Você já conheceu aqui as histórias de Cléo, Luciano Emílio, Rafha Domingues, Márcio Máximo e de outros personagens que se tornaram conhecidos mundo afora – mesmo que, algumas vezes, eles não sejam conhecidos do grande público no Brasil.
O mundo do futebol está cheio de histórias assim. Por ser um país produtor e exportador de mão de obra esportiva (aquela história de “pé de obra”, sabe?), o Brasil nem sempre reconhece todos os seus jogadores que fazem sucesso lá fora. Alguns deles são artilheiros, vestem camisas de seleções pelo mundo, e nós muitas vezes não sabemos nem sequer o nome deles.
Por isso, o Última Divisão reuniu sete nomes que, ao longo de décadas, explodiram no futebol mundial – e que, em geral, os brasileiros desconhecem. É uma pequena homenagem a quem é ídolo lá fora, e desconhecido em casa.
1. Carlos Metidieri (Estados Unidos)
Nascido em 18 de dezembro de 1942, na cidade de Votorantim (SP), José Carlos Metidieri se mudou para o Canadá aos 16 anos. Depois de atuar pelo Toronto Italia Falcons entre 1965 e 1966, deixou o time para defender o Boston Rovers na recém-criada United Soccer Association – cuja história já foi contada aqui.
Em 1968, com a criação da North American Soccer League, o brasileiro se transferiu para o Los Angeles Wolves. De lá, foi para o Rochester Lancers em 1970. A partir daí, começou a viver a melhor fase de sua carreira: foi campeão em seu primeiro ano, e conquistou os prêmios de artilheiro e MVP de 1971.
Em 1973, graças às ótimas apresentações com o Rochester Lancers na NASL, Metidieri foi convocado para a seleção dos EUA, pela qual disputou três jogos. Antes de se aposentar, defendeu o Boston Minutemen (1974 a 1975) e jogou futebol indoor pela equipe do Buffalo Stalions (1979 a 1980).
2. Ricardo ‘Tuca’ Ferretti (México)
Conhecido no México como ‘Tuca’, Ricardo Ferretti é carioca e nasceu em 22 de fevereiro de 1954. Apesar de ter passado por Botafogo (1971 a 1975), Vasco da Gama (1975 a 1976) e Bonsucesso (1976 a 1977), foi no México que Ferretti conheceu o (tardio) sucesso a nível nacional.
Como jogador, ele atuou entre 1977 e 1991 por alguns dos principais clubes do país: Atlas (1977 a 1978), Pumas (1978 a 1985, 1987 a 1988 e 1990 a 1991), Deportivo Neza (1985 a 1986), Monterrey (1986 a 1987) e Toluca (1988 a 1990). Como treinador, ‘Tuca’ passou a figurar entre os principais nomes em atividade no país.
Depois da estreia pelo Pumas (1991 a 1996), passou para o Chivas, onde ficou entre 1996 e 2000. Ali, pela primeira vez, foi campeão nacional, levando o título do Torneio de Verão da temporada 1996/1997. Passou ainda por Tigres (2000 a 2003 e 2006), Toluca (2003 a 2004) e Morelia (2005). Em 2006, voltou ao Pumas, onde conquistou o Clausura de 2009. No ano seguinte, foi para o Tigres, onde faturou o Apertura – de quebra, foi eleito o melhor técnico do país, o que aumentou sua cotação para assumir a seleção mexicana.
3. Anderson Barbosa (Emirados Árabes Unidos)
O atacante Anderson de Carvalho Barbosa se tornou uma lenda em pouco tempo nos Emirados Árabes. Nascido em 1° de outubro de 1974, este brasiliense se aventurou sem muito sucesso por Criciúma (1994), Fluminense (1995), Gama (1995, 2001 a 2002 e 2003), Vila Nova (1998 a 1999) e Internacional (1999). Mas foi no rico futebol do Oriente Médio que ele conheceu a glória.
Contratado pelo Al Sharjah, o brasileiro foi artilheiro do campeonato local por quatro temporadas seguidas: 2004/2005, 2005/2006, 2006/2007 (esta, pelo Al Wasl) e 2007/2008. Curiosamente, Anderson só conseguiu ser campeão nacional na temporada 2006/2007, justamente quando defendia o Al Wasl.
