Há uma lenda no Barcelona: jovens nascidos em 1987 cresceram e ganharam tudo que era possível nas categorias de base, durante pelo menos cinco temporadas. Pequenos prodígios, eram capazes de goleadas gigantes – não era raro um 10 a 0. Era uma equipe inteira que poderia se chamar “Geração Vázquez”. Mas no futebol nem sempre as promessas são cumpridas. Por isso a “Geração Messi” teve uma grande decepção, a primeira de poucas.
Víctor Vázquez começou cedo no melhor lugar onde poderia desenvolver seu futebol. As categorias de base do Barcelona lhe moldaram para ser um goleador nato, mas com um diferencial: a versatilidade. Aberto pela esquerda, pela direita, como meia-atacante ou mesmo como referência, os gols nunca deixaram de sair. Isso bastou para que ele comandasse uma geração marcante para o Barcelona. Mas ele não estava sozinho nessa história…
Na defesa, que tinha o ainda imaturo Gerard Piqué, quem chamava atenção era Marc Valiente (atualmente no Valladolid), o líder mais sério entre os pequenos gênios. Depois, no meio-campo, Cesc Fàbregas aparecia para distribuir passes e iniciar as jogadas. Um pequeno argentino habilidoso carregava a bola para o ataque – era tímido e chamado de “Leo” à época. Depois, ficou mais conhecido como Messi. Mas a principal estrela ficava um pouco mais adiantado: o responsável por sempre mandar a bola para as redes era Víctor Vázquez – sua fama cresceu junto com suas estatísticas e assim surgiu a lendária “Geração Vázquez”.
Recentemente, ao relembrar essa época, Fàbregas foi questionado sobre quem era o melhor desse time? “Para mim, eu”, disse ele, dando risadas, para depois completar: “é uma piada. Formávamos uma grande equipe, mas todos apontavam Victor como o melhor”, destacou ele, que foi para o Arsenal e só nesta temporada voltou a jogar com Messi e Piqué – aliás, este último também já elogiou Vázques: “quando Leo chegou, o melhor da equipe era Victor, um jogador que era líder natural do grupo e muito extrovertido”.
Mas onde foi parar Víctor Vázquez? Qual foi o destino do homem que dava nome à uma geração? Virou apenas lenda? Não é uma história rara, mas choca mesmo assim: problemas físicos e depois uma lesão grave interromperam a ascensão de Víctor Vázquez. Sem a mesma velocidade de antes, ele ficou mais tempo do que deveria no Barcelona B, time que costuma projetar as jovens estrelas para o Barcelona principal. Sua grande chance deveria aparecer naturalmente, sem dificuldades, mas com expectativas. Quando Messi já encantava, e todos esperavam para ver alguém melhor que o argentino, uma grave lesão no joelho interrompeu a história.
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Era 13 de fevereiro de 2009. O Barcelona B enfrentou o Villarreal B. Víctor Vázquez começou o jogo normalmente como titular, mas não terminou bem: foi diagnosticado um deslocamento em seu joelho, o que lhe renderia quatro meses de recuperação. Porém, mesmo nove meses depois disso, ele ainda ficou com dores. Mas a pior delas ainda estaria por vir: recém-recuperado, em janeiro de 2010, ele faltou em um treino do Barcelona B. A punição não poderia ser pior para quem tinha ficado dez meses sem jogar: o treinador Luis Enrique lhe deixou sem treinar com o grupo por uma semana.
Mas os gols eram o forte de Víctor Vázquez, não a indisciplina. Por isso ele conseguiu dar a volta por cima e até sinalizou que conseguiria ser tudo que prometia ser. Em dezembro de 2010, pela Liga dos Campeões, Pep Guardiola resolveu colocar em campo um time formado por jogadores do Barcelona B. Vázquez ficou no banco de reservas, mas entrou no lugar do lesionado Jeffrén e conseguiu fechar o placar – 2 a 0 para o time catalão, que mostrou mais uma vez a força das suas categorias de base.
Porém, esse foi o último suspiro de esperança para Víctor Vázquez. Seu contrato com o Barcelona estava para vencer em junho de 2011 e o time fez pouco esforço para renová-lo. Durante esse processo, diversos clubes medianos quiseram recuperar a promessa perdida do Barcelona. Sporting, Espanyol, Deportivo La Coruña e Torino foram alguns dos interessados. Mas foi o Club Brugge, um dos maiores times da Bélgica, que assumiu a missão. Foi uma contratação sem custos, mas de muita expectativa.
Desde então, apenas uma temporada se passou, mas trouxe boas notícias para Víctor Vázquez: ele conseguiu disputar 47 jogos e tornou-se importante para a equipe belga. O faro de artilheiro parece não ser mais o mesmo – foram apenas 7 gols até agora – e ele ainda se envolveu em uma polêmica: foi flagrado por câmeras de TV bocejando antes de uma partida em que foi extremamente mal – ficou apenas 31 minutos em campo e saiu substituído. Talvez estivesse sonhando com o tempo em que brilhava ao lado de Messi, Fàbregas e Piqué…
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