“Em seu 38º ano de vida, o coração de Maxim Tsigalko parou de bater.”
Foi com esta singela mensagem que o Dinamo Minsk, da Bielorrússia, anunciou a morte do ex-atacante Maxim Tsigalko no Natal de 2020. Uma notícia que pegou de surpresa inúmeros fãs de um ex-jogador que, aos 37 anos, era desconhecido de muita gente.
Leia também:
- 5 falsos jogadores que estiveram perto (hein?) de reforçar grandes equipes
- José Carlos Lippi, um cara que nos fez sorrir
- O primeiro gol da Série B 2020 foi marcado por um bielorrusso
Nascido em 27 de maio de 1983 na cidade de Minsk, capital da então República Socialista Soviética da Bielorrússia, Maksim Uladmirovich Tsyhalka (grafia do país) começou sua carreira nas categorias de base do próprio Dinamo Minsk. Em 1999, foi promovido ao time principal do Dinamo-Juni Minsk, uma equipe dedicada a atletas das categorias de base do Dinamo.
Em 2000, Tsigalko marcou 14 gols em 15 jogos pelo Dinamo-2 Minsk, outra equipe de formação do Dinamo, antes de chegar à equipe principal do clube. Ali, entre 2000 e 2005, viveu seus melhores anos, chegando a ser convocado em 2003 para a seleção da Bielorrússia. Atuou boa parte do tempo ao lado do irmão gêmeo, Yuri, e conquistou dos títulos: a Copa da Bielorrússia (2002/2003) e a Premier League do país (2004). Esteve perto de se transferir para o Marítimo (Portugal), mas se lesionou logo no primeiro treino pela equipe.
A partir daí, a carreira do atacante entrou em rápido declínio. Passou por Naftan Novopolotsk (Bielorrússia) e Kaisar (Cazaquistão) entre 2006 e 2008, sem sucesso. Ainda atuou por Banants (Armênia) e Savit Mogilev (Bielorrússia), mas precisou parar de jogar ainda em 2008, aos 26 anos, em decorrência de lesões.
Tsigalko seria um nome desconhecido do público fora do Leste Europeu se não fosse um detalhe: o começo promissor de carreira o colocou como um futuro astro internacional no jogo Championship Manager 2001/2002, marcando até 100 gols por temporada no game. Ele já foi descrito como “o atacante mais prolífico que o mundo nunca viu”, “a lenda” e “o maior jogador do Championship Manager”. Detalhe: no jogo, era possível comprá-lo por valores irrisórios. Quer investimento melhor?
O fato pegou Tsigalko de surpresa. “Eu nunca joguei o jogo. Nem uma vez! Nos últimos anos, muitas crianças me disseram que sou uma lenda no Football Manager (novo nome do game). Mas quando todo esse barulho estava sendo feito sobre o meu nome, eu não sabia de nada”, contou o próprio Tsigalko em 2018 ao site grego Gazzetta.
O responsável pelo estrelato do atacante foi Anton Putilo, então responsável pela base de dados do futebol da Bielorrússia no jogo, encantado com o potencial que viu na revelação do Dinamo Minsk.
“Eu era jovem naquela época”, explicou Putilo em 2013. “Eu acreditava que o futebol na Bielorrússia tinha futuro (…). Eu realmente gostei de Tsigalko. Ele era rápido, tinha faro de gol e brilhou nas categorias de base. Ele tinha tudo que precisava para se tornar um atacante de classe.”
Tsigalko não ganhou dinheiro suficiente para garantir uma aposentadoria tranquila após o futebol, e menos ainda com o oba-oba dos games. Longe do futebol, foi trabalhar na construção civil, depois com um restaurante que abriu com o irmão Yuri – que também se aposentou cedo. Não deu certo em nenhuma das tentativas.
“Quando parei de jogar futebol, ninguém me ligou. Todos já se esqueceram de mim. Eu queria trabalhar no futebol, tentei achar uma saída, mas ninguém estava com vontade de me ajudar. Ninguém queria me conhecer e ver a perspectiva. Eu não consigo entender o porquê”, desabafou. “Diga ao mundo que preciso de ajuda. Por favor.”
Maxim Tsigalko era casado e deixou duas filhas. A causa da morte não foi divulgada.
Comentários