Temos aqui no Ultima Divisão, uma posição interessante de que o Red Bull Bragantino será um dos times mais odiados do país. Realmente, pela passionalidade do torcedor mais emotivo e até nostálgico dos bons tempos, passe a não gostar do time. Mas, existe o outro lado da mesma moeda que também deve ser analisado.
Vamos lá, para entender o assunto, a empresa austríaca de bebidas energéticas Red Bull, fechou acordo com o Bragantino. De acordo com o portal Época Negócios, será um negócio na ordem de pouco mais de 10 milhões de euros (cerca de 45 milhões de reais).
No primeiro momento, a Red Bull assume o comando do futebol, aproveitando atletas do atual elenco do Bragantino e do Red Bull Brasil, além de reforçar o time para torná-lo competitivo o suficiente para brigar pelo acesso para a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro em 2020.

Há muitas opiniões diferentes sobre o tema, tanto positivas, quanto negativas. A maior crítica, por parte desse pessoal sobre o acordo, é o fim da “história do Bragantino”. Passionais, argumentam que isso acaba com o charme do futebol.
Porém, há muito tempo o futebol se tornou um dos maiores negócios comerciais do mundo, que movimenta rios de dinheiro. Aliás, o argumento que a história do Bragantino será encerrada com essa aquisição, nada mais é do que uma polêmica não fundamentada em análises factuais, apenas opiniões especulativas.
Em evento na prefeitura de Bragança Paulista, Tiago Scuro, o CEO do Red Bull Brasil, deixa muito claro que “é muito óbvio que ao escolher a tradição e a história da cidade de Bragança, não tem sentido fazer algo que vá contra esse interesse”. Ou seja, o Bragantino será preservado, só mudará algumas coisas, mas, continuará existindo.

Mas ele não disse isso da boca pra fora por questões de Marketing? Pode até ser, mas pelo ponto de vista mercadológico, é uma loucura não dar continuidade à história do Bragantino, pois um dos pontos fundamentais do projeto é o apoio do público. Neste caso, mais especificamente, dos moradores de Bragança Paulista, pois são os mais impactados diretamente com o negócio.
Podemos acreditar que essa parceria tem futuro. Basta olhar o exemplo do Manchester City, onde até 2008 a cidade Manchester só tinha um “grande time”, que eram os Red Devils (Manchester United). Até então o City era um time bem menor, conhecido como o time dos irmãos Liam e Noel Gallagher do Oasis. Algo como o Avaí ser conhecido como o time de Gustavo Kuerten, o Guga.
Logo de cara, começou um investimento pesado, com as contratações de Kompany, Robinho, Touré, Tevez, entre outros. Pouco mais de 2 temporadas depois, veio o primeiro grande título a Copa da Inglaterra 2010/2011. Antes disso, o ultimo título era a Segunda Divisão do Campeonato Inglês em 2001/2002.

Nesse caso a história do Manchester City antes da aquisição foi preservada e o mesmo deve acontecer com o Bragantino. Aliás, a própria Red Bull já possui diversos clubes ao redor do mundo (RB Leipzig, Red Bull Salzburg e New York Red Bulls).
Clubes que não eram tão relevantes no cenário nacional e internacional, em pouco tempo tornaram-se potências do futebol. Aliás, note que a marca mantém o nome das cidades dos clubes (uma oportunidade de ouro para Bragança Paulista ficar muito mais famosa em âmbito nacional e internacional).
Outra coisa que nos deixa curiosos e ansiosos para ver em ação é o estilo de gestão diferente do Red Bull em comparação com os clubes mais famosos do Brasil. Santos, Flamengo, Palmeiras, Corinthians, entre outros, são clubes em que os torcedores são os proprietários, e corriqueiramente estão expostos a turbulências e disputas políticas internas.
No Red Bull é um pouco diferente. Com um modelo de empresa, o time se preocupa mais em apenas pensar no futebol. Como melhorar o rendimento de atletas, categorias de base, entre outros. Não à toa teve tranquilidade para se consolidar como a melhor campanha da primeira fase do Campeonato Paulista.
Mais um detalhe chama a atenção. Foram 16 contratações em 2019, gastando muito pouco dinheiro, cerca de 100 mil euros (por volta de R$ 433,9 mil). Pouco mais da metade disso, aliás, apenas na contratação de Jobson, atleta que recentemente assinou com o Santos por R$ 4 milhões.

Dos jogadores de maiores salários, todos são titulares e possuem um alto rendimento, diferentemente de clubes que gastam fortunas em jogadores que ficam no banco, ou então nem sequer são relacionados — como o caso do jogador Bryan Ruiz que ganha cerca de R$ 500 mil mensais e ainda não jogou em 2019 pelo time do Santos.
E o motivo para que isso ocorra na Red Bull é que o desempenho do time influencia diretamente na saúde financeira da empresa, ou seja, os donos sentem no bolso. Já nos clubes tradicionais indo bem ou mal, os torcedores que comandam a agremiação raramente (ou quase nunca) são impactados diretamente na questão financeira, apenas na questão moral e sentimental.
Mas, voltemos a falar da parceria entre Bragantino e Red Bull. Essa promete ser a grande novidade do futebol brasileiro nos próximos anos. A matriz austríaca entendeu que adquirir um time na maior divisão nacional possível era o caminho mais breve e até mais barato de chegar à elite do futebol brasileiro (ok, isso põe um temor no torcedor, pois abre precedente para que o seu clube do coração um dia possa ser adquirido por empresas no futuro que queiram “comprar uma vaga” em uma divisão mais alta, sem ter que disputar as divisões inferiores).
E se a escrita se mantiver como nos casos dos clubes da franquia na Áustria e na Alemanha, podemos esperar um grande investimento quando o time conseguir chegar à primeira divisão do Brasil, com um time muito forte e capaz de brigar entre os melhores. Pois, o objetivo da marca não é só aparecer, mas sim ganhar dinheiro com o esporte (futebol e automobilismo dão muito dinheiro, mas eu explico isso com mais detalhes no futuro). Se fosse só para aparecer, ela patrocinaria um dos clubes de maior apelo do país.

A cidade de Bragança Paulista será o palco de exibição de um novo Bragantino, renascido e capaz de ser considerado um grande time do Brasil dentro de campo (em questão competitiva, em questão de tradição e torcida, aí é só com o tempo).
Fora de campo, basta esperar que a torcida também “compre o projeto”, pois, com certeza a cidade também irá crescer muito e o futebol será mais um dos grandes atrativos turísticos. Fora que de grandes eventos a empresa também entende, pois ela tem o hábito de contratar grandes artistas para animarem os seus eventos esportivos.
E aí, o que você acha dessa parceria? Deixa aí nos comentários a sua opinião. Vai ser realmente o mais odiado ou um dos mais admirados do país?
*Esse texto não representa necessariamente a opinião do Última Divisão como um todo
Confira um outro ponto de vista sobre essa discussão -> É uma pena: Red Bull Bragantino vai virar o time mais odiado do Brasil
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