Jogadores versáteis estão sempre em alta com seus técnicos. Não são poucos os exemplos de atletas que atuam em mais de uma posição e por isso ganham a confiança de seus treinadores. O problema é que alguns exageram na dose…
Taddei, Gustavo Nery e até Edmundo são só alguns exemplos de atletas de linha que tiveram que mostrar habilidade com as mãos. Outros menos conhecidos também passaram por essa experiência curiosa e viveram situações inusitadas.
É claro que muitos deles levaram gols, como esperado. Mas outros conseguiram defender pênaltis e teve até quem conseguiu fazer um gol. Inacreditável? Quase! No futebol é melhor não duvidar de nada…
Diogo (Palmeiras)
Como narrado no vídeo abaixo, é o primeiro caso de “meia-goleiro-artilheiro” da história do futebol. E aconteceu logo na lendária Rua Javari, em uma partida entre o Juventus e o Palmeiras, pela série A3 do Campeonato Paulista de 2010.
O meia-atacante Diogo, que já tinha feito dois gols no jogo, teve que virar goleiro porque o jovem Borges foi expulso. Aos 49 minutos do segundo tempo, o arqueiro adversário, do Juventus, Gustavo, foi para a área no desespero em busca de um gol. Porém, a bola ficou nas mãos de Diogo, que usou seus dotes de jogador de linha, acertou um chute da sua própria área e marcou um “hat-trick”. É melhor ver o vídeo para tentar acreditar…
Gaúcho (Palmeiras)
É um desses casos bizarros mais antigos. Aconteceu em 1988, durante a Copa União. Palmeiras e Flamengo se enfrentaram quando apenas duas substituições eram permitidas. O time paulista gastou as duas e ficou em situação complicada quando Zetti quebrou a perna nos minutos finais de jogo. O atacante Gaúcho resolveu ir para o gol, mas a princípio a experiência não deu certo, pois Bebeto marcou, de cabeça, o gol no arqueiro improvisado.
A partida empatou e teve que ir para os pênaltis. Foi então que Gaúcho não teve dúvidas e até prometeu para a televisão: “Agora eu vou pegar. Nós vamos ganhar!”. As cobranças aconteceram e ele primeiro defendeu a cobrança de Aldair. Depois, converteu também o seu próprio chute. E o heroísmo não parou por aí: Zinho foi outro que chutou para a defesa de Gaúcho, que saiu consagrado da partida.
Após sair do Palmeiras, Gaúcho ainda foi exatamente para o Flamengo, clube no qual teve uma passagem marcante, sendo decisivo nos títulos da Copa do Brasil de 1990, do Campeonato Carioca de 1991 e do Campeonato Brasileiro de 1992, com seus gols de cabeça e presença de aréa. Dessa vez ele não precisou defender pênaltis.
Flavio (Paraná)
Dez anos depois, o feito de Gaúcho foi superado em uma situação bastante semelhante ocorrida na última edição da Copa Conmebol. Em 1999, o Paraná disputou com o Sportivo San Lorenzo-PAR uma vaga nas quartas-de-final da competição. A decisão também foi para os pênaltis e nos minutos finais do segundo tempo o goleiro Marcos foi expulso. Coube ao centroavante Flávio a missão de ir para o gol.
Vestido com a roupa de Marcos, Flávio cobrou e converteu o pênalti para o Paraná e ainda defendeu três cobranças do time paraguaio. O Tricolor conseguiu a classificação, mas foi eliminado na fase seguinte. Tudo bem, afinal a participação do Paraná valeu pelo menos para mostrar que a especialidade de alguns centroavantes é mesmo defender pênaltis.
Juan Carlos Rojas (Pachuca)
Não é só no Brasil que jogadores de linha vão para o gol e conseguem feitos inesperados. No México também aconteceu uma cena dessas recentemente, em um duelo entre Morelia e Pachuca.
