Atualmente a torcida da Portuguesa não tem a menor condição de ser orgulhar do seu time: desde 2018 não disputa nenhuma divisão nacional, quase caiu para a Série A3 no Paulistão e ainda corre risco de perder o estádio do Canindé. Porém, há poucos anos, a situação era bem diferente. Em 2011, o time subiu para a Série A do Campeonato Brasileiro com uma campanha impressionante, que gerou um grande apelido para aquele esquadrão, em referência a um time catalão que também estava no auge: a “Barcelusa” foi um fenômeno no Brasileiro Série B.
Aquele time foi campeão com sobras, chegou a ficar 18 jogos sem perder e fez a torcida da Portuguesa sonhar com novos momentos de glória. Mas durou muito pouco: metade do time foi desmanchado e, com outros problemas, a Lusa – que já não tinha nada de Barcelona – foi rebaixada no Campeonato Paulista de 2012.
Alguns jogadores da Barcelusa ainda estão em times médios por aí, mas muitos “sumiram”. Pouquíssimos conseguiram algum sucesso posteriormente. Mas em tempo de vacas magras é bom lembrar desses atletas que deram a última sensação de orgulho para a Portuguesa.
Veja onde eles foram parar:
GOLEIROS
Wéverton: se transferiu para o Athletico (PR) em maio de 2012 e virou o herói improvável do ouro olímpico da Seleção Brasileira após a lesão de Fernando Prass. Em 2018 se transferiu para o Palmeiras e ajudou o clube a se sagrar campeão brasileiro.
Bruno: até virou titular no Palmeiras, foi campeão da Copa do Brasil de 2012 jogando, mas falhou muito e saiu do clube. Seu último clube foi o Fort Lauderdale Strikers, dos EUA, que tinha Ronaldo Fenômeno como presidente. Atualmente é treinador e comentarista do serviço de streaming DAZN.
Tom: era o terceiro goleiro daquele time e ficou na Portuguesa até 2015. Depois jogou no ASA (AL), no Nacional (AM), no Grêmio Anápolis (GO), no Rio Verde (GO) e no Real Sport Club de Portugal. Em 2019, defendeu o Central de Caruaru (PE).
LATERAIS
Luís Ricardo: chegou como atacante e virou um lateral de qualidade. Não foi bem no São Paulo, mas se destacou no Botafogo, onde ficou até 2018. Em 2019, se transferiu para a Ponte Preta, mas se desligou do clube pouco antes da Copa América.
Ivan: era muito jovem na época e reserva. Teve uma chance no Coritiba, mas foi pouco aproveitado. Rodou por vários clubes paulistas, como Atlético Sorocaba, Bragantino, Água Santa e Ituano. Atualmente disputa a Série C pelo ABC (RN).
Marcelo Cordeiro: era um ponto forte da Barcelusa e ficou no Canindé até 2013. Depois virou um andarilho da bola, com passagens por São Bento (três vezes), Sport, Metropolitano, Red Bull Brasil e Vila Nova. Pendurou as chuteiras em 2019.
Raí: teve pouco sucesso depois da Barcelusa. Jogou por Botafogo-SP, América-RN, Náutico, Paysandu, Água Santa, Moto Club, entre outros. Seu último clube, em 2019, foi o Cascavel (PR).
ZAGUEIROS
Rogério: vindo do Uberlândia (MG), o zagueiro e lateral esquerdo era destaque na defesa da Barcelusa, mas teve uma carreira irregular depois, com bons e maus momentos. Ficou no Canindé até 2013, passou pelo Criciúma e foi campeão da Série B de 2014 pelo Joinville. Ainda jogou por Linense e Ituano antes de retornar ao Uberlândia, onde está até hoje.
Jaime: chegou a jogar em um time pequeno de Portugal, o Desportivo Nacional, mas logo voltou e defendeu o Figueirense. Caiu para Série C com o Joinville em 2016 e jogou no Santa Cruz no ano seguinte. A partir de 2018, foi fazer a vida na Indonésia: primeiro no Persija Jakarta e agora no Madura United.