O brasileiro deixou o futebol dos Emirados ao final da temporada 2008/2009, totalizando 160 gols – recorde absoluto da história do futebol do país. Em 2011, ele voltou para o Gama, pelo qual disputou a Série D do Campeonato Brasileiro. Não marcou gols.
4. Rafael (Finlândia)
Nascido em 1 de agosto de 1978, Rafael Pires Vieira virou o “Anjo Rafael” na Finlândia. Contratado em 1997 pelo HJK Helsinki, este catarinense de Criciúma se tornou um dos mais conhecidos jogadores da diminuta história do Campeonato Finlandês.
Explica-se: logo em seu primeiro ano, Rafael foi campeão da Copa da Finlândia e do Campeonato Finlandês com o time da capital– e, de quebra, conquistou a artilharia do segundo torneio com 11 gols. Desde então, peregrinou por FC Jazz (1998 e 1999) e pelo futebol de Holanda (Heerenveen, entre 2000 e 2002) e Turquia (Denizlispor, em 2003).
Apesar de duas outras passagens pelo HJK (1999 e 2000), Rafael voltou à Finlândia por outro time em 2004, o FJK. No ano seguinte, foi para o Lahti, onde ainda está, e voltou a se consagrar: foi artilheiro nacional em 2007 e ajudou o time a conquistar a Copa da Finlândia. Ganhou o apelido com base em uma famosa música local.
5. Douglas (Holanda)
O zagueiro Douglas Franco Teixeira, conhecido apenas como Douglas, nasceu em 12 de janeiro de 1988. Catarinense de Florianópolis, ele iniciou a carreira no Joinville, mas deixou o clube em 2007, aos 19 anos. De lá, foi para o emergente FC Twente, da Holanda.
Não demorou para que Douglas começasse a despertar o interesse de equipes maiores do futebol europeu – Juventus, Hamburgo, Wolfsburg, Ajax, Feyenoord e PSV Eindhoven foram alguns dos destinos especulados. O brasileiro, porém, descartou a possibilidade de deixar a equipe da pequena cidade de Enschede.
Logo, porém, vieram as recompensas. Com o Twente, Douglas conquistou o Campeonato Holandês de 2010 e a Copa da Holanda de 2011. De quebra, desistiu das chances de atuar pela Seleção Brasileira e solicitou a cidadania holandesa – o que conseguiu em 2 de novembro de 2011.
6. Camilo (Malta)
Camilo da Silva Sanvezzo nasceu em 21 de julho de 1988, em Presidente Prudente (SP), e defende o Vancouver Whitecaps na Major League Soccer. Porém, antes de chegar ao Canadá, Camilo se tornou artilheiro em um lugar bastante inóspito: Malta.
Revelado pelo Oeste Paulista em 2008, ano em que o time conquistou a Segunda Divisão do Campeonato Paulista, Camilo passou pelo Corinthians-AL em 2009, e de lá foi para Malta. Em 22 jogos pelo Qormi na temporada 2009/2010, o jovem paulista impressionou: fez 24 gols e garantiu a artilharia do campeonato.
O Qormi acabou com o terceiro lugar na temporada, e Camilo acabou se transferindo para o Gyeongnam, da Coreia do Sul. Sem repetir o sucesso maltês, tentou uma vaga no Vancouver Whitecaps em 2011. Conseguiu, e desde então tem se consolidado no elenco – a ponto de ter sido nomeado o melhor jogador do time no ano de estreia.
7. Renan Bressan (Bielorrússia)
Renan Bardini Bressan pode ser outro brasileiro a defender, em pouco tempo, uma seleção estrangeira. Nascido em 3 de novembro de 1988 na cidade de Tubarão (SC), este jovem meio-campista possui cidadania bielorrussa, e uma convocação já é cogitada a curto prazo.
Revelado pelo Atlético de Tubarão (antigo Cidade Azul), o camisa 10 se transferiu em abril de 2007 para a Bielorrússia, contratado pelo FC Gomel. Apesar de ter feito duas temporadas discretas, o brasileiro logo conseguiu um contrato com o BATE Borisov, clube que vivia (e vive) grande momento no futebol local.
O resultado logo apareceu. Bressan foi bicampeão nacional (2010 e 2011), sendo artilheiro nos dois anos. “Aqui já pedem minha convocação e acho difícil a disputa no meio de campo do Brasil”, disse o brasileiro em fevereiro. Desde 2010, ele já é considerado cidadão bielorrusso.
Comentários