Quem é que sobe? Confira o guia completo da Série A2 do Carioca de 2022

O Rio de Janeiro tem uma Série A2 de primeira! Saiba tudo sobre esta edição que promete reunir várias camisas pesadas com um único objetivo: estar na elite do Carioca

Imagem: Úrsula Nery/ Agência FERJ

Você já conhece o projeto Série B de Primeira, aqui do Última Divisão. Mas você sabia que no Rio de Janeiro teremos também uma “Série B de Primeira”?

Pois é. A Série A2 do Campeonato Carioca de 2022 terá várias camisas pesadíssimas. Tem até dois campeões brasileiros que irão se enfrentar na estreia.

O torneio começa em 30 de abril, e a gente apresenta o que haverá de melhor. Confira!

Regulamento

Doze times são divididos em dois grupos de seis e jogam em dois turnos independentes, com semifinal e final. Na Taça Santos Dumont, primeiro turno, os times jogam entre si dentro dos seus grupos. Na Taça Corcovado, segundo turno, os times do grupo A enfrentam os do B.

Em cada turno, os dois primeiros de cada chave vão para as semifinais, em jogos de ida, com os primeiros colocados de cada grupo tendo direito ao mando de campo e à vantagem do empate. Na final, o mando é sorteado, e caso haja empate, o título será decidido nos pênaltis.

Os campeões de cada turno disputam a final do campeonato, mas caso um mesmo time vença os dois turnos, ele vai fazer a final com a equipe que somar mais pontos no geral. Ela será disputada em jogos de ida e volta, sem vantagem de empate. O vencedor sobe à Série A1 de 2023.

Porém, caso um mesmo time vença os dois turnos e some mais pontos no geral, este time é declarado campeão e sobe à elite de maneira direta.

Já o último colocado será rebaixado para a Série B1. Aliás, haverá uma pequena mudança importante em 2023: ao invés de um rebaixado, a Série A2 terá dois rebaixados.

Os participantes

O Grupo A  é sem dúvidas o mais pesado: Americano, Angra dos Reis, America, Cabofriense, Macaé e Olaria. Juntos, esses times têm dois títulos nacionais da terceira divisão e sete títulos cariocas – todos do America.

No Grupo B, estão praticamente todos os times menos tradicionais. Aliás, este grupo é praticamente off-Rio: Artsul, Friburguense, Gonçalense, Maricá e Sampaio Corrêa, além do rebaixado Volta Redonda.

Vamos então apresentar, por ordem alfabética, os times e como eles vêm para o campeonato:

America Football Club

Há anos o America é um paciente agonizando. Aos poucos, o coração daquele que outrora foi um dos maiores clubes do Brasil vai parando. E sua torcida lentamente vai reduzindo. Em 2021, tia Ruth, torcedora-símbolo do Mequinha, nos deixou, a três dias de completar 97 anos.

Apesar do respiro em 2018, com o acesso à Série A do Campeonato Carioca, o Mequinha só jogou a seletiva em 2019 e 2020 e foi rebaixado à nova Série A2 em 2021. Na segunda divisão, decepcionou seu torcedor. Time do Grupo B, foi terceiro no primeiro turno e quase se classificou às semifinais do segundo turno, ficando a apenas um ponto do Maricá. Passou muito longe até da final do campeonato, entre Gonçalense e Audax Miguel Pereira (atual Angra Audax).

Imagem: Globo

Em 2022, o America está em evidência na mídia. O estádio Giulite Coutinho foi usado como set de gravação da novela Quanto Mais Vida Melhor, da Rede Globo. O personagem Neném, interpretado por Vladimir Brichta, é um jogador em baixa que passa a se destacar no time rubro da Tijuca.

Apesar desta exposição na maior emissora do Brasil, o Mequinha vive um momento político complicado. A própria campanha na Série A2 foi conturbada por causa das eleições no clube. Além disso, a diretoria comandada por Sidney Santana passou a ter que se explicar por causa do sumiço de uma verdadeira bolada no valor de R$ 44 milhões. Este dinheiro vem de debêntures da Eletrobrás, que foram compradas em 2002, pelo próprio Giulite Coutinho, que tirou dinheiro do próprio bolso em prol do time de coração.

Em 2005, a estatal foi condenada a indenizar o America e a verba, com juros e correção monetária foi fixada em R$ 44 milhões, o que dava pelo menos 14 anos de folha salarial do time profissional. Mas o dinheiro foi usado para tudo, menos no clube. Muitos advogados receberam parte da bolada.

