2013 foi um ano mágico para a equipe do Swansea City. Naquela temporada, a equipe do País de Gales completava o centenário, estava há dois anos na primeira divisão inglesa e certamente vivia um dos melhores momentos na história. Com isso, a coroação chegou: o título da Copa da Liga Inglesa. Era algo extremamente improvável para uma equipe que nunca havia conquistado um título do alto escalão inglês. Não havia chegado ao menos em uma final, em 100 anos de história.
Foi uma competição mágica para a equipe galesa. Parecia uma história de filme, roteirizada para terminar da melhor maneira possível. Após eliminar Barnsley e Crawley Town nas primeiras rodadas, chegou a hora de enfrentar o Liverpool, de craques como Luís Suarez e Steven Gerrard. Uma vitória por 3 a 1 sobre os Reds colocou a equipe nas quartas-de-final. Após eliminar o Middlesbrough, enfrentou o poderoso Chelsea nas semifinais. A equipe londrina havia sido campeã da Champions League na temporada anterior e contava com diversos nomes de peso, como Eden Hazard. Após uma improvável vitória por 2 a 0 em Stamford Bridge, o Swansea segurou o placar na partida de volta e se classificou para a final da competição, em um feito histórico.
Na final, enfrentaram os azarões. Bradford City disputava a quarta divisão inglesa. Foi inclusive a primeira equipe da quarta divisão a chegar em uma final de uma competição da elite inglesa desde os anos 60. O cenário estava perfeito para o Swansea conquistar a maior glória de sua história. E foi o que aconteceu.
Com uma vitória fácil por 5 a 0, a equipe se tornou o primeiro time de um país não-inglês a conquistar o título da Copa da Liga Inglesa. De quebra, garantiu a classificação histórica do clube à Europa League. Mas por onde estão os heróis do título nos dias de hoje?
Michu
- Impossível não começar a lista citando o Michu, principal jogador da equipe na temporada e sensação do futebol inglês. Contratado no início da temporada pela equipe galesa e sem muitos holofotes, Michu acabou se tornando um dos principais artilheiros da Premier League, com 18 gols marcados. Além disso, marcou gols importantíssimos na competição, no confronto contra o Chelsea na semifinal, e na final contra o Bradford. O encantamento era tanto que chegou a ser convocado para a seleção espanhola em 2013.
Mas, assim como a sua ascensão foi rápida, a queda foi brusca e cruel com o jogador. Após o título, renovou seu contrato por 4 anos com o Swansea, e abriu os olhos da Europa. Chegou a ser especulado em grandes clubes ingleses, como Arsenal e Tottenham. Preferiu continuar no Swansea e tudo começou a desmoronar.
Na temporada 2013/2014, Michu fez apenas dois gols em toda a temporada da Premier League e começou a sofrer com lesões. No ano seguinte, com maiores desconfianças, mas ainda apostando no futebol que havia sido apresentado anteriormente, foi contratado pelo Napoli, por empréstimo de uma temporada. Na equipe italiana, disputou apenas seis partidas e sofreu uma lesão gravíssima, que o deixou mais de um ano afastado dos campos.
Fora dos planos do Swansea e há mais de um ano sem entrar em campo, Michu foi para o modesto Langreo, da terceira divisão espanhola. Depois de um total fracasso também no Langreo, recebeu a última chance da carreira no Real Oviedo, da segunda divisão espanhola. Após uma temporada no clube, foi dispensado.
Michu se aposentou em 2017, aos 31 anos, e carregando o peso de ter sido conhecido apenas como “jogador de uma temporada”.
Nathan Dyer
Com dois gols marcados na final, Dyer foi eleito o melhor jogador da partida. Jogador rápido e habilidoso, já havia passado por diversos times ingleses, sempre com certa irregularidade. Em alta após a conquista, continuou como jogador fundamental da equipe até 2015, quando foi emprestado ao Leicester City. Dyer entrou pouquíssimo em campo pela equipe de Leicester e foi considerado uma decepção, mas estava no elenco do título inglês histórico de 2016. Retornou do empréstimo e virou um jogador regular da equipe galesa. Mas com o fim do contrato em agosto deste ano, ele se despediu do Swansea e está sem clube desde então.
Jonathan de Guzmán
De Guzmán também marcou dois gols na final, e foi um dos jogadores que saiu mais em alta ao fim da temporada. A fase era tão boa que conquistou as primeiras convocações para a seleção holandesa naquele ano. Atuou apenas uma temporada pelo Swansea, por empréstimo, e retornou ao Villarreal logo depois. Vendido ao Napoli, não conseguiu repetir a constância da temporada anterior e acumulou diversos empréstimos. Viveu a melhor fase da carreira no Eintracht Frankfurt, onde conquistou o título histórico da Copa da Alemanha em 2018. Após três anos no clube alemão, foi dispensado ao fim do contrato neste ano, e aos 33 anos se encontra sem clube.
