A temporada 2020 do futebol brasileiro acaba só neste domingo (7) com a decisão da Copa do Brasil, mas o Ranking Nacional de Clubes para o ano de 2021 já foi oficialmente anunciado pela CBF. E enquanto muita gente analisa os primeiros colocados — a saber, Flamengo, Palmeiras, Grêmio e Inter —, aqui no Última Divisão a gente inverte as coisas e confere quem são os últimos colocados do ranking.
Antes, vale explicar como funciona o Ranking da CBF: ele compila os resultados de todos os times que participaram de alguma divisão nacional (Série A, B, C e D) ou da Copa do Brasil nas últimas cinco temporadas (no caso, entre 2016 a 2020). Quanto mais longe o clube chegar nessas competições, mais pontos ele ganha.
A pontuação mínima é de 25 pontos para times que disputaram apenas a primeira fase da Copa do Brasil de 2016, que é o caso dos 7 clubes que serão listados a seguir. Por isso, é errado dizer que estes são os piores clube do Brasil, já que há milhares de outros clubes que sequer conseguiram chegar a um torneio nacional nas últimas cinco temporadas.
Mas você deve estar se perguntando: afinal, qual é a utilidade do Ranking Nacional de Clubes da CBF? A principal delas é a de servir de base para o Ranking de Federações da CBF, que define a quantidade de clubes que cada estado tem direito na Série D e na Copa do Brasil. Além disso, o Ranking de Clubes também é usado para preencher as vagas da CBF na Copa do Brasil.
Dito isso, vamos aos piores clubes do Ranking de 2021:
Brasília (DF)
O Colorado de Brasília é um dos times mais tradicionais da capital federal. Fundado em 1975, o time desde o começo teve o apoio da Associação Comercial do DF. Assim, conquistou 8 campeonatos candangos entre 1976 a 1987 e se tornou dominante nos primeiros anos do futebol brasiliense. Mas depois disso, as coisas ficaram turbulentas.
No final dos anos 90, com a lei Pelé, o Brasília se tornou um dos primeiros clube-empresa do País. O departamento de futebol foi comprado por um grupo de empresários, que tiveram a péssima ideia de trocar as cores para verde, amarelo e azul. Nos anos seguintes o clube acumulou uma série de dívidas e chegou a cair para a terceira divisão brasiliense. Na década de 2000, ele se licenciou do futebol, até que em 2007 começou uma retomada, subindo da terceira para a segunda divisão naquele ano e da segunda para a primeira divisão em 2008.
O grande momento do Brasília foi em 2014, ao conquistar o título da primeira Copa Verde, vencido nos pênaltis sobre o Paysandu. O Papão depois alegou irregularidades na escalação de quatro jogadores do Colorado, e a denúncia foi aceita pelo STJD. Mas após apelação, o tribunal decidiu por manter o título nas mãos do Brasília, que conquistou ainda o direito de disputar a Copa Sul-Americana de 2015.
Na Copa Sul-Americana, aliás, o Brasília operou uma zebraça já na estreia ao eliminar o Goiás dentro do Serra Dourada. Nas oitavas de final, acabou pegando o Athletico, e perdeu por apenas 1 a 0 na Arena da Baixada e foi eliminado.
Ainda em 2015, chegou-se a especular que o Brasília seria comprado por investidores árabes, que transformariam o time numa espécie de PSG brasileiro. Falava-se até em disputar a Série A. Depois, o presidente voltou atrás e disse que seriam apenas empresários, sem dar mais detalhes.
O fato é que o Brasília não virou o PSG brasileiro e está desde 2018 disputando a segunda divisão do Candangão, e portanto distante das grandes competições nacionais.
Estanciano (SE)
Um dos maiores times do interior sergipano, o Estanciano viveu muitos altos e baixos ao longo de seus 64 anos de história e só conseguiu grandes feitos a partir de 2011.