Além disso, o clube perdeu sua histórica sede social na Rua Campos Sales, que foi demolida para virar um shopping. Alguns sócios chegaram a contestar o destombamento do prédio, que foi parte do patrimônio histórico, pela Câmara de Vereadores. Atualmente, o America fica na Rua Gonçalves Crespo, perto da antiga sede. As obras andam em ritmo lento, chegaram a atrasar por causa da pandemia da Covid-19, mas estão andando.

Mas no futebol, o time profissional americano se reapresentou no dia 14 de março, faltando pouco menos de dois meses para a estreia, contra o Olaria. O comandante será Hermes Júnior, campeão da Série B1 de 2020 pelo Nova Iguaçu. Até agora, chegaram cinco reforços, e neste rol tem jogador ex-Nova Iguaçu e até um atleta que tem um péssimo histórico com o Duque de Caxias. São o goleiro Bruno Fernandes, ex-Nova Iguaçu, Artsul e Serrano; o lateral Magdiel, que rebaixou os dois últimos clubes pelos quais atuou (o Serrano em 2020 e o Duque de Caxias em 2021), embora tenha sido revelado pelo Fluminense e seja ídolo no Leão da Serra; o atacante Pablo, ex-Serrano, Boavista e Sampaio Corrêa-RJ; o volante Dedé, destaque do Maricá em 2021 e com passagem até pelo Botafogo; e o também volante Sheldon, que jogou o Cariocão deste ano pelo Boavista.

O goleiro Deola, ex-Palmeiras, está de volta ao clube rubro, onde já coleciona pelo menos quatro passagens em bate-volta. Outros que foram anunciados são o lateral Rhuan, ex-Madureira, e o meia Paulo Victor, que disputou o Cariocão 2022 pelo Resende.

O Mecão irá estrear contra o Olaria.

Americano Futebol Clube

O Americano é o time mais tradicional do interior do Rio de Janeiro. Por anos, foi a quinta força do estado, muito por causa da influência de Eduardo Vianna, o Caixa d’Água, presidente da FERJ entre 1985 e 2006, ex-presidente da antiga Federação Fluminense de Desportos e torcedor fanático do Alvinegro Campista.

Este período coincidiu com a derrocada dos outros times da cidade: o Campos, que desapareceu em 1989 e só voltou mais recentemente, e o Goytacaz, vice-campeão da Taça de Prata em 1985 e que tem entre seus torcedores mais ilustres o ator Tonico Pereira e o casal de ex-governadores do estado Anthony e Rosinha Garotinho. Nestes anos também, o Americano quase subiu para a Série A do Brasileiro duas vezes, perdendo nas semifinais para os campeões de 1991 e 1994, Paysandu e Juventude, respectivamente. Sem contar que em 2002, com a ajuda do presidente da FERJ, o Alvinegro Campista foi vice-campeão carioca, em um campeonato que ficou sub-júdice por sete anos por conta de um erro de arbitragem na semifinal entre Bangu e Fluminense.

Só que a era de ouro do Canão acabou com um infarto fulminante – aquele que o Caixa d’Água sofreu em 2006. A morte da grande referência alvinegra foi o início da decadência do clube, que foi rebaixado em 2012. E para piorar, em 2017, a torcida viu o eterno e maior rival Goytacaz subir para a primeira divisão justamente em cima do clube do Parque Tamandaré. Anos antes, em 2014, o Fantasma perdeu o seu estádio, Godofredo Cruz, mas em breve, o clube deve inaugurar um estádio moderno no distrito de Guarus, onde fica o seu CT.

Em 2018, o Americano subiu e chegou até a jogar a fase principal do Carioca em 2019. Mas veio 2020, a pandemia e o rebaixamento à seletiva. Em 2021, caiu para a Série A2. No primeiro turno, chegou a se classificar no tapetão, alegando que o Friburguense teria escalado um jogador irregular, porém, a fase final da Taça Santos Dumont teve que ser repetida porque o clube de Campos perdeu no STJD e aí o Artsul perdeu o título para o Audax. No segundo turno, a Taça Corcovado, nem se classificou para a semifinal, ficando em quarto lugar em seu grupo. Terminou em oitavo lugar no geral.

Na Copa Rio, mais vexame e decepção. O time até passou de fase, deixando Carapebus, Boavista e America pelo caminho, mas caiu na semifinal: tomou 3 a 0 no jogo de ida contra o Pérolas Negras e venceu a volta por 3 a 1, mas o gol feito pelo time dos refugiados na derrota fez toda a diferença.

Para 2022, o Americano se reforçou até mesmo com atletas militares. O pacotão de reforços tem os atacantes Jonathan Chula, ex-Duque de Caxias; Jackson Mendes, campeão da Copa Rio em 2019 pelo Bonsucesso; e Jones Carioca, ex-America e Avaí; o zagueiro Yan Burin, atleta militar emprestado pelo Paduano, que irá jogar a Série B1; e o goleiro Elvis Ribeiro, de volta ao clube de Campos após 10 anos.

