Tem Flamengo no Piauí, Corinthians no Rio Grande do Norte, Santos no Amapá e Vasco da Gama no Acre. Mas você já se perguntou por que existe um Coritiba no Sergipe?
Se sim, nós temos a resposta.
A “culpa”, como não poderia deixar de ser, é de um time do Coxa que impressionou fora de seus domínios. Ou seja, pelo mesmo motivo que resultou na criação de Flamengos e Vascos pelo Brasil, embora sem o alcance de rádios e televisões cariocas do início do século XX.
A origem do Coritiba sergipano remonta a 1971. Em 24 de outubro daquele ano, o Coritiba – o paranaense mesmo – foi ao Sergipe para disputar um amistoso contra o Itabaiana (SE). Naquele ano, o Coxa conquistou o primeiro de uma série de seis títulos paranaenses consecutivos (1971 a 1976), o terceiro em quatro anos (1968, 1969 e 1971) e exibira o futebol que dominou o Paraná na década de 70 – foram 10 títulos estaduais entre 1968 e 1979.
É claro que o jogo no antigo Estádio Presidente Médici (que desde 2016 é chamado Estádio Etelvino Mendonça) terminou com vitória folgada do Coritiba: 4 a 0. A apresentação impressionou a população de Itabaiana, mas um personagem em especial: José Wilson da Cunha, o Gia.
“Fiquei impressionado com o uniforme e as cores do time paranaense. Gostei especialmente do desempenho de dois atletas, o Tião Abatiá e o Paquito, que jogaram muita bola naquele dia”, contou Gia.
Inspirado por aquele time do Coritiba, que conquistou a Fita Azul em 1972, Gia decidiu fundar um novo time de futebol em Itabaiana. Assim, em 14 de setembro de 1972, surgia o Coritiba Football Club, homônimo do time paranaense.
Os resultados, porém, jamais colocaram o Coritiba de Itabaiana em uma situação semelhante à do primo rico de Curitiba. O time chegou a disputar a primeira divisão do Campeonato Sergipano entre 1999 e 2003, conquistando o terceiro lugar em 1999. No entanto, desde o rebaixamento, virou um time bastante irregular entre a primeira e a segunda divisões do Sergipe.
O mais recente bom momento do Coxa sergipano veio em 2013. Em outubro daquele ano, Gia – ainda presidente do clube – visitou o Coritiba no Paraná em busca de uma parceria.
“Foi uma visita muito legal e uma conversa muito produtiva. Todo mundo lá me tratou muito bem. Fui lá ver o que eles podem fazer pelo Coritiba aqui de Sergipe. Qual tipo de parceria a gente pode estabelecer. Eles têm uma estrutura fantástica de trabalho e pode nos ajudar em muitos aspectos, até com intercâmbio de jogadores jovens. Fiquei animado com esta conversa, mas para isso tudo acontecer o Coritiba tem que subir para a primeira divisão do Campeonato Sergipano no ano que vem”, disse, na época.
Em campo, o acesso na Série A2 do Campeonato Sergipano veio – mas não a parceria. No ano seguinte, o clube foi o sétimo colocado (dentre dez times) da primeira divisão. Em 2015, porém, foi rebaixado de volta à segunda divisão local.
O tamanho do Coritiba de 1971
Mas, afinal, qual é a importância do Coritiba que conquistou a Fita Azul na década de 1970? O time era bom mesmo ou era apenas um desses lampejos que impressionam e marcam a memória dos saudosistas?
Para responder, o Última Divisão procurou Rodrigo Salvador, responsável pelo Quinta Coluna, o blog do Coritiba na plataforma ESPN FC. A resposta, você confere abaixo:
O Coritiba tem quatro excursões registradas na sua história: 1969, 1970, 1972 e 1983. Foi na terceira que o Coxa recebeu, após quatro vitórias e dois empates, a honraria da Fita Azul. Não é um título, por não se tratar de um campeonato. Não aumentou a galeria de troféus. Mas foi um dos símbolos de uma década gloriosa do clube.
Em 1968, o Coritiba foi campeão paranaense. E também no ano seguinte. E também em oito dos dez anos seguintes (ou seja, o hexacampeão ficou a um título de ser eneacampeão e a dois de ser dodecacampeão). A década de 70 também marcou o título do Torneio do Povo (contra Corinthians, Flamengo, Atlético-MG, Internacional e Bahia), um terceiro lugar no Brasileiro, além de vitórias contra as seleções de França, Paraguai e Marrocos.
Esta última, aliás, foi a partida que fechou a série da Fita Azul. Antes de vencer os marroquinos em Casablanca, o Coxa jogou na Turquia (contra a seleção nacional, o Fenerbahçe e a Portuguesa) e na Argélia (contra Moulodia e WRS). Um detalhe curioso é que um diretor do Coxa à época entrou no final de uma das partidas. Intencionalmente ou não, era um torcedor ali em campo, de modo que o coxa-branca pode se sentir representado detro de campo nessa conquista.
A Fita Azul foi concedida ao Coxa no mesmo ano de um estadual e de um quinto lugar nacional. Podem tentar subestimar a importância dessa marca. Mas não por acaso é citado no hino da torcida. E toda honraria ainda não faria jus ao que Celio, Hermes, Pescuma, Cláudio, Nilo, Hidalgo, Dreyer, Leocádio, Hélio Pires, Tião Abatiá, Zé Roberto, Jairo, Levir, Marinho, Fito, Toni e principalmente Kruger representaram na história do Coxa.
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