Isso porque o goleiro Calero resolveu parar o adversário Rey com uma falta dura, dentro da área, quando ele tinha uma chance clara de balançar as redes.
O arqueiro foi expulso e então o meia Juan Carlos Rojas colocou as luvas, já que o Pachuca não podia mais fazer substituições. A escolha deu certo e Rojas evitou o gol de pênalti de Miguel Sabah.
Mladen Petric (Basel)
A extinta Copa da Uefa também já viu um jogador de linha defender um pênalti. Foi quando Mladen Petric salvou o Basel de uma derrota certa contra o Nantes, em 2007. O culpado foi o argentino Franco Constanzo, que cometeu um pênalti, foi expulso e terminou salvo pelo seu atacante croata, que defendeu a cobrança.
O curioso é reparar no vídeo abaixo como o argentino teve tempo para dar dicas para Petric. Será que ele ensinou o atacante a defender um pênalti em um curso intensivo tão rápido? Pois as dicas deram certo:
Edmundo (Vasco)
Essa história é menos engraçada que as outras e terminou até com lágrimas do atacante-goleiro. Em um ano triste para o Vasco, uma das cenas mais marcantes foi quando o ídolo Edmundo teve que ir para o gol.
Em setembro de 2008, Tiago foi expulso após cometer pênalti em Guilherme e o Animal resolveu chamar a responsabilidade, já que o time não podia mais fazer o goleiro reserva entrar em campo. Ele não conseguiu defender a cobrança, mas pelo menos não sofreu outros gols nos mais de quinze minutos restantes.
Ao final, Edmundo não segurou as lágrimas e desabafou para os microfones, ainda em campo, enquanto a torcida gritava seu nome. “A gente é roubado em tudo quanto é lugar. A gente não merece isso aqui não. A gente vem aqui e treina todo dia, de manhã e de tarde. Isso é muito humilhante pra mim”, declarou.
O final dessa história é lembrado por qualquer vascaíno: o time foi rebaixado e sofreu as consequências de uma década terrível. Veja o vídeo completo desse momento:
Denílson (Pohang Steelers)
Há quem faça fama como goleiro-artilheiro, como Rogério Ceni e Chilavert, por exemplo. Mas nunca ninguém fez tanto jus ao rótulo de artilheiro-goleiro como o brasileiro Denílson, que disputou o Mundial de Clubes de 2009 pelo Pohang Steelers, da Coreia do Sul.
Ele foi o principal goleador daquela competição, mas viveu a situação mais incrível no jogo que eliminou sua equipe. Contra o Estudiantes, pela semifinal, ele até marcou um gol, mas três companheiros seus foram expulsos e eles teve usar luvas para evitar uma goleada.
Felipe Melo (Galatasaray)
O sempre polêmico Felipe Melo caiu nas graças da torcida do Galatasaray por seu estilo de jogo raçudo. Mas foi em 2012 que ele virou lenda na Turquia. Pelo campeonato local, o time vencia o Elazigspor por 1 a 0 quando, no último minuto de jogo, o goleiro uruguaio Fernando Muslera foi expulso após cometer um pênalti.
O volante brasileiro então vestiu as luvas de goleiro e defendeu a cobrança – comemorando no seu tradicional estilo “Pitbull”. Graças ao feito, o Galatasaray venceu o jogo e resolveu lançar uma camisa de goleiro especialmente pra o Felipe Melo. Na imagem de divulgação, ele posa ao lado de Muslera e de Taffarel, que na época era treinador de goleiros do time turco.
https://www.youtube.com/watch?v=aZZRMNCW2hE
Luciano Sorriso (Ponte Preta e Bragantino)
Há quem já é experiente na arte de jogar improvisado como goleiro. O volante Luciano Sorriso passou duas vezes por essa experiência e até conseguiu algum destaque na nova posição. A principal foi quando ele estava no Bragantino, já que nessa oportunidade ele realmente conseguiu brilhar.