Vieram também os atacantes Vitinho, com passagens por times do Rio e pela Aparecidense, e João Douglas, ex-Rio Branco-ES; os laterais Vitão, ex-Pérolas Negras com passagem pelo Grêmio e Bangu, Paulinho e Bruno Barbosa, que estavam no Rio Branco-ES; o zagueiro Roberto Júnior, com passagens por vários times do Rio e que jogou no Estrela do Norte-ES em 2022; e os meias Gean Miller, em sua terceira passagem pelo alvinegro de Campos, Filipe Ribeiro, que jogou o Cariocão pelo Volta Redonda, e Nivaldo, que jogou por America, Madureira e Portuguesa da Ilha.

O Cano também promoveu dois atletas da base: o atacante Diego Ribeiro e o volante Igor Nistaldo. Todos eles, comandados por Ney Barreto, que foi o treinador do acesso do America em 2019. E sem dúvida, a principal atração será o lateral direito Wesley, que disputou a Libertadores de 2016 pelo Grêmio

A estreia do Americano será contra o Angra dos Reis, próximo time da lista.

Angra dos Reis Futebol Clube

O Angra dos Reis é mais um clube que tenta sobreviver em um cenário tão controverso e difícil que é o do futebol do interior do estado. Fundado em 1999, foi campeão no ano de sua fundação do Módulo Especial, equivalente à terceira divisão. No entanto, depois de uma participação na segunda divisão de 2000, quando foi eliminado pela zebra Arraial do Cabo (atual Araruama), passou o ano de 2001 licenciado e voltou em 2002, ainda na segunda divisão. Ficou lá até 2016, quando por causa de uma escalação irregular, foi rebaixado nos tribunais e assim, livrando o Duque de Caxias da Terceirona carioca, já que o Tricolor da Baixada caiu no campo.

Em 2017, o Tubarão virou notícia por causa de um torcedor solitário que virou a noite para ir de Angra dos Reis até a Rua Bariri, casa do Olaria, para a final da Série B-2 (terceira divisão da época) contra o Ceres. E ele deu sorte, já que o Angra subiu e desde então nunca mais foi rebaixado. Em 2020, a segunda melhor campanha desde 2005: um sexto lugar que lhe deu vaga na nova Série A2. Porém, as coisas não deram certo em 2021. Mais uma vez, o time da Costa Verde há mais tempo no Campeonato Carioca disputou ponto a ponto contra o Duque de Caxias contra o rebaixamento. E o final foi feliz para o Tubarão, que empatou com a Cabofriense e viu o Duque cair com uma derrota para o America. Uma vingança por 2016.

Agora, em 2022, o Angra dos Reis sofre com uma concorrência peso-pesado: o Audax resolveu se instalar na cidade e ainda com o apoio da prefeitura. Mesmo com os protestos da torcida do time local, que reclamou (com razão) do porquê de a administração municipal priorizar um time nômade em detrimento do clube da cidade, o audacioso clube jogou na Costa Verde. Na verdade, só jogou dois jogos: contra Botafogo e Nova Iguaçu (este último, pela Taça Rio).

Mas aos trancos e barrancos, o Angra tenta sobreviver. Para esta Série A2, o clube aposta em um técnico com experiência no segundo nível: Mário Júnior, ex-Gonçalense e Duque de Caxias. A preparação começou em 23 de março, dia do aniversário do clube e o time se concentrou em Jacuecanga.

O time da Costa Verde fechou com um verdadeiro pacotão de reforços. São eles: o goleiro Lucão, do Serra Macaense; os laterais Belarmino, do Pérolas Negras, e Guilherme, ex-Botafogo; além do zagueiro Pessanha, ex-Duque de Caxias e Bonsucesso. Todos eles reforçam o sistema defensivo. Completam o pacote, o meia Ebérson e os atacantes Erick Foca (ex-Barra da Tijuca), Negueba (ex-Ceres), o lateral esquerdo Alan Pires (ex-América) e o experiente atacante Charles Chad (ex-Friburguense, Cabofriense, Bangu, Macaé e Nova Iguaçu).

A estreia do Angra dos Reis será contra o Americano.

Artsul Futebol Clube

O Artsul nasceu de um sonho do empresário Nivaldo Pereira. No início, ele havia alugado um sítio que iria ser um centro de treinamento do Fluminense. Teria até nome: ArtFlu. O acordo com o Tricolor das Laranjeiras não foi adiante, mas isso não significou que a chama do futebol apagou. Em junho de 2001, nasceu o Artsul Futebol Clube.

