Pequenos Notáveis 2015: Caldense, a surpresa preparada em fogo brando
Quando um time de menor expressão se destaca em meio a rivais maiores em um determinado campeonato, há sempre uma série de fatores que escoram as possíveis justificativas. Desde expressões vagas e formais, como “estrutura” ou “planejamento”, até a porquês que soam como acusações, como “time de empresário”, time de prefeitura” ou “fogo de palha”.
Nenhum destes casos parece explicar a surpreendente Caldense, principal surpresa do Campeonato Mineiro de 2015. Coadjuvante nas últimas edições da competição, a Veterana surpreendeu ao terminar a primeira fase desta edição com a melhor campanha, à frente de Atlético e Cruzeiro, e deixando para trás outros rivais de força, como América-MG, Tupi e Villa Nova.
LEIA TAMBÉM:
Série C: base da Caldense arruma defesa do Guarani, mas acesso depende de solução no ataque

A fórmula mágica da Caldense parte do orçamento limitado do clube. Em 2015, a equipe trouxe de volta o técnico Léo Condé – que comandou a própria Caldense no Campeonato Mineiro de 2014, antes de disputar a Série C do Brasileirão com o Tupi. Com ele à frente, o clube montou um elenco barato, cuja folha salarial é estipulada entre R$ 120 mil e R$ 160 mil por mês – inferior ao salário de um único jogador nos rivais Atlético e Cruzeiro. Em 2015, o clube recebeu R$ 360 mil de direitos de TV.
Com estes valores, Condé montou seu elenco. Trouxe de volta nomes como o lateral esquerdo Rafael Estevam e os atacantes Luiz Eduardo (artilheiro da equipe em 2015 após ser dispensado pelo Boa) e Ewerton Maradona, além de se reforçar com atletas como Yuri (ex-Atlético) e Cristiano (trazido do futebol iraquiano). Já em novembro, com o Tupi eliminado na Série C, Léo Condé estava de volta à equipe de Poços de Caldas.
“Procuramos escolher os jogadores com melhor aproveitamento nos últimos estaduais, e nos preocupamos em montar não somente uma equipe com 11 titulares e, sim, contar com bom grupo, dentro das limitações financeiras. Fizemos boa pré-temporada, que começou em 1º de dezembro. A Caldense é organizada, estruturada, com bom Centro de Treinamento, que nos permite trabalhar com o melhor rendimento”, afirmou Condé.
Para 2015, a Caldense procurou jogadores com potencial técnico, a baixo custo, e os entregou a um técnico de confiança, com tempo suficiente para entrosá-los. O resultado apareceu em campo: na primeira fase do Campeonato Mineiro, foram 11 jogos, com sete vitórias e quatro empates, 16 gols marcados e apenas quatro sofridos. Única invicta da competição, a Veterana é também a dona da melhor defesa. Cerca de 2 mil torcedores, em média, comparecem aos jogos da equipe, evitando o déficit nas partidas em casa.

“Nosso projeto começou em 2014 e deu frutos esse ano. No ano passado (…), víamos potencial na equipe e, após a nossa participação na Copa do Brasil, chamamos o técnico (Léo Condé) e conversamos individualmente com a maioria dos jogadores que manifestaram a vontade de voltar. Assim, tivemos cerca de 80% do grupo de volta, o sistema defensivo todo, e atletas que a torcida se identifica, como o Ewerton Maradona e o Luiz Eduardo. Desta maneira, o potencial visto na última temporada se concretizou e conseguimos esse desempenho”, analisou Paulo Ney Castro, diretor de marketing do clube.
Com a campanha e a vaga assegurada na Série D do Campeonato Brasileiro, o time encarou o Tombense nas semifinais do Mineiro. Empatou o primeiro jogo (0 a 0), venceu o segundo (2 a 0) e chegou a 13 jogos de invencibilidade em 2015. Nas finais estaduais, encara o Atlético-MG, podendo fazer ainda mais história. Será que dá?
Informações: UOL, FutNet e Tribuna de Minas.