de o pior time de mundo veio com uma brincadeira de uma torcida adversária, mas pegou.
O Íbis ficou três anos e 11 meses sem ganhar nenhuma partida, até hoje recorde absoluto no Brasil. Nesse período foram 55 partidas sem vencer um jogo sequer, sendo sete empates e 48 derrotas. O time ainda marcou 25 gols e sofreu 231. A quebra do tabu aconteceu somente em 1984, quando o pássaro preto venceu o Santo Amaro por 3×1.
Como curiosidade, fica o fato de o Íbis ter revelado Vavá, o peito de aço, bicampeão mundial nas Copas de 1958 e 1962, e um dos mais importantes atacantes que a Seleção Brasileira já teve. O Íbis ainda tem dois títulos em sua sala de troféus, o do Torneio Início do Campeonato Pernambucano dos anos de 1948 e 1950.
Outro que merece ser citado é o time do Seu Loló, o Cruzeiro de Rondônia. Seu Loló é presidente, treinador e médico do clube que fundou e ficou 30 partidas seguidas sem vitória. Faltavam seis meses para que o clube superasse o recorde do Íbis quando venceu o Pimentense por W.O. e pode comemorar três pontos na competição que disputava na época, a segunda divisão rondoniense.
O Monte Cristo, da cidade de Goiânia, até chegou a dar trabalho aos rivais de cidade como Atlético e Villa Nova durante a década de 80, mas ficou grande parte dos anos 90 inativo e só retornou para bater recordes na terceira divisão estadual, em 2oo1. Desde que voltou ao profissionalismo, o time venceu apenas três jogos: 3 a 2 sobre o Mutunópolis em 2009, 1 a 0 diante de Umuarama em 2010, em casa, e 2 a 1 contra o Aparecida, fora. A Águia ficou desde 2001 sem conquistar uma vitória, somando apenas um ponto nas Terceironas de 2004, 2005, 2006 e 2008. Em 2011, na terceira divisão, o ECMC perdeu todas as 10 partidas que disputou e foi lanterna com 30 gols sofridos e três feitos.
Para encerrar essa lista de ruindades futebolísticas, cito o Cáceres Esporte Clube, do Mato Grosso, e o Maga de Indaial, lanterna da terceirona catarinense.
Carinhosamente chamado de “Crocodilo do Pantanal”, o Cáceres alcançou marca de 13 derrotas em 13 jogos no ano passado. Foram apenas nove gols marcados contra 65 sofridos, com um saldo negativo de 56. Na reta decisiva do segundo turno do Campeonato Mato-Grossense, o Crocodilo do Pantanal levou 11 a 1 do Cuiabá, 9 a 1 do Crac, 14 a 0 do Sorriso e 7 a 1 do Operário, levando com sobras o título de pior time da temporada. Atualmente, porém, o clube está licenciado e não jogou a segunda divisão.
O Maga, por sua vez, disputa a terceirona de Santa Catarina e, em três anos de fundação, nunca ganhou ou empatou uma partida profissional. O presidente do clube, Lúcio Rodrigues, é também o treinador do time que tem um goleiro de 120 quilos e não possui reservas. Quando faltam atacantes, o goleiro (o mesmo de 120 quilos) vai pra linha e se aventura fora de posição.
Vale a pena ler a história do Maga no blog do amigo Bernardo Pombo, onde inclusive podemos ver a lista completa de jogos e derrotas do clube de Indaial.
Um dia, quem sabe, nos mais malucos sonhos alternativos, não conseguimos juntar todos estes clubes em um torneio para definir o pior clube do mundo. Por enquanto, são apenas números e recordes que nenhum torcedor apaixonado gosta de ver registrado na história de seu clube.
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