E hoje, quase 21 anos depois, o Artsul virou referência quando o assunto é formação de jogadores. A cria mais famosa de suas categorias de base foi o atacante Pedro, hoje no Flamengo. Vindo do Duquecaxiense, por onde se destacou em 2013, ele foi para o Tricolor da Dutra antes de rumar para o Fluminense, onde se profissionalizou.

Em 2022, um jogador revelado no Artsul está atuando por um clube grande: o lateral Eguinaldo Maranhão, que joga no sub-20 do Vasco. Aliás, a relação entre o clube iguaçuano e o Gigante da Colina vai muito além da venda de jogadores. O Nivaldão é usado por todas as categorias de base vascaínas para jogos oficiais há alguns anos. 

No profissional, por pouco seu Nivaldo não realizou o seu maior sonho: ver o Artsul na primeira divisão. Em 2021, o time chegou a vencer a Taça Santos Dumont, primeiro turno do Campeonato Carioca da Série A2; porém, a final teve que ser repetida e no replay, os iguaçuanos não foram páreo para o Audax Miguel Pereira (atual Angra Audax). No segundo turno, a Taça Corcovado, também chegou às semifinais, mas foi eliminado de novo pelo Audax.

Para 2022, o Artsul confia na continuidade do trabalho e persegue o sonho do seu Nivaldo, que é o presidente de honra: subir para a primeira divisão. Renovou com o técnico Rogério Pina, o mesmo da ótima campanha do ano anterior. Mas também vieram 11 jogadores, praticamente um time inteiro de reforços: o goleiro Victor Hugo, ex-Duque de Caxias; o lateral esquerdo Vitinho, campeão da Série B2 de 2020 e da Copa Rio de 2021 pelo Pérolas Negras; o zagueiro Jonathan Maciel, brasileiro naturalizado italiano, vindo do Fiori Barp (Itália); os volantes Gabriel Leite, ex-Búzios, e Ruan Silva, ex-4 de Julho-PI; os meias Leandro Sardinha, ex-Madureira, e Jeferson, vindo do Avaí; e os atacantes Alex Camilo, ex-Madureira que estava no Palmas-TO, Vinícius Justino, ex-Bonsucesso e Quissamã, Fabinho, ex-Udinese que em 2020 jogou pelo Nova Iguaçu, e Bruno Santos, que se destacou na Portuguesa da Ilha e chegou a ser anunciado pelo Brusque, mas voltou ao time iguaçuano.

A estreia do Tricolor da Dutra será contra o Gonçalense/Petrópolis

Associação Desportiva Cabofriense

A Cabofriense que conhecemos hoje é um clube recente, bem novo, mas que já aprontou e muito. O clube, que chegou a ter o saudoso Doutor Sócrates como técnico em 2000, é o sucessor da antiga Associação Atlética Cabofriense, time que usava uniformes do Fluminense e que esteve ativo com o futebol profissional de 1982 a 1992.

Ao longo do anos, o Tubarão colecionou muitas glórias. No meio dos anos 2000, foi uma das zebras do Campeonato Carioca que assombrou as torcidas dos quatro grandes. Chegou a ser semifinalista da Taça Guanabara e da Taça Rio por três anos seguidos, e em 2007 foi finalista da Taça Rio. Nacionalmente, o Tricolor Praiano teve um bom desempenho na Série C de 2003, quando chegou até as oitavas de final (que na verdade tinham 14 times) e foi eliminado pelo Santo André (que mais tarde subiria com o Ituano).

Em 2009, a boa fase acabou, com o rebaixamento para a Segunda Divisão. A Cabofriense conseguiu voltar em 2010, mas caiu em 2011. Em 2014, a sua melhor campanha no Campeonato Carioca: aproveitando que o Botafogo estava deixando o Carioca em segundo plano, o clube de Cabo Frio simplesmente fez uma campanha histórica e chegou a mais uma semifinal, embora nem tenha tido chances contra o Flamengo.

Mais uma vez, a boa fase acabou e em 2016, o Tricolor Praiano acabou indo para a seletiva – aliás, a primeira seletiva realizada. Salvou-se, e em 2018, jogou a fase principal, com um honroso sétimo lugar. Em 2019, o sexto lugar na tabela geral lhe rendeu uma vaga na Série D.

Porém, veio 2020 e com este ano, a pandemia. O novo coronavírus afetou duramente o futebol e a Cabofriense fez uma péssima campanha. Em 11 jogos, conseguiu apenas uma vitória, embora esta vitória tenha sido especial.: um 1 a 0 contra o Vasco em São Januário, em partida remarcada por causa de um temporal de verão que deixou o estádio vascaíno sem luz. Foi a primeira vez em que a equipe da Região dos Lagos venceu o Cruzmaltino em seus domínios. Na volta do futebol, um choque de realidade: 6 a 2 diante do Botafogo.

