Defender uma seleção é o ponto máximo na carreira de muitos jogadores de futebol. É o reconhecimento do trabalho, a possibilidade de representar um país e ainda a chance de mostrar potencial ao mundo. Poucos jogadores têm esse privilégio.
Em alguns casos, os filhos herdam dos pais o amor pelo futebol. Mas quão improvável é pai e filho serem convocados para seleções? Poucos têm esses privilégio também. Mas existem casos bastante conhecidos, como os goleiros Schmeichel, da Dinamarca. Podemos também citar Abedi Pelé e seus filhos André e Jordan Ayew, na seleção de Gana. Tem Javier Hernández (o pai) e Chicharito no México. Tem Pablo e Diego Forlán no Uruguai. Mas em todos estes casos, pai e filho jogaram pela mesma seleção.
Se com um filtro desse tamanho já encontramos poucos casos, imagine com um filtro ainda maior. Existem pais e filhos que representaram seleções DIFERENTES em suas carreiras? São poucos, mas vamos apresentar e explorar estes casos.
Mazinho e Thiago
Provavelmente é o caso mais conhecido e que passou pela cabeça de todos que leram o título do post. Mazinho foi tetracampeão do mundo com a Seleção Brasileira em 1994 e disputou 36 partidas com a amarelinha. Com duas Copas no currículo, Mazinho teve uma longa carreira no futebol europeu, e isso foi crucial para que seu filho tenha optado por não defender a Seleção Brasileira. Mas vamos com calma.
Thiago Alcântara, primeiro filho de Mazinho, nasceu na Itália, quando o pai atuava na equipe do Lecce. Mesmo com os pais brasileiros, Thiago morou desde cedo em solo europeu. Aos 5 anos foi para a Espanha com o pai, que havia se transferido para a equipe do Valencia, após passagem pelo Palmeiras. Lá, aumentou de vez a paixão pelo futebol, e fez todo o seu desenvolvimento juvenil na equipe do Barcelona.
Convocado desde cedo pelas seleções de base espanhola, Thiago sempre manteve sua postura quanto a qual seleção defender. Optou pela seleção espanhola também no profissional, e agora, aos 29 anos, é jogador indispensável da La Roja. Já foram 39 jogos pela seleção.
Mazinho sempre disse publicamente que preferia que seu filho optasse por defender o Brasil, país que ele representou. Por outro lado, seu filho mais novo, Rafinha, escolheu o Brasil e já possui algumas convocações no currículo.
Souleyman e Leroy Sané
Souleyman Sané foi um dos grandes jogadores da seleção de Senegal. Figura entre os maiores artilheiros da história do país, com 29 gols marcados em 55 partidas, e disputou algumas edições da Copa Africana de Nações pela bandeira de sua nação. Construiu sua carreira praticamente toda na Alemanha, passando por equipes de pequeno e médio porte da primeira e segunda divisão. Entre os maiores feitos da carreira estão a artilharia da Bundesliga 2 e do Campeonato Austríaco. Souleymane era conhecido por ser um jogador extremamente rápido, o que também é uma das características marcantes de seu filho, Leroy. Quando atuava no futebol alemão, Souleymane conheceu Regina Weber, com quem se casou e teve três filhos. Regina foi uma ginasta de muito sucesso, tendo inclusive conquistado um ouro olímpico em 1984, na olimpíada de Los Angeles.
Uma família de esportistas só poderia gerar filhos esportistas. Todos os três filhos do casal decidiram se aventurar no futebol. O mais velho, Kim, nascido na Áustria, era lateral direito e teve uma carreira frustrada, quase não jogando por equipes profissionais. Hoje, aos 25 anos, é aposentado. O mais novo, Sidi, hoje atua nas categorias de base do Schalke 04, seguindo o exemplo de seu irmão, Leroy, que certamente é o caso de maior sucesso na família até o momento.
Leroy Sané nasceu na Alemanha e desde muito cedo foi incentivado por seu pai. Fez sucesso em praticamente todas as categorias de base, e teve uma ascensão meteórica ao profissional. Em 2016, foi negociado com o Manchester City por 52 milhões de euros e viu a carreira decolar. Se firmando cada vez mais na seleção alemã, o jogador possui 22 partidas disputadas até o momento, com 5 gols marcados.
Nesta temporada, retornou à Alemanha, país natal, após ser negociado com o Bayern de Munique. O jogador de apenas 24 anos é uma das grandes esperanças da Alemanha para os próximos anos, e se firma cada vez mais como um dos grandes nomes do futebol europeu. Já o pai dele, Souleyman, atualmente é olheiro em uma agência alemã.
