De mascote animador de plateia nos jogos do Londrina Esporte Clube, o Tubarão se tornou herói do personagem protagonista de um dos raros games que retratam cenários brasileiros. Motivado pelo projeto de pesquisa de um canadense que evidencia influência e culturas de cidades variadas em jogos digitais, essa presença se tornou realidade no recém lançado Saga Pé Vermelho.
Lançado no ano passado, o jogo para computador foi produzido pelo estúdio Red Stomp e pode ser adquirido gratuitamente. No enredo, a história de um garoto que teve um vídeo game roubado por um grupo de malvados no museu de história de Londrina. Dudu, o protagonista, então precisa participar de aventuras em diversos pontos da cidade para tentar recuperar seu brinquedo. Fato que só é possível com a ajuda do Tubarão inspirado no mascote do LEC.
Em conversa com o designer de Saga Pé Vermelho, Thiago de Oliveira Vannuchi, o Última Divisão apresenta um pouco sobre essa presença não muito comum em games e o envolvimento com o mascote do Londrina Esporte Clube.
Última Divisão: Saga Pé Vermelho é um dos poucos jogos que coloca o Tubarão do Londrina Esporte Clube em evidência. Como decidiram incluir o clube de futebol da cidade no jogo e o que os torcedores do time poderão acompanhar de ligação com o futebol local?
Thiago de Oliveira Vannuchi: O LEC é motivo de orgulho para todos nós! E de tudo que se tem na cidade, o tubarão é o único que já é um personagem por si próprio. É muito conhecido e adorado por todos os londrinenses. Foi uma escolha óbvia no momento da criação de personagens londrinenses (para Saga Pé Vermelho), embora a ligação com o futebol real se dê somente em ter o personagem do time representado ali. Na próxima versão do jogo, colocaremos uma explicação da razão de o mascote do LEC ser um tubarão. Foi uma das coisas que nos pediram, e realmente é um fato curioso. No jogo atual, o tubarão é a quest (etapa) mais importante, sem ajudá-lo não tem como zerar o game!
UD: Como surgiu a ideia de retratar cenários inspirados na cidade de Londrina em jogo?
TOV: A ideia surgiu de uma parceria com o Phd em Teoria do Video Game professor da universidade de Brock (Canadá), Tamer Thabet. Ele é canadense e está desenvolvendo um projeto de pesquisa chamado Local Video Games, que pesquisa a influência da cultura local na produção de games. O Canadá é o país com uma das mais fortes culturas em desenvolvimento de games e essa pesquisa visa acima de tudo sondar equipes de desenvolvimento em países com uma cultura de desenvolvimento ainda emergente, como no caso do Brasil. Quando ele nos procurou, estávamos a pouco mais de três meses do aniversário de 80 anos da cidade. Essa foi uma época em que muitos projetos artísticos surgiram homenageando Londrina. Pensamos então em dar a nossa contribuição artística para a cidade, mostrando que temos aqui uma equipe séria de desenvolvimento de jogos.
UD: Torce pelo Londrina? Costuma frequentar o Estádio do Café ou VGD nos dias de jogos?
TOV: Sim, torcemos pelo Londrina, difícil encontrar algum londrinense que não o faça, mesmo torcendo para outros times do país. Acho que todos temos uma paixão pelo futebol do Londrina, que ultimamente só da alegria! Mas confesso não ser muito regular no estádio. Uma coisa que, com certeza, preciso fazer mais.
UD: Tem conhecimento de outro jogo com proposta similar no Paraná?
TOV: Não, acho que nunca vi nenhum game com essa premissa de mostrar a cidade ou o estado. Creio que somos pioneiros. Mas posso estar enganado.
UD: Quais as dificuldades na hora de criar jogos com temas locais?
TOV: O problema é você conseguir público para comprar o jogo, por isso algo para um local específico geralmente não é escolhido como projeto. No caso do Saga Pé Vermelho, o nosso objetivo foi presentear a cidade com um jogo grátis, disponível para qualquer um na web (www.sagapevermelho.com.br) e divulgar o nosso trabalho. Quanto a raridade de jogos baseados em locais brasileiros, acredito que a maior barreira realmente é o interesse do público, por isso os desenvolvedores geralmente optam por temas de interesse mundial.
O Paraná e o futebol local nos games
Não é a primeira vez que um cenário de Londrina é retratado em um game, mesmo na posição coadjuvante. Os jogos de computador Fórmula Truck e Stock Car Extrem da Reiza Studios apresentam o autódromo londrinense Ayrton Senna no circuito de corridas, além das pistas paranaenses de Curitiba e Cascavel. Dois dos principais títulos para jogos de vídeo game e computador no Brasil contam com futebolistas nascidos em Londrina: PES (Konami) e FIFA (EA Sports). O Fifa World Cup 2014 chegou a contar com a curitibana Arena da Baixada entre seus campos de futebol. No entanto, o primeiro jogo digital a aparecer com Londrina e demais clubes do Estado foi o manager para computador Elifoot.
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