Na Série D, conseguiu surpreender e chegou até a segunda fase, mas foi eliminado pelo São Luiz-RS. E na seletiva, disputou ponto a ponto com o Nova Iguaçu. Chegou a estar classificado para a fase principal por alguns minutos, mas o time da Baixada conseguiu fazer um gol que decretou o rebaixamento da Cabofriense.

Na Série A2, fez uma péssima campanha, mas conseguiu se livrar da degola na penúltima rodada da Taça Corcovado. Na Copa Rio, foi eliminado pelo Maricá nas oitavas de final.

Para a temporada 2022, o Tricolor Praiano irá apostar em uma mescla de jogadores jovens com experientes. O clube conta com os retornos do lateral Jackinha, que estava no Tapajós-PA; e do meia-atacante Pedrinho Menezes e do atacante Abner, emprestados ao Falcon, vice-campeão sergipano. O Tubarão foi ao mercado e trouxe o atacante Alexandro, que subiu com o Sampaio Corrêa-RJ em 2020 e estava no Nacional-AM; o lateral Allison, que em 2021 jogou por Angra dos Reis e Duque de Caxias e estava no Brasília; e do meia Lucas Perdomo, cria do Boavista e que chegou a jogar no Vasco em 2018. O técnico é Thiago Eduardo, que era o comandante do sub-20.

A Cabofriense estreará contra o Macaé.

Friburguense Atlético Clube

O Friburguense é um clube recente – ao mesmo tempo em que, com mais de 40 anos de disputas, é um dos times mais tradicionais da Região Serrana. Subiu para a primeira divisão do Rio pela primeira vez em 1983, caiu em 1984 e só voltou à elite em 1994, para cair em 1995. Em 1996, perdeu o segundo turno em jogo desempate contra o Nova Iguaçu, realizado no estádio do Madureira (que na época, costumava ser usado por vários times pequenos, especialmente o America). 

Em 1997, foi campeão da segunda divisão, foi para a seletiva em 1998 e conseguiu retornar à elite do Campeonato Carioca, iniciando uma sequência de 12 participações consecutivas. Neste período, chegou a ser quanto colocado na Taça Guanabara de 1999, ano em que conseguiu a sua primeira vitória no Maracanã. Em 2004, chegou às semifinais da Taça Rio e, com o bom desempenho, foi à Copa do Brasil. Mais ou menos nesta época, começava a história dos quatro “eternos” do Frizão: Cadão, Sérgio Gomes, Bidu e Ziquinha, exemplos de lealdade e fidelidade a seu clube. As boas colocações no Campeonato Carioca renderam ao time de Friburgo várias participações na Série C, então última divisão nacional. 

Porém, em 2010, o Tricolor Serrano foi rebaixado à Segunda Divisão depois de um desempate com Duque de Caxias e Resende. Em 2011, o título da Segundona foi um símbolo de superação para Nova Friburgo, que havia sido devastada pela maior tragédia climática do Brasil, responsável por mais de 900 mortos em toda a Região Serrana. Nesta nova passagem na primeira divisão, foi um time de meio de tabela, embora tenha conseguido um sexto lugar em 2014. Em 2016, foi rebaixado e ficou na segunda divisão por três anos seguidos. Foi campeão da Série B1 em 2019, mas parou na seletiva para 2020. Em 2021, foi rebaixado e na Série A2, foi sexto colocado no geral. No primeiro turno, chegou a ser desclassificado para as semifinais por causa de uma escalação irregular, mas o STJD deu ganho de causa ao Frizão e ordenou que as semis fossem jogadas de novo. No entanto, o Friburguense perdeu a disputa para o Audax.

Para 2022, houve troca no comando técnico. O histórico zagueiro Cadão saiu e o time serrano contratou um velho conhecido da torcida: Gérson Andreotti, de volta ao Frizão após seis anos. O clube deve manter a mesma base dos últimos anos, já que está em crise financeira. Em campo, destaque para o japonês Toshiya Tojo.

A estreia do Friburguense será contra o Volta Redonda.

Macaé Esporte Futebol Clube

O Macaé foi originalmente fundado em 1990 como Botafogo – o nome não é em referência ao famoso clube da estrela solitária, mas sim a um bairro chamado Botafogo. Como clube amador, foi campeão municipal nos anos 90 e se tornou uma das forças da cidade junto do Independente, que foi fundado em 1992. Em 1998, ainda como Botafogo, foi campeão da Terceira Divisão do Campeonato Carioca, e no ano seguinte, mudou de nome pela primeira vez, passando a se chamar Macaé Sports. Com este nome fantasia, o Leão do Norte disputou a sua primeira competição nacional, a Série C do Brasileirão em 2003. No mesmo ano, adotou o nome atual.

