O Clube Atlético Tubarão é o primeiro clube de futebol startup do Brasil. Fundado em 2005 com o nome de Cidade Azul, é o time que carrega o nome e as cores da bandeira da cidade de Tubarão. Entre 2005 e 2007, o clube disputou a segunda divisão estadual, subindo para a primeira em 2008 e caindo em 2009. Entre 2010 e 2015, ficou apenas na segunda divisão catarinense.
No ano de 2015, o C.A. Tubarão fechou uma parceria com a K2 Soccer S/A com o objetivo de modernizar e revolucionar a maneira de fazer futebol no Brasil, estruturando os setores do clube e investindo na qualificação. A parceria transformou o clube em uma SPE (Sociedade de Propósito Específico), e visa preservar as receitas para o clube, além de potencializar a capacidade de investimento no futebol.
Me lembro de ver o Tubarão jogar em Blumenau contra o Metropolitano em 2008 e 2009, mas não era um clube de muita expressão no estado, pelo menos desde 2005. Em 2015, ao ler sobre essa parceria, vi algo que sempre apoiei muito a implantação em nosso país, que é o clube-empresa. Desde então, comecei a acompanhar o clube, visto que um time startup é algo extremamente inovador. Mas como não tenho muita identidade com o clube, trouxe para vocês quatro pessoas que podem explicar melhor o que é o Clube Atlético Tubarão e sobre esse crescimento avassalador:
Julio Rondinelli, gerente de futebol do CA Tubarão
Última Divisão: O Clube Atlético Tubarão é uma startup, algo extremamente novo no futebol brasileiro. Quais as vantagens de ser uma startup e qual a relação disso com os resultados do clube?
Julio Rondinelli: A forma do CAT em tomar as decisões, a agilidade das soluções e aplicação das ideias criadas internamente, fazem com que o resultado do futebol seja o melhor possível e isso está diretamente ligado à desburocratização e aos processos que aqui são diferentes do futebol comum.
UD: A torcida vem apoiando muito e fazendo lindas festas. Qual você acredita ser o principal motivo para tanto apoio nesse novo projeto e o quanto a torcida auxilia para o crescimento do clube nessa nova ideia?
JR: O torcedor vem ao estádio e quer sempre ver uma equipe vibrante, uma equipe vencedora e que realmente contagie o torcedor e faça com que ele saia daqui feliz, faça com que ele consuma os produtos do clube. A relação fica muito próxima entre torcedor e clube.
A torcida é fundamental nas partidas em casa e também fora. O apoio nas redes sociais e também ativo do torcedor faz com que o atleta se sinta mais motivado, se empenhe e trabalhe muito mais buscando sempre o acerto.
Jean Cardoso, repórter da Rádio Super Santa AM de Tubarão
UD: Você é jornalista e acompanha o futebol tubaronense com frequência há muito tempo. Como foi o crescimento do Tubarão e por que você acha que esse crescimento aconteceu?
Jean Cardoso: As coisas começaram a mudar a partir de 2015, principalmente em questão de estrutura. Os alojamentos foram reformados, novo fornecedor de material esportivo, o gramado (estádio) foi todo remodelado, as arquibancadas foram pintadas nas cores azul, preto e branco (cores do CAT) e até um novo escudo foi feito, que ficou bem bonito.
Naquele ano o clube participou do catarinense da série B e teve bons resultados através de um trabalho muito sério, competente e difícil, visto que fazer futebol no Brasil é muito caro. Um trabalho inovador, até porque é um clube startup, algo jamais visto no Brasil. O Tubarão acabou subindo para a primeira divisão, de onde não saiu mais.
UD: Em quanto tempo você acha que o Tubarão atingirá o seu auge?
JC: Há um crescimento tão grande por parte de torcida e do próprio clube, que acredito que o projeto de chegar na série B (Brasileiro) até 2025 pode se antecipar. É um dos três times que não sofreu gols na série D e pode se classificar logo na terceira rodada. Também não posso deixar de destacar a chegada de Magno Alves que irá ajudar muito e, junto de Jaílton, Branquinho, Jean e Grafite, vai trazer muita experiência e solidez ao grupo do Tubarão. É um grupo muito sólido, muito bom e que enche os olhos de ver jogar.
O trabalho está sendo competente, muito sério, muito inovador, e eu acredito que com isso irá sim subir este ano para a série C. Mas não posso dizer como será na série C, pois é um campeonato novo e o time poderá passar por dificuldades. Provavelmente a diretoria irá montar um bom grupo para 2019 e não se dispensa a possibilidade de subir para a série B nacional, o que é inédito no futebol de Tubarão.
Jefferson Miranda Nunes, presidente da Batalhão Garra Tricolor (BGT), principal torcida organizada do CA Tubarão
UD: Como começou a sua identificação com o Clube Atlético Tubarão e como você vê o crescimento avassalador que o time vem tendo?
Jefferson Nunes: Eu faço parte disso desde 1989, quando meu padrinho de batismo, Lourival Hercílio da Rosa, me levou ao estádio. Eu tinha 12 anos. Desde então eu sempre acompanhei o antigo Ferroviário. Entrei na diretoria da organizada em 2015, quando assumi o compromisso de ser o presidente da mesma. Fui eleito por votação e desde então a paixão apenas cresce.
Estamos até assustados com o crescimento do clube. Está super rápido, não imaginávamos tamanha rapidez. Temos muita confiança no que o clube está planejando. Nosso apoio é total e sensacional, trabalhamos em conjunto, coisa que nunca houve. Nós da organizada somos todos sócios do clube, pagamos todo o mês e isso nos dá um grande respeito.
Acho que nós da BGT temos um compromisso com o clube, temos regras que são assumidas pelos sócios e até na hora de se cadastrar têm regras a serem seguidas. Não aceitamos desempregados, ou seja, indicamos um caminho para trabalhar antes de participar da organizada. Também não aceitamos usuários de entorpecentes, indico alguma ajuda, e isso nos faz uma torcida diferenciada.
Thays Aguilera, torcedora do CA Tubarão
UD: Como começou a sua identificação com o Clube Atlético Tubarão e como você vê o crescimento avassalador que o clube vem tendo?
Thays Aguilera: Bom, isso começou em um jogo que eu resolvi ir de bobeira, sempre curti futebol e pensei: “Por que não?”. Então fui e não parei mais de ir. No início ia sozinha aos jogos, mas depois conheci a torcida e hoje não faltam amizades para ir junto.
A torcida do Peixe não se dá só em números, mas em apaixonados. Se tornaram uma família, um vai puxando o outro e quando você vê já está entregue a este clube maravilhoso. Até mesmo no catarinense quando a fase estava ruim, o estádio lotava, isso é demais.
O crescimento tá aí pra quem quiser ver, clube, jogadores e torcedores entrosados. A torcida está sempre presente, estamos fazendo história e somos abençoados por morar em uma cidade na qual o futebol hoje se faz muito presente. É um degrau de cada vez, ainda nos verão na série A, mas a emoção de um bom futebol em uma cidade tão empenhada junto com o esporte já temos.
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