No primeiro ano, ter o seu próprio centro de treinamento. No segundo, atingir a marca de 20 mil sócios e voltar à primeira divisão de Pernambuco. No quarto, disputar a terceira divisão nacional. No sexto, classificar-se para a Série B e disputar uma vaga na elite do futebol nacional. Pode parecer ousadia pura (e é), mas estas são as novas pretensões do Íbis Sport Club, internacionalmente conhecido pelo rótulo de “pior time do mundo”.
No entanto, se depender da atual diretoria, o título que seria motivo de vergonha para qualquer torcida – mas é orgulho da torcida pernambucana – está fadado a se tornar apenas uma ação de marketing. Afinal, o Pássaro Preto firmou uma parceria com uma empresa de financiamentos e investimentos corporativos no futebol com o intuito de conseguir patrocinadores para sair da segunda divisão estadual e alcançar a tão sonhada glória. Como glória, leia-se deixar a fama de perdedor para ser lucrativo no futebol moderno.
Afinal, desde a década de 1970, quando acumulou nove derrotas consecutivas e 23 jogos sem vitórias em um mesmo torneio, o time é sinônimo de derrota, chegando até mesmo a inspirar a criação do Tabajara Futebol Clube, o fictício time dos humoristas do Casseta & Planeta, famoso por não somar vitórias e ainda ter uma vaca como principal craque.
Nesta temporada, com um time repleto de jogadores jovens e sem qualquer vaca atuando no ataque, o Íbis literalmente “representou” em campo. Em oito jogos disputados na Série A-2 do Campeonato Pernambucano, o time perdeu seis e ganhou dois, marcando sete gols e sofrendo 13. Porém, três times conseguiram fazer campanha pior que o Pássaro Preto: Manchete (1v), Decisão (1v) e Surubim (0v), sendo que este conseguiu perder todas as oito partidas que disputou.
Apesar da má fama e dos péssimos resultados recentes, o Íbis quase conquistou o que seria seu título mais expressivo em 1999, quando foi vice-campeão da segunda divisão estadual. Naquela ocasião, o time classificou-se em primeiro de seu grupo da primeira fase, com 12 pontos ganhos em 18 disputados, algo improvável quando se trata de Íbis.
Já na segunda fase, terminou em segundo lugar da chave, atrás apenas do Central, que viria a ser o adversário da final. Antes de alcançar a decisão, eliminou o Ferroviário nas semifinais graças a vitória por 3 a 1 na partida de ida, em casa. Na volta, perdeu por 2 a 1 fora de seus domínios, mas garantiu vaga na primeira divisão estadual do ano seguinte.
O título da Série A-2 em 1999, no entanto, acabou ficando mesmo com o time de Caruaru, que venceu as duas partidas, a primeira por 1 a 0 na casa do Íbis e a segunda por 2 a 1 em seus próprios domínios. Entretanto, apesar de toda euforia pela campanha no ano anterior, o time voltou ao antigo patamar e foi eliminado na primeira fase da elite, tendo vencido apenas uma das nove partidas que disputou.
Desta vez, porém, os planos do Pássaro Negro são outros. A idéia da nova parceira é agregar investidores dispostos a colocar dinheiro no time, tornando-o popular e – porque não? – vencedor. A participação da torcida, aliás, já está sendo incentivada por meio do site oficial do clube, onde a diretoria pretende colocar em votação o novo escudo da equipe. Além disso, será possível também investir na compra de jogadores para vestir a camisa rubro-negra da equipe.
Até mesmo a data do início da trajetória para deixar o limbo e atingir o sonho é simbólica: 15 de novembro de 2008, dia em que o time completa 70 anos de idade. Só resta esperar para ver se o vôo do Pássaro Preto será realmente astronômico ou apenas um vôo de galinha.
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