Em 2006, o Macaé quase conseguiu subir para a primeira divisão estadual. Chegou à final, mas perdeu para o Boavista. No mesmo ano, foi vice-campeão do Torneio Seletivo, disputado entre setembro e novembro e que daria quatro vagas à Primeira Divisão em 2007, mas o torneio foi anulado. Também subiriam Bangu, Olaria e Goytacaz.

Mas em 2007, finalmente o Macaé subiu, graças a uma expansão da primeira divisão – e ficou lá por quase 15 anos. Aliás, dos times que subiram nesta expansão, apenas o Resende é o único que está na elite. Cardoso Moreira e Mesquita estão licenciados e o Duque de Caxias está na terceira divisão.

Na estreia na elite, foi oitavo lugar, o que lhe rendeu uma vaga à Série C do mesmo ano. Mas em 2009, conseguiu um surpreendente 5º lugar e uma vaga na novíssima Série D, junto do Madureira. A partir daí, começou uma ascensão a nível nacional. No primeiro ano, acesso. Inclusive subiu com outro time que também começou uma ascensão que acabou terminando em Libertadores: a Chapecoense. 

O Leão ficou na Série C até 2014, quando levou o seu único título nacional. Até surpreendeu na Série B de 2015, com direito a um 4 a 2 sobre o Botafogo.  Mas a crise financeira da cidade, que é fortemente dependente dos royalties do petróleo, afetou diretamente o clube, que em 2015 caiu para a Série C e em 2017 foi rebaixado para a Série D. No Carioca, chegou a disputar a seletiva algumas vezes. A última foi em 2020, mas em 2021, o Alvianil foi rebaixado, em meio a um escândalo de manipulação de resultados via apostas esportivas. Na Série A2, o clube se mudou para Duque de Caxias e evitou ser rebaixado. Já na Copa Rio, até eliminou o Duque de Caxias na segunda fase, mas acabou caindo diante do Madureira.

Em 2022, o Leão do Norte fechou com seis novos reforços. Para começar, um velho conhecido da torcida: o goleiro Milton Raphael, que pediu demissão do clube no ano passado. O arqueiro campeão da Série C em 2014 foi revelado pelo Botafogo, e ainda passou por Vitória de Setúbal, Caxias-RS, Portuguesa e Madureira, seu último clube. Também foram contratados o goleiro Otávio, com passagens por Friburguense, Madureira e Serra Macaense; os zagueiros Círio e Iago, ambos do Serra Macaense, sendo que Iago tem passagem pelo Grêmio; o lateral esquerdo Naílton, com passagem pelo Ceará; o meia Vytinho, com experiência apenas no futebol carioca, apesar da pouca idade (18 anos); o também meia Diego, de 38 anos e com passagens por Vasco e Bahia; e o lateral Athirson, que aos 21 anos, vem de passagens por Toledo e Desportiva Ferroviária.

A estreia do Macaé será contra a Cabofriense.

Maricá Futebol Clube Ltda.

O Maricá foi um dos dois clubes da Série A2 que já começaram a entrar em atividade. Na Copa do Brasil, enfrentou o Guarani e vendeu caro a derrota na primeira fase.

O clube foi criado por empresários da cidade de Maricá e atualmente vive uma excelente fase. Turbinado com recursos da prefeitura do município, um dos que mais recebem royalties de petróleo no Brasil, o Tsunami da Região Oceânica foi criado a partir do registro do Clube de Futebol Rio de Janeiro, um time que ficava em Magé e na época estava na terceira divisão. 

De lá pra cá, o time maricaense teve uma bela história de sucesso dentro da segunda divisão. Em 2020, chegou a ganhar a Taça Corcovado, segundo turno da Série B1 (na época, segunda divisão do Campeonato Carioca), mas caiu na semifinal geral para o Sampaio Corrêa, e não conseguiu subir. Em 2021, foi semifinalista dos dois turnos da Série A2, mas não avançou para a final. Na Copa Rio, fez mais história. Passou por Gonçalense, Cabofriense, Sampaio Corrêa e Madureira até fazer a final contra o Pérolas Negras. Perdeu a vaga nos pênaltis, mas ficou com a vaga na Copa do Brasil e ainda por cima ganhou R$ 670 mil, o que ajudou muito o clube. 

