O futebol não saiu do coração de Paulo Ramos. Mas custou-lhe a vida

Paulo Ramos tinha 23 anos quando encerrou sua carreira no futebol em 2008. Revelado pelo Vila Nova, passou por Grêmio e Juventude antes de voltar ao clube goiano. Foi campeão da Série B do Brasileiro e conquistou dois títulos estaduais.

Mas a história de Paulo Ramos foi abruptamente interrompiada em 1º de setembro de 2009, quando já havia se aposentado. Aos 24 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu.

Nascido na cidade de Goiânia em 30 de julho de 1985, Paulo Rafael de Oliveira Ramos começou a atuar nas categorias de base do Vila Nova. Em 2005, disputou a Copa São Paulo de futebol júnior e chegou até as quartas de final. O time foi eliminado nos pênaltis pelo Corinthians, mas o meia deixou sua marca no torneio – foi dele o primeiro gol da vitória por 3 a 0 sobre o Inter na segunda fase da competição.

Na época, tanto Paulo Ramos quanto o atacante Pedro Júnior (autor dos outros dois gols da vitória) foram sondados pelo próprio Inter. A dupla, porém, acabou acertando com o Grêmio justamente após a conquista do Campeonato Goiano conquistado pelo Vila Nova.

Pelo Grêmio, foi campeão da Série B do Campeonato Brasileiro (2005) e do Campeonato Gaúcho, mas sem conquistar espaço. Em 2007, foi para o Juventude, terminando o Gauchão com o vice-campeonato. No fim do primeiro semestre, com o término de seu empréstimo, retornou ao Vila Nova.

No Vila, Paulo Ramos atuou somente até março de 2008, quando um problema cardíaco obrigou o meia a encerrar sua carreira aos 22 anos. “A gente já sabia que ele tinha arritmia. Fizemos os comparativos com os médicos do Grêmio e vimos que o quadro havia piorado. Então, com uma junta médica, apontamos que o quadro era incompatível não só com a prática esportiva, mas com a profissional em geral”, contou Ricardo Couto, médico do Vila Nova à época, em entrevista* ao Última Divisão.

Segundo Couto, Paulo Ramos “sempre fez exames periódicos”. “Ele foi um atleta que não manifestou sintomas. Sempre foi um atleta assintomático”, contou o médico. “Não é incomum ver casos assim. Há vários tipos de arritmia, inclusive alguns que permitem jogar.”

À época, Paulo iniciou um tratamento, mas procurou alternativas para tentar retornar aos gramados. Não conseguiu, e teve que permanecer afastado.

“A partir do momento que foi investigado, seguiram-se vários exames. Foi quando realmente chegou-se à conclusão de que ele tinha que encerrar a carreira. Ele corria risco, não só profissionalmente. Ele teria que se tratar, como qualquer pessoa”, contou Ricardo Couto. “Isso foi muito bem exposto para o atleta e para a família. Ele tinha que dar uma sequência ao tratamento. Infelizmente, naquela vontade dele de voltar ao esporte, ele nos comunicou que queria procurar outros centros, outros especialistas. Foi para São Paulo, esteve em contato com o pessoal da cardiologia do Grêmio, mas nunca conseguiu um atestado liberatório (para voltar a jogar)”, acrescentou.

O fim da trajetória como profissional não foi capaz de tirar de Paulo Ramos a paixão pelo futebol. Entre amigos, continuou jogando partidas amadoras.

Até que, durante uma delas, o coração não resistiu.

Em 1º de setembro de 2009, uma terça-feira, o meia se sentiu mal durante um jogo com amigos na cidade de Inhumas (GO). Foi levado a um hospital, mas veio a óbito logo ao chegar. O diagnóstico: parada cardiorrespiratória, resultante de sua arritmia cardíaca.

Morreu pouco mais de um mês de completar 24 anos. Dois dias depois, em 3 de setembro, foi enterrado em Goiânia.

* A entrevista foi concedida ao UD em 3 de setembro de 2009, mas nunca havia sido publicada.

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