Baresi bateu, mandou por cima. Márcio Santos bateu, Pagliuca defendeu. Albertini converteu, assim como Romário – no chute do camisa 11, a bola tocou na trave antes de entrar, desesperando o goleiro italiano. Evani fez 2 a 1, Branco empatou. Massaro chutou e Taffarel caiu para o lado esquerdo, defendendo. Dunga converteu e Roberto Baggio mandou por cima. Sob o sol forte da Califórnia, o Brasil era campeão da Copa do Mundo de 1994, vencendo a Itália nos pênaltis por 3 a 2. Dia 17 de julho daquele ano.
Por ter decidido a Copa do Mundo, o pênalti de Roberto Baggio é o lance mais lembrado daquela disputa. Mas é preciso lembrar: das cinco cobranças, a Itália converteu apenas duas, mandando duas para fora. Taffarel, um dos grandes nomes da Seleção Brasileira naquele Mundial (e talvez o melhor goleiro que este blogueiro tenha visto jogar), defendeu apenas uma cobrança, a de Daniel Massaro. Por que este lance não é tão lembrado como deveria ser?
Massaro é um caso bastante curioso nas Copas do Mundo, um daqueles pontos fora da curva. Nascido em 23 de maio de 1961, na cidade de Monza, Daniele Emilio Massaro começou sua carreira no futebol atuando pelo AC Monza, onde atuou entre 1978 e 1981. De lá, o então meia rumou para a Fiorentina, onde rapidamente ganhou espaço – com apenas dez dias, foi convocado para a seleção Sub-21 da Itália.
Em 1982, Massaro ganhou as primeiras oportunidades na seleção principal, ganhando inclusive a chance de disputar a Copa do Mundo daquele ano, vencida pela própria Itália – o técnico Enzo Bearzot, no entanto, não utilizou o camisa 17 em nenhum momento.
No clube de Florença, a situação também não deixava a desejar. Mesmo sem marcar muitos gols, era um dos destaques do time que ficou com o vice-campeonato da temporada 1981/1982, perdendo o título por um ponto para a Juventus (46 a 45). O time ainda foi terceiro na temporada 1983/1984 e quarto na temporada 1985/1986, antes de Massaro ser negociado com o Milan no meio de 1986.
Curiosamente, Massaro perdeu espaço com Enzo Bearzot, técnico da Itália, e ficou de fora da Copa do Mundo de 1986. O mesmo aconteceu em 1990, quando a equipe era comandada por Azeglio Vicini. No Milan, conquistou o Campeonato Italiano da temporada 1987/1988, mas não caiu nas graças do técnico Arrigo Sacchi e acabou emprestado à Roma. Ali, ficou por uma temporada, disputando 30 jogos e marcando cinco gols.
Quando retornou ao Milan em 1989, ganhou mais chances com o técnico Fabio Capello, especialmente diante das lesões de Marco van Basten. A partir daí, começou tardiamente a crescer na carreira, coroando esta evolução com os dois gols na final da Liga dos Campeões da Europa da temporada 1993/1994, na qual o Milan venceu o Barcelona por 4 a 0.
Os dois títulos europeus e quatro títulos italianos não só selaram a valorização de Massaro, como ainda recolocaram ele no radar da seleção italiana. Sem convocações desde 1986, Massaro entrou na lista da Itália para a Copa de 1994, comandada pelo técnico Arrigo Sacchi – aquele mesmo que o preteriu no Milan anos antes. Durante o Mundial, ainda que reserva, virou uma espécie de 12º jogador de Sacchi, que tirou o camisa 19 do banco nos três jogos da primeira fase. Contra o México, fez o gol italiano no empate por 1 a 1.
Promovido a titular no mata-mata, ficou fora nas semifinais diante da Bulgária, retornando na final. Com a bola rolando, teve seu melhor momento em uma falha de Mauro Silva, mas chutou em cima de Taffarel. Pior: ainda perdeu um dos pênaltis na decisão que deu o tetracampeonato ao Brasil.
Aí, de volta à Itália, perdeu espaço e disputou apenas mais uma temporada com o Milan, na qual foi vice-campeão da Liga dos Campeões da Europa – na final, o time italiano perdeu para o Ajax por 1 a 0.
Em 1995, trocou a Itália pelo Japão, reforçando o Shimizu S-Pulse, disputando 25 jogos e marcando 11 gols até 1996, quando se aposentou. Aí, passou a se divertir: além de jogar beach soccer pela seleção italiana, joga golfe. Com ex-companheiros, por exemplo, ele disputou o Milan Golf Tour, no qual ex-jogadores da equipe italiana mostram seu talento com as tacadas para arrecadar dinheiro em favor de causas beneficentes.
“O golfe é uma grande paixão, que eu descobri há muitos anos com a velha guarda do Milan – incluindo Tassoti, Van Basten, Donadoni, Marco Simone e outros. Começamos a dar as primeiras tacadas nos descansos, e muitos de nós continuamos”, contou ele em entrevista ao jornal Tuttosport, no qual admite ficar atrás do handicap dos amigos Donadoni e Van Basten. “Eu me contento em jogar nos finais de semana ou nos feriados. Independente da competição, eu fico contente por passar algum tempo ao ar livre.”
Além de se divertir com os amigos que jogam golfe, Massaro também tem um emprego “sério”, atuando como relações públicas do Milan. “Gosto muito de viajar, e, felizmente, tenho muitas oportunidades de fazê-lo pelo Milan, para apresentar (o clube) a jovens no Canadá, na Austrália, na China, nos Estados Unidos, em todos os cantos do mundo”, comentou Massaro, que pensa em aproveitar as férias para pescar em Cuba com os amigos.
Ah, mas o mais importante fica para o final! Tendo nascido em Monza, palco do Grande Prêmio da Itália de Fórmula 1, Massaro é um apaixonado por motores. “Quando parei de jogar futebol, passei a me reunir com a Opel”, contou ele. “Ganhei dois ralis na Itália, participei do Ferrari Challenge, do Super Car Porsche e da Fórmula 3000 antes de retornar para o Rali de Monza”, completou o italiano, que participou de duas etapas do Mundial de Rali em 1998 e 1999.
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