Como todos sabem, há coisas que só acontecem com a Portuguesa, e foi em um jogo contra o time lusitano que ele jogou pela segunda vez como goleiro e se destacou. Gilvan foi expulso e Sorriso foi para debaixo dos paus. Fez uma defesa à queima-roupa incrível e garantiu a vitória do time.
Veja a entrevista após o jogo no qual ele comenta seu feito e revela que antes já tinha passado pela mesma situação, mas atuando pela Ponte Preta. Haja sorriso:
Taddei (Palmeiras)
Um dos maiores ídolos da história do Palmeiras, o goleiro Marcos é conhecido por todos como um grande “boa praça”. Mas em campo nem sempre a história é assim. Afinal, mais de uma vez já foi possível ver ele perder a cabeça, ter atitudes intempestivas e até ser expulso. Pois em uma dessas vezes ele colocou seu companheiro Rodrigo Taddei em uma fria.
Em novembro de 2001, o Palmeiras enfrentou o Vasco pelo Campeonato Brasileiro. O time paulista até saiu na frente do placar, mas sofreu a virada logo em seguida, em um dia de bela atuação de Romário, que foi o artilheiro da competição naquele ano.
O jogo já estava definido quando Romário fez o terceiro gol em uma cobrança de pênalti que Taddei por pouco não defendeu. Substituindo “São” Marcos, ele, que sempre foi conhecido por sua versatilidade, até chegou a encostar na bola, mas não fez o milagre.
Gustavo Nery (São Paulo)
É outro caso de jogador que sempre foi colocado para jogar em diferentes posições e acabou exagerando na dose. Em um confronto contra a Ponte Preta, o suposto lateral-esquerdo teve que substituir ninguém menos do que Rogério Ceni.
O duelo aconteceu em 2003 e a expulsão do maior “goleiro-artilheiro” da história foi decisiva. O São Paulo vencia o jogo até ali, assumindo inclusive a liderança do Campeonato Brasileiro daquele ano.
Porém, com o “lateral-goleiro”, o time sofreu um gol de Rafael Santos aos 45 minutos do segundo tempo e o jogo terminou empatado. Nem sempre a versatilidade é um bom negócio.
Caio (Flamengo)
Sim, muito antes de pagar micos como comentarista da Globo, o atacante Caio Ribeiro passou pelo teste de virar goleiro por um dia. Em setembro de 1999, Clemer, quando ainda era goleiro do Flamengo, foi expulso por ter defendido uma bola fora da área e impedir um gol do Gama.
Caio, que tinha acabado de entrar no jogo e queimado a terceira substituição do time, foi o escolhido para substituí-lo. Os cariocas formaram uma retranca que protegeu bem seu “atacante-goleiro” e ele ficou invicto nos dez minutos finais do jogo, garantindo o empate por 1 a 1 no placar final.
Brincadeiras
Nem sempre a participação especial de jogadores de linha como goleiros aconteceu em jogos oficiais, é claro. Os volantes Émerson e Richarlyson, por exemplo, participaram de brincadeiras marcantes como arqueiros.
A história de Émerson é a mais conhecida: em 2002, durante os treinamentos da seleção brasileira para a Copa do Mundo, o jogador foi brincar em um rachão como goleiro, mas não se deu bem. Contundiu o ombro e teve que ser cortado, sendo substituído posteriormente por Ricardinho. E ainda perdeu a chance de ser campeão mundial!
Já a brincadeira de Richarlyson foi mais alegre: ao acompanhar seu irmão Alecsandro, hoje centroavante do Internacional, em um treino de futsal, ele foi convidado para jogar como goleiro, pois o time ficou sem ninguém para a posição.
Richarlyson então surpreendeu e se destacou na posição, sendo até convidado para integrar a equipe definitivamente. Com o tempo, ele mostrou que poderia ser mais útil na linha e iniciou sua carreira como volante, mas fato é que só recebeu sua primeira chance por ter atuado bem como goleiro.
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