Roger e Romelu Lukaku
Assim como seu filho Romelu, Roger era centroavante. Com uma carreira discreta no futebol belga, o ex-jogador chegou a disputar duas edições da Copa Africana de Nações pela seleção de Zaire, hoje conhecida como República Democrática do Congo. Jogador considerado mediano, hoje vê seus dois filhos tendo passagem pela seleção da Bélgica, país onde morava quando ambos nasceram.
Vamos citar o de mais sucesso, Romelu Lukaku, que é considerado um dos grandes centroavantes do futebol europeu nos dias de hoje, e tem um valor estimado em 85 milhões de euros. Romelu é o maior artilheiro da história da seleção belga, com 52 gols, e é um dos grandes símbolos dessa nova geração que vem encantando o mundo. Jordan, o mais novo, também passou por todas as seleções de base da Bélgica, mas não obteve o mesmo sucesso, tendo apenas oito aparições pela seleção principal, sendo a última delas em 2018.
Ambos os filhos poderiam ter escolhido entre defender Congo ou a seleção belga, mas Roger incentivou desde o início a fazer a escolha pelos europeus. “Está fora de questão Romelu jogar por Congo. Já passei por isso (defender uma seleção africana) e sei como é: passagens e prêmios que nunca são pagos, sem contar as ofensas que recebemos apenas por estarmos fora do país. Vivi tudo isso nos anos 90 e não quero que meu filho passe pelo mesmo”, disse Roger em entrevista no ano de 2014.
Enquanto Romelu caminha para se tornar o maior atacante da história do seu país, Roger chegou a enfrentar inclusive a prisão por violência doméstica, há alguns anos. Neste caso, o filho fez um sucesso imensamente maior que o pai.
Mike e Divock Origi
Em um caso parecido com o de Roger Lukaku, Mike Origi construiu praticamente toda a sua carreira na Bélgica. Mas diferente do último caso, o pai de Divock é considerado um dos grandes jogadores da história da seleção de Quênia. Foram 120 partidas disputadas e 28 gols marcados. Participou também de três edições da Copa Africana de Nações. Era um atacante muito rápido e ágil, assim como o filho, Divock Origi, que defende a seleção belga.
Mas os dois não são os únicos futebolistas da família. Mike teve três irmãos jogadores profissionais, e um deles, Austin, chegou inclusive a ser capitão da seleção. Além dos irmãos, tem o sobrinho Arnold, que é goleiro e atuou por 33 partidas pela seleção de Quênia. Divock foi o único da família que optou por defender outra bandeira.
Nascido na Bélgica, quando seu pai ainda atuava por lá, Divock foi tratado desde o início de sua carreira como grande promessa e defendeu as seleções de base da Bélgica desde o sub-15. Construiu boa parte da sua base na França, onde foi revelado pelo Lille e logo negociado com o Liverpool.
Divock talvez não tenha se tornado tudo o que se esperava na carreira, pois era tratado como uma das principais promessas belgas no início dos anos 2010, mas vem tendo uma carreira sólida até o momento. Pela seleção belga, já foram 33 jogos disputados e três gols marcados. O gol marcado na Copa do Mundo do Brasil, em 2014, na vitória de 1-0 sobre a Rússia, foi seu momento de maior destaque pela seleção.
Já no Liverpool, Origi se tornou multicampeão, mesmo com poucos minutos em campo. Com certeza o melhor momento da carreira dele, até o momento, foi o gol marcado na final da Liga dos Campeões, na vitória sobre o Tottenham.
Jürgen e Jonathan Klinsmann
Jürgen Klinsmann foi simplesmente um dos maiores jogadores da história do futebol alemão. Campeão do mundo em 1990 e da Euro em 1996, possui mais de 100 partidas disputadas pela seleção, com 48 gols marcados. Foi capitão da seleção em diversas oportunidades, inclusive no título da Eurocopa. Além da carreira como jogador, ainda possui uma carreira de relativo sucesso como treinador, tendo treinado a seleção alemã na Copa do Mundo de 2006, conquistando o terceiro lugar, e a seleção dos Estados Unidos na Copa de 2010.
Já o filho dele, Jonathan, é ainda um desconhecido no futebol. Nascido na Alemanha, o jovem possui também nacionalidade norte-americana, por causa da mãe, a modelo Debbie Chin. E foi esta seleção que ele optou por defender desde as categorias de base.
Klinsmann filho tentou a carreira no futebol como goleiro e chegou a passar pela base do Bayern, mas retornou aos Estados Unidos para a continuidade do sonho. Com passagens pelo Hertha Berlim e St Gallen, da Suíça, foi contratado na atual temporada pela equipe do LA Galaxy. A única convocação dele para a seleção principal até o momento ocorreu no ano passado, mas não chegou a entrar em campo. Com apenas 23 anos de idade, a expectativa é que ganhe mais minutos e se firme no futebol dos Estados Unidos, futuramente recebendo novas convocações.
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