Mateus Alves: depois da Barcelusa, chegou a ir para times da Série A, como Cruzeiro, Sport e Figueirense. Voltou para Portuguesa em 2016 e participou da campanha do rebaixamento para a Série D. Na ocasião, seu carro foi apedrejado por torcedores vândalos. Em 2019, defendeu o Mixto (MT).
Renato Chaves: era uma grande promessa do Corinthians e jogou nas categorias de base da Seleção Brasileira. Mas aos poucos decepcionou e, apesar da participação na Barcelusa, tem tido uma carreira apenas razoável. Passou por Athletico e Ponte Preta, mas se firmou no Fluminense, embora tenha sofrido com lesões e erros frequentes. Desde 2018 está no Al-Wehda (SAU).
VOLANTE
Guilherme: é um dos jogadores que teve mais sucesso depois de atuar na Barcelusa. Foi contratado pelo Corinthians e se tornou titular após a saída de Paulinho. Mesmo sem brilhar tanto, acertou sua ida para a Udinese (ITA). Fez uma boa temporada de estreia por lá, mas depois caiu de produção e foi negociado com o Deportivo La Coruña para jogar a temporada 2016/2017, na qual foi titular em 26 jogos. Atualmente está no Olympiakos (GRE).
Ferdinando: depois da Barcelusa, foi para o futebol asiático. Jogou no Incheon United (COR) e no Jubilo Iwata (JAP). Voltou para Portuguesa em 2015, mas acabou afastado em 2016 após uma foto sua bebendo cerveja com uma toalha do Corinthians vazar na internet. Foi reintegrado dias depois, mas logo sofreu uma lesão, foi dispensado e saiu magoado do clube. Em 2018, fechou com o Nacional (SP).
Raí Diego: jogador revelado na Lusa, parecia ser um jogador melhor do que se tornou. Atuou pela Portuguesa até 2012, passou por Chongqing Dangdai (CHI), Atlético de Sorocaba (SP) e ASA (AL). Em Vilhena (RO), o volante viveu momentos de terror e acabou fugindo da cidade, junto com outros jogadores, após protestos por a falta de pagamento. Seu último clube foi o Taubaté (SP).
Boquita: surgiu como promessa no Corinthians, mas chegou para a Portuguesa já em baixa. Ainda ajudou na Série B, mas continuou a sumir aos poucos… Atibaia, Atlético de Sorocaba, Vila Nova, Marília… até voltar para a Lusa. Ficou lá até maio de 2016. Em 2017 atuou pelo Brusque e foi para o CSA, onde ajudou o time a sair da Série C e chegar à Série A. Em 2019, jogou o primeiro semestre pelo Brasil de Pelotas.
MEIAS
Marco Antônio: principal cérebro do time, era até chamado de Xavi da Barcelusa. Chamou atenção de clubes grandes e foi para o Grêmio, com a missão de se tornar o principal articulador do time, mas não confirmou as expectativas. Depois passou por Athletico (PR) e Figueirense. Ficou por duas temporadas no Al-Khor (CAT) e voltou para o Náutico em 2016. Em 2017 voltou para o Figueirense, onde se aposentou no final de 2018.
Henrique: formado na Portuguesa, era muito querido pela torcida e também foi um dos grandes destaques. Depois passou a ser emprestado e jogou por Paraná, Botafogo-SP, América-MG e XV de Piracicaba. Disputou a Série C pelo Cuiabá em 2016 e pelo menos não caiu. Em 2017, jogou pelo Grêmio Novorizontino, que passou pela fase de grupos no Campeonato Paulista. Atualmente disputa a Série C pela Tombense (MG).
