Na década de 60, alguns nikkeis participaram do momento dourado do futebol brasileiro. O primeiro foi o ponta Sérgio Echigo, do Corinthians. Echigo inventou o chamado drible elástico que, depois, seria aperfeiçoado por Rivellino. O segundo foi o ex-ponta direita Alexandre de Carvalho Kaneco, que teve destaque no Santos de Pelé nos anos 60. Com a camisa do alvinegro, Kaneco foi bicampeão paulista em 67 e 68. Outro jogador de ascendência japonesa que teve destaque no futebol brasileiro foi o ex-meia Ademir Ueta, o China.
Nascido na capital paulista em 3 de outubro de 1948, China iniciou sua carreira nas divisões de base do Palmeiras. A estreia com a camisa alviverde foi numa partida contra o Estudiantes da Argentina, pela Libertadores de 68, quando o time paulista acabou com o vice-campeonato.
Na época, o time de Parque Antártica vivia a Primeira Academia e tinha craques em seu elenco como Djalma Santos, Djalma Dias, Ademir da Guia, Dudu e Servílio. “Era difícil se firmar num time com tantos grandes jogadores. Naquele tempo, o Palmeiras dava uma atenção muito grande para quem estava começando a carreira”, relembra.
Demonstrando talento, China foi convocado para a seleção brasileira juvenil, integrando o grupo que conquistou o Pré-Olímpico na Colômbia e que conseguiu classificação para os Jogos Olímpicos de 1968.
Na Olimpíada da Cidade do México, o jogador participou somente de uma partida, contra a Espanha. O Brasil foi eliminado ainda na primeira fase. “Para mim, foi muito importante defender o Brasil. Uma coisa emocionante. Muitos países mandavam seus times principais e nós fomos com o time juvenil”, lamenta.
Trajetória
Depois de passagens pela seleção e pelo Palmeiras, China foi para o Náutico e, em seguida, para a Catanduvense. Defendeu ainda Marília, Juventus e Guarani. “Em 74, fomos campeões da divisão de acesso com o Grêmio Catanduvense. O time era treinado pelo Carlos Alberto Silva, que, depois foi técnico do São Paulo e da seleção. Uma excelente pessoa. Foi inclusive meu padrinho de casamento”.
Em 1978, Ueta atuava pelo Aliança de São Bernardo do Campo, quando surgiu uma proposta do Marítimo, de Portugal. China transferiu-se e permaneceu no clube da Ilha da Madeira por duas temporadas. “Foram dois anos ótimos em todos os sentidos. No primeiro, nosso esforço foi para permanecer na divisão de elite do futebol português. No segundo, tivemos um desempenho melhor. Chegamos às semifinais da Taça de Portugal e tiramos o título nacional do Benfica”, recorda emocionado.
Na Ilha da Madeira, o meia brasileiro era tratado como astro. “Os torcedores do Marítimo eram fanáticos. Quando eu andava de táxi ou ia ao supermercado, muitas vezes não precisava pagar a conta. Sempre trataram muito bem a mim e a minha família. Quando volto lá, ainda sou reconhecido”.
Depois da experiência na Europa, China retornou para a Catanduvense e depois atuou durante seis meses no Desportivo Português da Venezuela. O clube pertencia aos imigrantes portugueses que estavam no país. “O futebol na Venezuela era praticamente amador. Eles queriam na verdade que eu voltasse para o Marítimo de qualquer forma. Mas eu não podia por questões familiares. Encerrei a carreira jogando a terceira divisão paulista pelo Monte Alto”.
Atualmente, o ex-jogador mora em Catanduva, interior de São Paulo, e é diretor de uma empresa do setor agroindustrial. Seu filho Rafael Ueta seguiu a carreira do pai. O jovem meia teve passagens por Ponte Preta, Figueirense, Monte Azul, entre outros. Em 2011, Rafael foi anunciado como um dos reforços do Cabofriense para a disputa do Campeonato Carioca.
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