O PSTC Procopense, de Cornélio Procópio (PR), ganhou espaço no futebol profissional recentemente. Chegou ao auge – com a própria camisa – depois de se classificar para enfrentar o São Paulo na Copa do Brasil de 2017. No passado, porém, o clube conquistou certo renome formando atletas para o Atlético-PR – o maior deles foi Kleberson, vencedor da Copa do Mundo de 2002 com a Seleção Brasileira.
A fase atual do clube rende um feito histórico para a região do norte pioneiro paranaense. O local passou anos longe de qualquer tipo de holofotes e volta a ter protagonismo no futebol. Com objetivo de ilustrar um pouco sobre o que a região proporcionou antigamente ao grande escalão do futebol paranaense, realizamos um Top 4 sobre clubes da também chamada “zona do setentrião”.
Confira:
1. Ressurgimento de Cornélio
A cidade de Cornélio Procópio chegou ao auge do futebol paranaense em 1961, quando o Comercial conquistou o primeiro e único título estadual da também chamada zona do setentrião. Junto de Londrina, Maringá, Paranavaí, Telêmaco Borba, Cascavel, Ponta Grossa e Irati*, Cornélio é uma das poucas cidades interioranas do Paraná que contam com o caneco da competição – diante da supremacia do futebol de Curitiba.
O Comercial de Cornélio Procópio foi fundado em 1943. Os registros sobre a agremiação chegam a ser raros, embora os principais possam ser encontrados em livros. Um deles é Futebol do Paraná – 100 Anos de História, de Levi Mulford e Heriberto Ivan Machado. Outro livro que relembra a trajetória do clube é Interior Bom de Bola, de Padilha Alonso.
No decorrer da história, outra equipe existente na cidade foi o 9 de Julho. No entanto, essa agremiação não conseguiu o mesmo sucesso do Comercial no estado, embora tenha figurado na elite do Campeonato Paranaense.
2. PSTC foi ninho de crias do Atlético-PR
O meio-campista Kleberson foi a maior das revelações do PSTC, o Paraná Soccer Technical Center. O atleta foi parte de uma antiga parceria com o Atlético-PR, onde foi campeão brasileiro em 2001. Em 2002, o “Xaropinho” foi vencedor da Copa do Mundo com a Seleção Brasileira.
Dagoberto, Jadson, Alan Bahia e Fernandinho foram alguns dos atletas que surgiram do clube fundado em 1994 para trazer garotos do Japão que pretendessem fazer intercâmbio no futebol brasileiro. Surgia assim o trabalho da agremiação nas categorias de base, incorporando também garotos da região norte do Paraná, em Londrina.
A participação do clube em torneios profissionais ocorreu somente em 2010, na terceira divisão do Estadual, por norma da Federação Paranaense de Futebol (FPF): clubes formadores só jogariam torneios oficiais na base se participassem também do profissional. Posteriormente, o clube passou a jogar em Cornélio Procópio, em 2013, após parceria em busca de torcedores. Surgia assim o PSTC Procopense ainda nas divisões inferiores do Campeonato Paranaense de Profissionais.
3. São Paulo já jogou na região diante do União
Em 1990, o São Paulo esteve na região do norte pioneiro para enfrentar o União Bandeirante. O duelo foi válido pela Copa do Brasil, assim como o jogo de 2017 contra o PSTC.
O União, surgido em 1964, sempre foi uma das potências do interior paranaense. Com destaque na década de 60 está o surgimento da famosa e temida “Dupla Caipira” formada por Paquito e Tião Abatiá. Ambos ampliaram status de celebridades na sequência ao defender o Coritiba.
Outras grandes revelações ampliaram o ciclo do clube, que fechou as portas. Entre elas, o goleiro Fábio, atualmente no Cruzeiro, foi lançado pelo denominado Caçula Milionário. Mesmo quando ainda era camisa 1 do clube do norte pioneiro, já contava com convocações para as categorias de base da Seleção Brasileira.
No decorrer da história do União foram inúmeros vice-campeonatos estaduais. Entre eles em 1992, última participação de um clube do norte pioneiro em finais do Campeonato Paranaense. O clube, mesmo que atualmente fechado, carrega uma das lendas mais conhecidas do futebol paranaense, presença garantida em grande parte das mesas de debate sobre clubes interioranos.
Fala-se no estado que, em um duelo antigo na cidade de Bandeirantes, o presidente do União, Serafim Meneghel, teria dado um tiro em uma bola de futebol para evitar que uma penalidade fosse marcada contra a equipe. O fato foi desmentido, criado apenas para aumentar o folclore na região; no entanto, não se desmente que o folclórico dirigente assistia aos jogos armado para pressionar árbitros e oponentes.
Em relação ao duelo do União contra o São Paulo, em 1990, a cobertura da imprensa chama atenção. A Copa do Brasil, de acordo com noticiário da época, chegou a ser tratada como um torneio de menor importância, quase marginal no futebol brasileiro. No entanto, superou as expectativas. Tanto que ganhou história própria no livro Copa do Brasil: Kaburé, Cícero Ramalho e Outras Histórias, de Alex Escobar e Marcelo Migueres, que chega a mencionar o duelo entre a equipe do norte pioneiro paranaense e o Tricolor do Morumbi.
4. Matsubara mandava para a Seleção Brasileira de novos
Surgido em 1974, o Matsubara de Cambará ocupou espaço da antiga Cambaraense. Ambas foram equipes de tradição na região do norte pioneiro. A Cambaraense inclusive chegou a participar de final do Campeonato Paranaense em 1953, mas nunca foi campeã. O Matsubara, porém, ganhou evidência pela produção de atletas em alto nível no futebol nacional.
Na década de 80, foram variados os atletas do clube convocados para a Seleção Brasileira de novos – com destaque para Djalma Bahia, atacante que faleceu em acidente de carro quando havia se transferido para a Portuguesa. Djalma atuou por diversas vezes com a camisa da Seleção Paranaense de juniores e da Seleção Brasileira de novos. Era convocado mesmo defendendo o Matsubara.
Denominado “Japonês do norte pioneiro”, o Matsubara foi protagonista local em diversos sentidos. Foi pioneiro em criar centro de treinamento para os atletas de base, na década de 80. Foi protagonista também da criação do Campeonato Paranaense de Juniores em 1977. Além das convocações, chama atenção o atacante Pedrinho, em 1984, autor do gol decisivo no único título brasileiro de juniores conquistado pela Seleção Paranaense, contra o Rio de Janeiro.
* O Iraty foi campeão estadual em 2002, embora no ano em questão tenha sido realizado também o Supercampeonato Paranaense, que teve o Atlético-PR vencedor.
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