A base para a Série A2 será a mesma da Copa do Brasil. Um dos destaques é o volante Rodrigo Fernandes, com passagens por Vasco e Corinthians. Alguns dos jogadores da histórica campanha ficaram no Lobisomem, como o atacante Felipe Badola, o goleiro Júlio César, o meia Wálber e o zagueiro Athyla, além do técnico Marcus Alexandre. Um jogador no entanto, foi contratado desde o jogo contra o Guarani: o meia Marquinho, que jogou pelo Boavista no começo do ano e chegou a se acertar com o America, mas o acordo foi desfeito. O lateral Murillo, que foi revelado pelo Friburguense e estava no Caeté-PA, também chegou.

A estreia do Maricá será contra o Sampaio Corrêa.

Olaria Atlético Clube

O Olaria é um dos clubes mais tradicionais do Rio de Janeiro, símbolo da Leopoldina. Foi onde Romário fez os seus primeiros gols antes de rumar para o Vasco e também o último clube de Garrincha. Foi o primeiro campeão da Série C do Campeonato Brasileiro, em 1981. E além disso, foi o primeiro campeão do recém-criado Estado da Guanabara, vencendo o Torneio Início de 1960. Mas vive péssima fase já há algum tempo. Teve uma surpreendente campanha em 1999, quando chegou a ser quinto colocado na Taça Guanabara, ficando a frente do Botafogo, mas passou a lutar para não cair até ser rebaixado em 2005, quando foi lanterna da primeira divisão. Chegou a subir para a primeira divisão no Torneio Seletivo de 2006, mas o acesso foi cancelado. A desforra foi só em 2009, quando foi vice-campeão da Segunda Divisão.

Na elite do Carioca, o Azulão da Bariri até fez campanhas dignas. Em 2010, foi oitavo, em 2011 foi quinto lugar no geral, a frente até do Vasco que viria a ser campeão da Copa do Brasil, e semifinalista da Taça Rio. Em 2012, com direito a Pedrinho (ex-Vasco e Palmeiras) no elenco, o Azulão escapou da queda, mas em 2013 não teve jeito. O Olaria foi rebaixado e desde então, não conseguiu voltar à elite. Até disputou uma final de turno em 2014, mas foi só. Após várias campanhas horríveis, o time da Leopoldina caiu de divisão mais uma vez em 2020. Por causa da reforma da pirâmide da FERJ em 2019, o Olaria foi rebaixado para a terceira divisão, que passaria a ser o nível da Série B1. Para piorar, o clube perdeu seu histórico presidente Pintinho, vítima da Covid-19.

No entanto, em 2021, o Olaria montou um time respeitável. O grande destaque era o volante Recife, revelado pelo arquirrival Madureira e que chegou a jogar no Flamengo em 2014. O Azulão fez uma campanha impecável, foi primeiro colocado no geral e fez a final contra o Pérolas Negras, campeão dos dois turnos. E de maneira muito curiosa, o Olaria foi campeão e subiu. A situação dividiu muitas pessoas e ainda colocou frente a frente os torcedores dos times tradicionais e aqueles que se encantaram pela história do Pérolas, time criado pela ONG Viva Rio como um projeto social no Haiti para integrar refugiados através do esporte. Muitos torcedores do Olaria ainda citaram um certo desrespeito dos jogadores resendenses ao próprio clube olariense na final do segundo turno, na Rua Bariri.

Voltando ao Azulão, para 2022, o time terá a volta de Recife e Caio Hones, que estavam emprestados ao Serra-ES. E a diretoria fechou inicialmente cinco contratações: o zagueiro João Pedro, 25 anos, ex-Bonsucesso e Santa Maria-DF; os meias Rodriguinho (com passagens por Mageense, Penarol-AM e Goianésia), Matheus Carioca (do Pérolas Negras) e Walace Dico (ex-Frei Paulistano e Campo Grande); além do centroavante Lucas Prati, 27 anos, ex-7 de Abril.

A estreia será contra o America.

Gonçalense Futebol Clube/Petrópolis Futebol Clube

O Gonçalense é um clube de história muito curiosa. Criado em 2013 a partir do Tanguá Esporte e Cultura, pertencia ao empreiteiro Joacir Thomaz, um apaixonado por futebol. Quando surgiu, o Tricolor Metropolitano chamou muito a atenção por causa do curioso projeto de um estádio em formato de cata-vento, localizado no Jardim Catarina, bairro de São Gonçalo que é o maior loteamento da América Latina.

Ao longo destes quase 10 anos, fez campanhas regulares na segunda divisão. Neste meio-tempo, o Lense quase vendeu um jogador para time grande: Wellington Sabão, que chegou a treinar no Vasco em 2015, mas que teve seu nome rejeitado por conselheiros cruzmaltinos por temer piadas.

Em 2021, o Gonçalense surpreendeu muita gente. Depois da péssima campanha no primeiro turno, foi às semifinais do segundo e venceu o todo-poderoso Audax Miguel Pereira. Na final, não resistiu ao time laranja e perdeu o título e o acesso.

