Foi Cristiano Silva.
E caso você não esteja familiarizado com o pouco ortodoxo título deste post, vamos relembrar a tal da entrevista do Marcinho Caganeira:
https://www.youtube.com/watch?v=Vf8GzevU4bk
OK, pare de rir. Agora, vamos contextualizar em que momento da história isso aconteceu.
Na Copa do Brasil de 2005, Bahia e Grêmio se enfrentaram na primeira fase. Em 16 de fevereiro, no Estádio da Fonte Nova, o Bahia recebeu o time gaúcho e venceu por 2 a 1. Na partida de volta, em 2 de março, o Grêmio recebeu o Bahia no Estádio Olímpico e venceu por 1 a 0, avançando graças ao critério de gols marcados fora de casa que todo mundo conhece de cor e salteado no Brasil.
Rebaixado no Campeonato Brasileiro de 2004, o time gaúcho se reforçava para o ano seguinte. Dentre os nomes contratados, estava o lateral Marcinho, revelado pelo Rio Branco-SP e com passagens por Goiás e São Caetano.
Neste 16 de fevereiro de 2005, com o microfone, estava Cristiano Silva, então repórter de campo da Rádio Bandeirantes de Porto Alegre, que trabalhava na transmissão do jogo com o narrador Daniel Oliveira e com o comentarista João Carlos Belmonte. Atendendo a pedidos, Cristiano gentilmente topou contar a versão da entrevista.
Mais uma vez, agora publicamente, deixo aqui o agradecimento ao Cristiano, que esbanjou simpatia para contar o relato que você lê abaixo. Vale cada palavra:
“Era um jogo de meio de semana e chovia muito em Salvador. Grêmio se reestruturando após o rebaixamento, e o Marcinho era um lateral que veio do interior de São Paulo – pouca habilidade, mas um grande coração. Eu, na época estava trabalhando na Rádio Bandeirantes, de Porto Alegre, e fui cobrir este jogo.”
“A bola rolava ainda no primeiro tempo, quando eu vi o Marcinho pedir para sair. A troca foi rápida e ele foi direto para o vestiário, que ficava atrás do gol da direita das cabines de rádio no Estádio da Fonte Nova.”
“O mais incrível é que, das três rádios de Porto Alegre que estavam cobrindo o Grêmio no jogo, só eu fui saber do Marcinho o que tinha acontecido, dizendo que estava com caganeira, cagando pura água, debilitado e tudo mais.”
“Foi muito difícil não rir da cara dele falando que tava cagando pura água. Foi muito complicado segurar a risada. Aí, no meu retorno, eu escuto o comentarista, que era o Belmonte, soltar uma forte risada na hora que o Marcinho estava falando. Aí foi duro segurar.”
“O Daniel Oliveira, que era quem estava narrando, é um cara que não consegue segurar o riso, aí imagina o que aconteceu quando ele voltou a narrar. Começou a narrar dando risada do Marcinho e de toda a situação. O Belmonte, vendo o apuro do Daniel, que não parava de rir, começou uma tese sobre a diarreia e o quanto ela debilita o jogador.”
“Esta entrevista rodou o mundo e eu nem imaginava que ela fosse repercutir tanto e repercute até hoje. Eu, como repórter, já ganhei Prêmio ARI de jornalismo, Prêmio SESC de jornalismo em Brasília – e não foi pela entrevista do Marcinho caganeira e sim por uma matéria especial que fiz sobre o Inter -, mas todo mundo lembra desta entrevista do Marcinho.”
“Acho muito legal, muita gente vem e me fala: ‘pô, Cristiano, quando eu estou triste, eu escuto aquela tua entrevista com o Marcinho e tudo muda’. Aí eu fico feliz pra caramba porque, mesmo sem querer, a entrevista virou uma piada muito engraçada.”
“O que me deixou triste foi que um cara foi no ‘Programa do Jô’ falar sobre o livro que ele estava lançando sobre histórias do rádio e relatou esta entrevista como se ele tivesse feito. Muita gente veio me falar sobre o ladrão de história, mas fazer o que, né?”
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