Seu grande momento recente foi em 2015, quando foi vice-campeão estadual, perdendo a final para o Confiança. Mas por conta desse resultado, o time da cidade de Estância pela primeira vez jogou Copa do Brasil, Copa do Nordeste e Série D. Mas depois disso, o Estanciano nunca mais conseguiu chegar tão longe. Pelo contrário, acabou caindo para a segunda divisão em 2017 e ainda não conseguiu retornar à elite sergipana.
Para piorar a má fase, em 2018 houve um escândalo de manipulação de resultados envolvendo o time na Copa São Paulo. O técnico e um jogador denunciaram a proposta feita por um empresário ligado a um site de apostas da China. O técnico, que alega que não participou do esquema, acabou deixando o time antes do segundo jogo. Já o presidente do clube, que foi gravado em áudio levando adiante a manipulação, acabou se afastando do cargo.
Ivinhema (MS)
Com apenas 15 anos de fundação, o clube de Ivinhema já tem no currículo um título do campeonato sul-mato-grossense de 2008 e dois vices estaduais. Dessa forma, participou de três Copas do Brasil, mas sempre foi eliminado na primeira fase (2009, 2010 e 2016).
Mas em 2017 começaram os problemas. Sem apoio da prefeitura, o Azulão do Vale ficou perto de desistir de disputar o estadual. Alguns dias depois, a diretoria conseguiu reverter a questão financeira, mas a situação já era crítica e o clube foi rebaixado pela primeira vez em sua curta história. Desde então o Ivinhema está licenciado de competições profissionais.
Um alento para os torcedores do Azulão foi que um dos principais jogadores do título de 2008 teve a oportunidade de vestir a camisa da seleção brasileira: em 2018, o lateral Ismaily, que está desde 2013 no Shakhtar Donetsk, foi convocado por Tite para disputar dois amistosos contra Alemanha e Rússia, substituindo Alex Sandro cortado. Foi a primeira vez que um ex-jogador do Ivinhema conseguiu esse feito.
Lajeadense (RS)
Clube que completa 110 anos em 2021, o Lajeadense sempre figurou mais na segunda divisão de gaúcha do que na elite. Mas nos anos 2000, as coisas pioraram de vez e o clube chegou até a fechar as portas por alguns anos. Apenas em 2011, justamente no ano do centenário, o time deu a volta por cima: iniciou a construção do novo estádio Alviazul, voltou à elite estadual e passou a ganhar títulos.
Já em 2013, veio uma histórica segunda colocação na classificação geral do Gauchão, garantindo uma vaga para a Série D e para a Copa do Brasil no ano seguinte. Em 2014, comandado por Luiz Carlos Winck, o Lajeadense conquistou a Tríplice Coroa Estadual, vencendo a Copa FGF, a Copa Sul-Fronteira e a Super Copa Gaúcha (que garantiu a vaga para a Série D).
Em 2015, mais um título: a Recopa Gaúcha, em cima do Internacional nos pênaltis. E na Série D, o time fez um campanha histórica e chegou até às quartas de final, ficando muito perto do acesso para a Série C. Mas acabou eliminado pelo River-PI.
Aquele foi o último suspiro do Lajeadense. Em 2016, o time foi rebaixado no Gauchão e desde então tem sofrido para retornar à primeira divisão. E a situação está tão complicada que, durante a quarentena, torcedores se organizaram para vender hot-dogs e usar o dinheiro para pagar a conta de luz do estádio.
Resende (RJ)
Outro clube centenário da nossa lista, o Resende viveu boa parte de sua história como um clube amador da cidade. Apenas nos anos 2000 começou a sua ascensão meteórica no futebol profissional, saindo da terceira divisão carioca em 2006 e chegando à elite estadual em 2008.
