A Segunda Divisão do Campeonato Paulista de 2021 nem bem acabou, e a única certeza de que se tem para 2022 é que o campeonato será muito diferente.
Entre as várias novidades (vide box abaixo), a competição deverá ter a presença de times que se ausentaram da competição em 2021, ou até em outras temporadas anteriores. Nomes como Amparo, Andradina, Brasilis, Francana, Itararé, Jabaquara, Jaguariúna, Joseense e União Barbarense, entre outros, podem pintar.
Mas é provável que nenhum retorno vá ter tanto destaque quanto o do União São João. Desde que disputou a competição em 2014, o time de Araras se afastou do futebol profissional, chegando a levantar dúvidas se retornaria aos gramados um dia.
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Mas o dia chegou. Em 2021, o clube entrou na disputa das categorias sub-15 e sub-17 do Campeonato Paulista. Agora, os planos para 2022 são bem concretos: disputar a Copa São Paulo de futebol júnior e a Segunda Divisão.
“A gente tinha a intenção de disputar a Segunda Divisão neste ano (2021), mas achamos melhor – já que o campeonato é bem rápido – esperar o próximo ano. Existe a cabeça nossa para preparar não vou dizer um time para subir, mas um time para disputar pé no chão”, afirmou José Mário Pavan, presidente do União São João, em entrevista ao Última Divisão.
E o próximo passo para a retomada em 2022 pode vir já em janeiro. “A gente tem a intenção de disputar a Copa São Paulo, tem a intenção de fazer um convênio com a Prefeitura. A condição de disputar a Copa São Paulo é sendo sede”, afirmou também.
Nos campeonatos de base de 2021, o União fez campanhas modestas. No sub-15, foi o quarto colocado do Grupo 3 da primeira fase, com 16 pontos em 10 jogos, atrás de Brasilis (21), Ponte Preta (20), e Red Bull Bragantino (19), à frente de Mogi Mirim (10) e Itapirense (0). No sub-17, com os mesmos times na chave, somou seis pontos em dez jogos e foi o quinto colocado. Curiosamente, nos dois torneios, os mesmos três times avançaram: Brasilis, Ponte Preta e Red Bull Bragantino.
As eliminações prematuras não desanimam Pavan, que vê o trabalho de retomada no começo. Mesmo já fora das competições, ele afirma que o União segue fazendo avaliações e amistosos para angariar jogadores para as categorias de base.
“Se você voltar do dia para a noite, você não consegue ter uma base boa. Não tivemos bons resultados em campo, principalmente no sub-17, mas você vê que já começa a ter um potencial melhor. O time sub-15 é bem superior tecnicamente ao sub-17, então já começa a se criar uma base. Quando você volta, todo mundo está empregado, então você pega praticamente a sobra”, afirmou. “A gente está começando a engatinhar outra vez. Tem que ter paciência para isso.”
Se os resultados em campo não foram dos melhores, fora dele deram motivos para que o clube comemorasse. Segundo José Mário Pavan, a “euforia” da torcida com a volta ajudou o União a vender cerca de mil camisas em uma semana. E a cidade de Araras, enfim, voltou a se animar com o principal time da história do município.
“A cidade não dava tanto valor. Quando você perde é que se dá o valor. Nesse período que (o clube) ficou parado, a cidade sentiu a falta”, afirmou.
A paz política e a volta aos gramados
A possibilidade de uma volta do União São João aos gramados já vinha sendo trabalhada nos últimos anos, mas ganhou força em 2020 com a eleição de Pedrinho Eliseu (PSDB) à Prefeitura.
Pedro Eliseu Filho já havia sido eleito em 2016, mas teve o registro da candidatura negado antes mesmo da posse. Ele chegou a assumir o cargo mediante liminar, mas a liminar foi revogada em 2018, quando o TSE determinou novas eleições. Junior Franco (DEM) acabou eleito.
Em 2020, com a situação regularizada, Pedrinho teve uma vitória relativamente tranquila nas urnas, somando 42,82% dos votos. Bonezinho Corrochel (PTB) teve 29,01%, enquanto Junior Franco (DEM) teve 19,87%.

A volta de Pedrinho Eliseu à Prefeitura de Araras permitiu uma retomada do projeto do União São João – que, em 2017, acreditava ter boas chances de retornar aos gramados já em 2018. Com a situação política da cidade mais pacificada, a diretoria conseguiu apoios para se organizar melhor.
“O União foi caindo, caindo, caindo. A gente foi caindo, o torcedor afugentou, o patrocinador também estava sumindo. Tudo é em função do dinheiro. O União foi caindo por falta de dinheiro. Eu costumo dizer que, sem fubá, não se faz polenta. O União ainda tem uns déficits, ainda tem um passivo. O que mudou de 2018 para cá foi a vontade do prefeito eleito que assumiu este ano”, diz Pavan, elogiando a parceria com Pedrinho Eliseu.
“Ele é um desportista nato. A gente não pode usar nada da Prefeitura, mas ele tem uma certa liderança junto ao empresariado para amealhar recursos. O que faltava era esse apoio financeiro. A gente não vai ter um monte de dinheiro. A gente não quer ver voltar fazendo palhaçada, ficar devendo para jogador”, acrescentou.
Assim, em paz com o Executivo local e com o apoio de empresários, o União São João enfim voltou aos gramados. E a tendência é que as torcidas revejam o clube na Segunda Divisão do Campeonato Paulista de 2022.
“Está bem armado, está bem esquematizado para a gente voltar. Tem grandes chances. Demos o primeiro passo”, afirma José Mário Pavan.
O que deve mudar na Segundona em 2022
Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 no Brasil e a situação da pandemia esboçando uma situação mais favorável, o mais provável é que a competição abandone o formato curto utilizado em 2020 e 2021, com uma primeira fase em grupos e confrontos de mata-mata (ida e volta) já a partir da segunda fase.
A partir de 2022, é possível que a Segundona comece já em abril – o torneio de 2020 começou em outubro, enquanto o de 2021 foi iniciado em agosto – e inclua pelo menos mais uma fase de grupos. Além disso, voltaria a ter jogos apenas aos finais de semana.
Assim, a Segunda Divisão de 2022 tem tudo para ser um torneio mais longo do que foi em 2020 e 2021, a exemplo do que era até 2019.
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