Como em muitos filmes, minha relação com o protagonista dessa história começa com ódio e termina em amor. Mas não pensem que se trata de um romance adolescente, ou dos dramas românticos que tanto vemos nas telas. Aqui o ódio se transformou em admiração — uma admiração enorme.
Vamos lá: tudo começou em 2017, quando o Operário contratou o atacante Schumacher. Vindo do Uberlândia, o atacante chegou para disputar a Série D do Brasileiro com o Fantasma.
A estreia com a camisa alvinegra não foi das melhores. Então a torcida — eu inclusa — logo começou a pegar ranço dele. Schumacher é grande, com 1,92m, meio lento, pacato… Ele não convenceu ninguém até o fatídico dia 30 de julho de 2017.
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Começava o mata-mata da Série D. O OFEC já tinha perdido fora de casa para o Espírito Santo por 1 a 0 e precisava vencer em casa para continuar brigando pelo acesso inédito. Com o jogo zerado, Gersinho chama o Schumacher no banco. Na mesma hora, eu viro para meu tio e disparo: “se esse cara entrar, eu vou embora”.
Não cumpri o que prometi e paguei pela língua: foi ele quem fez o gol que levou o jogo para os pênaltis, possibilitando a classificação do Fantasma — e fazendo a torcida aplaudir o jogador que tanto criticou.
O Operário alcançou o acesso, enfim. No jogo que nos daria o título, uma amiga e eu (Sophia, te amo) fizemos uma faixa com os dizeres: “Perdão, Schumi”. A faixa, estendida no meio da torcida organizada Trem Fantasma, ganhou assinaturas de pessoas que, como nós, se renderam ao gigante Schumacher.
Se a história terminasse aqui, o texto já valeria a pena e minha admiração seria mais que justificada. Porém, Schumacher não se cansa de ser decisivo — e salvar nosso OFEC. Já na Série C de 2018, o Operário brigava pelo acesso, mas perdeu de 1 a 0 para o Santa Cruz, no Recife. De novo, precisávamos do resultado em casa.
No jogo da volta, um dia mágico e inesquecível, o zagueiro Alisson abriu o placar, dando um respiro ao torcedor operariano. Mas a vaga pra tão sonhada Série B ainda não estava garantida… Até que, mais uma vez, o predestinado Schumacher marcou.
Foi um gol absurdo de bonito: com um cruzamento do Léo e um voleio perfeito de Schumacher, o Operário marcou 2 a 0 e o Germano Krüger explodiu. Depois disso, Schumi ainda ajudaria a construir o terceiro e derradeiro gol. Enfim…
Se, no ano anterior a gente tinha aprendido a admirá-lo, foi nesse momento que a torcida se apaixonou por Schumacher. E assim essa admiração só cresceu: ele não é um “matador” nato, mas ajuda na pancadaria quando necessário.
Schumi não é aquela estrela que faz gol todo jogo — só tem 20 gols pelo Fantasma em cinco anos de contrato —, mas fez os gols mais importantes e também um dos gols mais lindos que o Germano Krüger já viu.
Teve gol de letra na série B de 2020, por exemplo. E, em 2021, ele fez um dos gols mais importantes para evitar a queda para a Série C. O OFEC, que começava a ensaiar uma queda, beirando o Z4, iria jogar em casa contra o Remo. Um jogo mais que decisivo. Como sempre, a luz do craque brilhou: Schumi fez o segundo gol do Operário e praticamente cravou nossa permanência na Série B de 2022.
Talvez 2022 seja o último ano de Schumacher com a camisa alvinegra. Então, não podemos deixar de exaltar um dos principais jogadores da história do OFEC. Se ele só fez 20 gols em cinco anos, ele fez os três gols mais importantes da história recente do clube. Ele merece — e muito — o título de iluminado.
Além de tudo que fez pelo Operário em campo, Thiago (nome real do Schumacher) é um cara incrível, que tem identificação com o clube e com a cidade. Fico feliz demais por poder ver o Schumi jogar, assistir a esses gols ao vivo e ter tido a oportunidade de xingá-lo – para depois elogiá-lo. Até porque, como dizem, “mais elogios e menos críticas”, né?
Se toda boa história de amor tem final feliz, queria muito que ele fizesse o gol do título estadual de 2022. Vai que a luz dele brilha mais uma vez? Não custa torcer!

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