Ben Davies
Talvez o maior sucesso oriundo desta equipe histórica, Davies foi contratado no ano seguinte pelo Tottenham por aproximadamente 12 milhões de euros. Se firmando cada vez mais como titular na seleção do País de Gales, também é considerado um dos principais laterais esquerdos do futebol inglês no momento, e tem contrato com o Tottenham ao menos até 2024.
Ashley Williams
Símbolo de liderança na equipe, o zagueiro Ashley Williams se firmou como um dos grandes defensores da Premier League nos anos seguintes à conquista. No ano de 2016, se transferiu ao Everton pelo alto valor de 15 milhões de euros. Apesar de um bom início, não conseguiu manter o mesmo nível. Com passagens ainda por Stoke City, e mais recentemente pelo Bristol City, se encontra atualmente sem clube, aos 36 anos de idade.
Wayne Routledge
Único jogador que esteve em campo na final de 2013 e continua no Swansea até hoje, Routledge se firmou como ídolo do clube. Constante em todas as temporadas após o título, continuou no clube inclusive após o rebaixamento para a segunda divisão, em 2018. Mesmo aos 35 anos de idade, teve contrato renovado com a equipe no início da atual temporada, que se encaminha para ser a a temporada de despedida dele. Mesmo com poucos minutos em campo devido a sua idade, Routledge é um grande líder do elenco e muito querido pelo clube. Ao todo, já disputou quase 300 partidas pela equipe.
Outras figuras
Além destas peças, podemos ainda destacar o meio-campista Leon Britton, uma lenda do clube que acumulou mais de 500 partidas disputadas pela equipe. Britton esteve presente em toda a escalada do clube pelas divisões inferiores, até chegar à Premier League, e ao sonhado título da Copa da Liga. Despediu-se do clube apenas em 2018, quando decidiu anunciar a aposentadoria do futebol. Retornou no ano passado da aposentadoria para jogar no futebol galês.
Outro jogador que esteve em toda a escalada do Swansea é o zagueiro Garry Monk. Já era veterano no ano do título, e chegou a entrar em campo na final. Em 2014, se aposentou ainda vestindo a camisa do Swansea. Atualmente, é treinador do Sheffield Wednesday, aos 41 anos de idade.
Temos ainda Pablo Hernández, contratação cara, junto ao Valencia. Venceu o título, mas não ficou muito tempo no clube. Ele se aventurou no futebol árabe e foi parar no Leeds. Atualmente, o veterano está com 35 anos e disputando a Premier League pelo Leeds.
O lateral Ángel Rangel, também ídolo do clube, se despediu em 2018 à caminho do Queens Park Rangers. Atualmente, aos 37 anos, também está sem clube. Sung-Yueng Ki, o meio-campista coreano que jogou a final improvisado na zaga, também foi uma contratação cara do clube, que desembolsou 7 milhões de euros para ter o jogador. Ficou no clube por diversos anos, fazendo mais de 150 partidas pela equipe, e sendo figurinha carimbada na seleção sul-coreana. Atualmente, voltou a seu país de origem para defender o FC Seoul.
Tem ainda o goleiro Tremmel, que era titular apenas nas copas e fez uma ótima competição. Ele continuou no clube até 2017, quando se aposentou do futebol, aos 38 anos. No meio do caminho, ainda foi emprestado ao futebol alemão. Atualmente, é olheiro do Swansea.
Menção honrosa ainda a Chico Flores, zagueiro titular da equipe que não pôde estar presente na final devido a uma lesão. Chico terminou a temporada valorizado e, no ano seguinte, foi negociado com o futebol do Catar. Ainda passou pelo futebol espanhol, russo e, na última temporada, defendeu o Fuenlabrada, da segunda divisão espanhola. Aos 33 anos, ainda está sem clube.
Como pôde ser observado, praticamente todos os jogadores enfrentaram carreiras medianas até a aposentadoria. Mostra como o time, apesar de limitado, era muito bem treinado por Michael Laudrup – técnico que treinou 2 times do Catar e está sem clube atualmente.
Enfrentando adversários muito prestigiados e com investimentos absurdamente maiores, a equipe do Swansea se mostrou extremamente comprometida durante toda a temporada. Muitos dos jogadores tiveram o auge de sua carreira neste período e nunca recuperaram o bom futebol. Talvez esta história nunca volte a se repetir. Talvez tenha sido mesmo o conto de fadas que o torcedor do Swansea sempre sonhou.
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