E no Cariocão, o Lobo-Guará vez ou outra apronta das suas: em 2009 chegou à final da Taça Guanabara, mas acabou sendo derrotado pelo Botafogo; e em 2016 foi vice da Taça Rio (que naquela edição tinha um regulamento esdrúxulo, para variar, e por isso a Taça Rio foi apenas um torneio paralelo com times de meio de tabela, que não dava vaga para a fase final do Carioca). Fora isso, o Resende ainda é bicampeão da Copa Rio (2014 e 2015).
Porém, no cenário nacional, o Gigante do Vale nunca chegou muito longe. O máximo foi uma oitavas de final da Série D de 2013. Na Copa do Brasil, não foi além da segunda fase, em 2013.
Mas a expectativa é que as coisas melhorem no futuro. Em 2019, o Resende firmou uma parceria com o Olympique de Lyon para auxiliar na formação de novos atletas e na gestão do clube. Para celebrar, o Resende até trocou seu logo e seu modelo de uniforme para ficar parecido com o clube francês.
Agora resta ao Resende fazer bonito no Cariocão para conseguir voltar aos campeonatos nacionais. E para isso o time deve contar com os gols do eterno artilheiro Nunes (ex-Vasco e que estava no Gama), contratado para esta temporada.
Rio Branco (ES)
Esse Rio Branco é aquele mesmo, maior campeão capixaba com 37 títulos, que disputou a Série A do Brasileiro durante anos até 1987, e com 107 anos de tradição no futebol. Mas que nos últimos anos conviveu com períodos de altos e baixos.
De 2005 para cá, o Capa Preta jogou três vezes a segunda divisão estadual (2005, 2014 e 2018) e nos três casos o time subiu logo em seguida. Nesse meio tempo, o time conquistou dois títulos estaduais (2010 e 2015) e dois vices (2009 e 2020) na elite.
E foi justamente o título de 2015 que colocou o Rio Branco no Ranking da CBF, já que garantiu uma vaga na Série D daquele ano e na Copa do Brasil de 2016. Na última divisão nacional, o time foi até as oitavas de final e acabou eliminado pela Caldense. Já na Copa do Brasil, o Rio Branco não passou da primeira fase, caindo diante do Santa Cruz-PE.
Agora em 2021, com o cancelamento da Copa Espírito Santo 2020 devido à pandemia, o Rio Branco estará de volta à Série D e à Copa do Brasil, juntamente com o outro Rio Branco, de Venda Nova, que se sagrou campeão estadual no ano passado.
Com o calendário cheio, o time se reforçou: trouxe o atacante Matheus Bidick do rival Desportiva Ferroviária e o goleiro Gott, que tem 2,04 m e é considerado um dos maiores goleiros do Brasil (em altura, no caso).
Parauapebas (PA)
Carinhosamente chamado de Pebas, o time tem uma história curta no futebol: fundado em 1989, se profissionalizou apenas em 2009 e desde então virou figurinha carimbada no campeonato paraense.
Seu melhor momento foi em 2015, quando terminou na terceira colocação. Com isso, conquistou uma vaga para a Copa do Brasil de 2016 (sua única participação até hoje). Caiu na primeira fase após sofrer uma goleada de 6 a 0 do Londrina (7 a 0 no agregado).
Naquele mesmo ano de 2016, veio o primeiro tombo, quando teve a pior campanha do estadual e acabou caindo para a segunda divisão. Mas já em 2017, o Pebas conquistou o acesso: com um elenco que tinha Monga e Bilau (o próprio), o time chegou à final, mas acabou perdendo o título nos pênaltis para o Bragantino.
De volta à elite em 2018, o Pebas até se reforçou com Augusto Recife e Ricardo Capanema, ambos dispensados pelo Paysandu. Mas o time foi muito mal no campeonato, só conseguiu 1 vitória em 10 jogos, e ainda protagonizou um momento curioso: foi a campo nas rodadas finais com um técnico emprestado pelo Macapá. A jogada não surtiu o efeito esperado, e o Pebas caiu para a segunda divisão mais uma vez, onde está até hoje.
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