Antes da Série A2 de 2022 começar, uma bomba: o empresário petropolitano Alan Paschoal, que participou na montagem do elenco do Bonsucesso que venceu a Copa Rio em 2019, anunciou a compra do Gonçalense e a mudança de nome e cidade. O clube passou a se chamar Petrópolis Futebol Clube, que apesar do nome, tem sede em Duque de Caxias, cidade da Baixada Fluminense que é vizinha da Cidade Imperial, onde mandará seus jogos. Mas como Caxias entra nesta história? A cidade mais populosa da Baixada é a sede do CT. Além disso, o Alvianil Imperial tem patrocínio master do Feirão de Malhas, o maior polo de moda de Caxias. 

Como a venda do clube foi feita pouco antes da divulgação do regulamento da Série A2, o time jogará com o nome de Petrópolis/Gonçalense, mas no ano que vem irá se chamar apenas Petrópolis. É o terceiro clube de futebol profissional da Cidade Imperial, que já tem Serrano e Vera Cruz. 

O clube está fazendo peneiras para vários de seus times, mas anunciou o técnico Flávio Tinoco, que foi semifinalista da Série B1 em 2020 com o Duque de Caxias (e quase subiu o time para a Seletiva). Em 2021, treinou o Sampaio Corrêa na Seletiva e Americano na Série A2. Como jogador atuou no Paysandu, Brasiliense, Duque de Caxias (onde se profissionalizou), America-RJ, Olaria e Treze-PB, onde encerrou a carreira.

A estreia será contra o Artsul.

Sampaio Corrêa Futebol e Esporte Ltda.

Criado em 2006 por Lourival Gomes, eleito deputado federal em 2016 pelo Podemos e dono de uma rede de supermercados que leva seu sobrenome, o Sampaio Corrêa é um clube da região serrana de Saquarema que tem muita história para contar. O seu atual presidente, Ronan Carvalho, já foi atacante do próprio time.

Apesar deste e de outros casos curiosos, o Galinho da Serra é um modelo de gestão. Nunca atrasou salários de jogadores – que ainda recebem por quinzena, coisa rara no futebol brasileiro. Sua estrutura faz muita inveja a muito time da Série A, embora seu estádio sofra de um problema crônico que atinge o pessoal de rádio: a péssima qualidade do sinal de internet.

Em 2020, o melhor momento da história do segundo time de Saquarema: comandados por Luciano Quadros, treinador com certa experiência no futebol carioca, os jogadores aureoanis conseguiram subir para a Seletiva, desbancando o Maricá, campeão do segundo turno, com destaque para o atacante Emerson Carioca, que ao comemorar o gol ficou peladão em pleno Alzirão.

No entanto, a saída de Quadros foi um banho de água fria. O técnico Tinoco não conseguiu repetir o bom desempenho e o Sampaio caiu. Na Série A2, fez uma campanha morna. Não conseguiu chegar às semifinais de turno, mas também não esteve ameaçado pelo rebaixamento. Na Copa Rio, caiu diante do Maricá na primeira fase.

Em 2022, o Sampaio está de técnico novo: Wescley Gonçalves, de apenas 38 anos. Treinador tampão do próprio clube em 2019 e 2020, Wescley, ex-jogador com passagens por Vasco e Corinthians, terá pela primeira vez a chance de começar uma temporada com o time de Saquarema. 

A estreia será contra o Maricá.

Volta Redonda Futebol Clube

O Volta Redonda terá apenas uma notinha de rodapé nesta lista. Rebaixado na Série A do Carioca, o time do sul do estado está tendo que se dividir entre a Série C do Brasileiro e a Série A2 do Carioca. 

Mais uma vez, o Voltaço apostará em jogadores com rodagem no Nordeste e em times pequenos de Rio de Janeiro e Minas Gerais. Entre os reforços estão o atacante Rafhael Lucas, que foi semifinalista do Campeonato Mineiro pelo Athleti;, o lateral Wellington Silva, que estava no Boavista e com passagens pelas duplas Fla-Flu e Gre-Nal; o zagueiro Iran, campeão baiano pelo Atlético de Alagoinhas; o atacante Wendson, ex-Sampaio Corrêa-MA; o volante Mauro Gabriel, que já jogou pelo clube entre 2016 e 2019; e o volante Darnley, ex-Ponte Preta com passagem pelo Palmeiras.

Exclusivamente para a Série A2, foram contratados o zagueiro Thomas Kayck, que chega do Angra Audax via empréstimo, e o goleiro Dida, ex-Madureira.

A estreia do Volta Redonda será contra o Friburguense.

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