Até hoje há quem repita a frase “time grande não cai”. Nem é mais um clichê. É uma burrice: está provado que os grandes caem sim, cada vez com mais frequência. Mas não é um feito simples. Com dinheiro, estrutura e grande torcida, é preciso uma conjunção de fatores muito bizarros para que um rebaixamento assim aconteça. E é por isso que casos assim sempre ficam marcados na história. Foi o que aconteceu com o Fluminense de 1998, que caiu para a Série C do futebol brasileiro.
Como caiu
Nada está tão ruim que não possa piorar. A lei de Murphy era o lema do Fluminense de 1998. Depois de cair para a Série B no ano anterior, o time foi mal no Carioca, no Rio-São Paulo e na Copa do Brasil.
Então veio o fundo do poço: o Fluminense começou displicente na Série B e só foi vencer na sexta rodada, em um grupo que tinha Joinville, ABC, Paysandu, CRB e Juventus.
Era preciso ficar entre os quatro melhores da chave, após a disputa de dois turnos, para avançar. Parecia fácil demais, mas o Tricolor complicou: fez apenas 11 pontos em 10 jogos e caiu.
Na última partida, o Fluminense só precisava de uma vitória sobre o ABC em Natal, mas nem com a “ajuda” da arbitragem conseguiu. Houve um gol contra polêmico assinalado para os cariocas, mas a partida terminou 1 a 1 e o vexame histórico foi concretizado.
Quem caiu
Nesta última partida do Fluminense na Série B houve um lance simbólico: Branco, líder do elenco, foi expulso quando a partida estava 1 a 1. Ou seja, naquele time nem os veteranos conseguiam manter a cabeça no lugar para jogar futebol.
A esperança tinha ficado sobre os ombros de jogadores jovens, que no futuro mostraram ter algum talento, mas na época não deram conta do recado. Foi o caso de Roger (futuro Galisteu-Secco), Roni, Magno Alves e Roberto Brum, por exemplo.
Durante a campanha da Série B, a diretoria ainda tentou fazer contratações emergenciais para resolver esse problema. Mas de nada adiantou trazer, por exemplo, o goleiro Ronaldo, recém saído do Corinthians, e o meia-atacante Sérgio Alves, que quase marcou o gol da salvação contra o ABC. O rebaixamento já tinha sido desenhado por jogadores como Bruno Carvalho, César, Adílson, Júlio César, Nonato, Gil Baiano, Marco Brito e outros pernas de pau.
Como subiu
O Fluminense tentou não disputar a Série C, mas deixaram para virar a mesa depois. Então, sob o comando de Carlos Alberto Parreira, o Tricolor passou pelas três fases da competição (grupos, mata-mata e quadrangular final) para ser campeão.
Roger fez dois gols no jogo que decretou o acesso para a Série… A! Nunca é demais lembrar: a criação da Copa João Havelange fez o Fluminense passar “magicamente” da 3ª divisão para elite.
Aprendeu?
Depende do ponto de vista. Foi em 1999, um ano depois do rebaixamento, que o Fluminense oficializou a parceria com a Unimed, algo que futuramente lhe rendeu diversos títulos.
Porém, o Fluminense também viveu crises durante esse período, não investiu de forma adequada na estrutura (quem não se lembra do rato nas Laranjeiras?) e novamente luta contra o rebaixamento, no Campeonato Brasileiro deste ano. A lição de Murphy é antiga: essa situação ainda pode piorar.
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