Junior Timbó: na época era reserva e não atuava com muita frequência. Logo saiu da Portuguesa e rodou por diversos times. Virou um legítimo andarilho da bola: América-MG, Atlético Sorocaba, Águia (duas vezes), ABC, Chapecoense, América-RN e Bragantino. Até que voltou para a Portuguesa, mas teve problemas com contusão e não conseguiu ajudar o time a se livrar da queda em 2016. Ainda passou por Juventus (SP), Mogi Mirim (SP) e Náutico. Seu último clube foi o Confiança (SE). E continua a rodar…
ATACANTES
Ananias: descanse em paz, Ananiesta! Era um dos jogadores que mais se esperava, por ser habilidoso e fazer gols. Passou por Cruzeiro e Palmeiras, mas só voltou a jogar bem no Sport. Teve a honra de fazer o primeiro gol na nova arena do Palmeiras, o Allianz Parque. Os rivais até chamaram o estádio de “Ananias Parque”. Foi para a Chapecoense em 2015 e estava no avião que caiu na Colômbia no dia 29 de novembro de 2016. Ele tinha 27 anos e deixou um filho.
Edno: era fundamental para o time por causa da sua mobilidade no ataque e também pela experiência, pois já era bem rodado naquela época. Após sair da Barcelusa, ele foi para o México e para o Japão. Foi repatriado, chegou a voltar para a Portuguesa, mas não deu certo. Em 2016, atuou bem pelo São Bento no Campeonato Paulista e pelo Remo na Série C. Em 2019, Edno passou por três clubes: Atlético Tubarão (SC), Remo (PA) e jogou a Série D pelo Brasiliense (DF).
Lucas Gaúcho: surgiu como promessa nas categorias de base do São Paulo, mas nunca justificou esse status entre os profissionais. Após ajudar como reserva na Barcelusa, ele rodou por times do interior paulista e partiu para jornadas alternativas: jogou na Tailândia, Vietnã, Tunísia, Lituânia, Japão, Omã e Israel. Em 2017, fechou com o Jorge Wilstermann (BOL) e virou um dos artilheiros no campeonato boliviano. Em 2019, foi emprestado ao Operário Ferroviário (PR).
Rafael Silva: ele estava no elenco, mas jogou poucas vezes, até porque estava passando por um drama pessoal: foi suspeito de ter matado a própria namorada em julho de 2011. Só foi inocentado no ano seguinte, quando defendia o Noroeste. Conseguiu dar a volta por cima no Ituano, que foi campeão paulista, e teve passagens por Vasco, Cruzeiro e Figueirense, Guarani e Bragantino. Em 2018 jogou pelo Dalian Chaoyue (CHN) e agora está no Barito Putera, na Indonésia.
Leandro Love: já tinha rodado bastante no futebol antes de chegar na Portuguesa e se firmar no time, ainda que com pouco destaque. Jogou no Canindé até 2013. Depois ajudou o Red Bull Brasil a subir para a primeira divisão paulista, em 2014. Em 2017 já defendeu três times: primeiro Penapolense, depois Ceilândia e São Bento. Em 2019, após jogar pelo Sergipe, fechou com o Recreativo do Libolo (ANG).
TÉCNICO
Jorginho: após fazer bom trabalho como assistente e interino no Palmeiras em 2009, Jorginho passou a ser nome comum entre muitos times medianos, mas sempre foi irregular. Na própria Portuguesa, por exemplo, ele também caiu com o time para a Série A-2 do Campeonato Paulista. Acumulou uma série de fracassos, como no Náutico e no Vitória, mas ajudou a salvar a Chapecoense do rebaixamento no Brasileirão em 2014, ainda que tenha sido demitido antes do final da competição. Em 2015, foi mal no Atlético-GO. Era uma das esperanças para salvar a Portuguesa em 2016, mas foi demitido antes do fim da Série C. Em 2017 fez um bom trabalho no Água Santa, que quase voltou à elite do Paulistão. Em 2019, retornou ao Nacional (SP) com a missão de fazer o time escapar do rebaixamento. Não deu certo: o clube da Barra Funda jogará a A3 em 2020.
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