Túlio nem sempre foi marqueteiro ou lutou para chegar aos 1000 gols. Túlio nem sempre foi Maravilha. Antes de brilhar no Botafogo e se tornar o irrevente artilheiro que já jogou por mais de 40 clubes, o centroavante era como muitos outros jogadores de destaque, que tentam a sorte na Europa. No caso do atacante goiano, o destino era para ser a França, mas acabou sendo a Suíça.
Túlio surgiu para o futebol com a camisa do Goiás no final da década de 1980 e logo fez sucesso. Ele conquistou quatro Campeonatos Goianos (1987,1989,1990 e1991), foi escolhido para duas Bolas de Prata, o prêmio da revista Placar (1989 e 1991) e conseguiu em 1989 a primeira de suas seis artilharias nacionais.
Depois de anos apresentando bom futebol e marcando gols, o atacante decidiu que era hora de ir para outro lugar, fosse no Brasil ou fora do país. “Já estou no Goiás há mais de dez anos. Nos grandes centros, teria meu valor reconhecido integralmente”, disse Túlio, aos 22 anos, ao Correio Braziliense. O destino seria a Europa.
Em 1992, o passe do centroavante foi comprado por um grupo de empresários que, intermediado pelo agente brasileiro Roberto Gambassi, fechou acordo com o Goiás por US$ 1,5 milhão. A ideia era negociá-lo com algum time francês: Paris Saint-Germain, Montpellier, Bordeaux e Olympique de Marselha eram possíveis destinos, mas o escolhido foi o time parisiense.
Túlio, porém, não permaneceu na capital da França. Apesar de a negociação com o PSG ter ficado perto de ser finalizada, houve um empecilho. O treinador da equipe, o português Artur Jorge, que desconhecia o brasileiro, condicionou sua contratação a testes físicos e técnicos. Outra razão que motivou o técnico a pedir a prova era que a cota de estrangeiros no elenco do time estava no limite.
“Eu não levei chuteira e me deram uma muito apertada, que entrou mal”¹, explicou Túlio. “Dormi na França e acordei na Suíça”², completou. A chance de jogar com Valdo e Ricardo Gomes não se tornou realidade e o goiano acabou acertando para atuar pelo Sion, campeão do Campeonato Suíço de 1991/92.
Túlio conta que sua passagem na Suíça foi claustrofóbica e que cogitou até deixar o futebol. “Queria apenas viver. Pensei que tivesse chegado no máximo, no auge”³, afirmou. O atacante não se adaptou e decidiu voltar ao Brasil no final da temporada 1992/93, em que fez 14 gols e terminou em quarto na artilharia, encabeçada por Sonny Anderson (então no Servette, de Genebra), autor de 20. Apesar de interesse do Vasco, o destino acabou sendo o Botafogo, e o artilheiro se transformaria na Maravilha de General Severiano.
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¹Extraído de “Túlio Maravilha, o Artilheiro Irreverente”, trabalho de conclusão de curso da Faculdade Cásper Líbero escrito por Allan Farina, Diego Ribeiro e José Renato Gimenez em 2008.
²Idem.
³Idem.
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