Após 206 partidas disputadas, a Série C de 2021 chegou ao final e consagrou o Ituano como grande campeão do torneio. A conquista acontece após 18 anos do último título nacional do Galo de Itu, outro título de terceira divisão, que aconteceu em 2003. Bora para o jogo!
Ituano 3 x 0 Tombense
O jogo, como esperado, foi mais aberto do que a primeira partida da final. Isso porque o Ituano em casa parte mais para cima dos adversários. Como toda boa final — e também jogo decisivo da Série C — , logo nos primeiros minutos de jogo tivemos uma polêmica que envolveu o VAR. Em uma bola na área do Tombense houve um toque de mão do zagueiro Róger Carvalho, mas o VAR nem quis saber do lance e mandou seguir, assim como fez o árbitro Anderson Daronco. O pênalti acabou fazendo falta ao Ituano? Não, mas esse tipo de lance tem sido marcado, então causou uma certa estranheza o árbitro de vídeo não chamar pelo menos para conferir na tela.
Seguimos falando de falhas e a próxima foi colossal: depois do atacante João Victor fazer boa jogada e chutar fraquinho para o gol, o arqueiro Felipe — conhecido por ser “mão de alface” ou mesmo comprar ração cara para o seu cachorro, aceitou. Não foi só um frango, um peru qualquer, a falha foi colossal, para ficar marcada em listas sobre “grandes falhas de goleiros em finais”.
Abrir o placar era tudo que o Galo de Itu queria e o gol obrigou o Tombense a sair mais para o jogo, mas faltava qualidade no ataque. Com o ataque apagado e a lesão de Jean Lucas, principal jogador do time no momento, o time de Tombos só conseguiu levar perigo a meta do Ituano em bolas paradas. Foram 3 boas oportunidades no primeiro tempo, mas o gol não veio.
Na segunda etapa, o enredo do jogo se repetiu. O Ituano esperava o Tombense sair para o jogo e fazia suas jogadas no contra-ataque, aproveitando que o time adversário estava mais exposto. Foi em uma dessas oportunidades que o Galo de Itu roubou a bola e foi avançando para a área no toque de pé em pé, até que a pelota chegou em Igor Henrique, volante que sobe demais, completar para o gol.
Aqui cabe uma menção especial para o jogador, que marcou dois gols e foi o principal nome da final da Série C. Volante com bom apoio defensivo, Igor se destaca por chegar bastante até a área adversária, tanto que no gol marcado ele estava na pequena área do Tombense.
O terceiro gol saiu já na bacia das almas, aos 50 minutos, com Iago Teles fazendo bonita jogada. Mas ali o jogo já estava definido, a torcida já gritava campeão e o Tombense já tinha largado mão do jogo.
No final, a vitória e o título do Ituano premiam o time que mais foi estável, com poucas oscilações. Mazola e cia construíram um estilo de bastante marcação e velocidade no ataque, fazendo o Ituano ser competitivo em todos os jogos que disputou.
Mas para ser campeão o time de Itu precisou superar muitas adversidades durante o campeonato, principalmente com a troca de comando que ocorreu no início da competição. Bora relembrar um pouco do percurso até aqui.
INÍCIO CONTURBADO E DEMISSÃO DE VINÍCIUS BERGANTIN
Mesmo com um elenco visto como mais forte do que o de 2020 e contratando peças de destaque de outros times da Série C, o Ituano fez um péssimo campeonato paulista. Foram 13 pontos em 36 possíveis, um aproveitamento de 36%. As duas primeiras partidas da Série C também foram horrorosas e o time tomou um sonoro 4-1 do Novorizontino jogando em casa. Todo o contexto fez que Vinícius Bergantin, até então o técnico com trabalho mais longevo do futebol brasileiro, com 4 anos de comando, fosse demitido.
O momento era tão complicado que até a briga pelo rebaixamento não era descartada, uma vez que os resultados era ruim, mas o desempenho conseguia ser pior.

CONTRATAÇÃO DE MAZOLA JR E ARRANCADA
Para o cargo de treinador chegou Mazola Jr, técnico com passagem pelo Ituano em 2010, mas que não inspirava tanta confiança no momento. Vindo de um trabalho mediano no Remo e um período ruim no Vitória, Mazola conseguiu no Ituano implantar o sistema de jogo que acredita: marcação forte, pressão para a recuperação da bola e velocidade na armação das jogadas, seja pelas pontas ou mesmo pelo meio.
O sistema caiu como uma luva no elenco do Ituano, muito por conta de jogadores como o volante paraguaio Jiménez, o atacante Tiago Marques e, mais posteriormente, o meia Gérson Magrão. O Ituano saiu então de 2 derrotas e emendou 5 vitórias seguidas.

SEGUNDA FASE COMPROVA ASCENSÃO E FAVORITISMO AO TÍTULO
Após a boa primeira fase e a classificação para o quadrangular final, na 2ª posição, o Ituano caiu no grupo A, com Botafogo-PB, Criciúma e Paysandu. Pela bola que vinha jogando, o Galo de Itu entrava como um dos favoritos na disputa pela vaga, mas é claro que, como sempre falamos, na 2ª fase é outro campeonato. O time, no entanto, mostrou que realmente estava em sintonia com o treinador e comprovou mais uma vez o bom futebol. Foram 4 vitórias em 6 jogos, com o time conquistando o acesso com uma rodada de antecedência.
Com Mazola Jr. no comando, o Ituano é praticamente imbatível. Em 24 jogos o time saiu perdedor em apenas dois: na primeira fase, para o Botafogo-SP, e derrota para o Criciúma, já no quadrangular final. Por tudo isso, o time chegou como favorito a final do campeonato, onde acabou se sangrando campeão.

TRABALHO DE RAFAEL GUANAES NO TOMBENSE TAMBÉM MERECE DESTAQUE
O técnico Rafael Guanaes chegou no susto ao Tombense. Com a saída de Bruno Pivetti, que na época acertou com o CSA e foi demitido em 4 meses, Guanaes chegou já para comandar o time contra o poderoso Atlético Mineiro nas semi-finais do Mineiro.
Com um estilo de jogo mais pragmático, apostando em uma defesa sólida principalmente fora de casa, o Tombense oscilou bastante na primeira fase, assim como todos os outros times daquele insano Grupo A, mas na hora do “vamos ver”, correspondeu. O acesso para o quadrangular renovou as esperanças por um acesso até então inédito, mas o time de Tombos corria por fora em um grupo com Ypiranga e Novorizontino como grandes favoritos.
O negócio é que favoritismo dura até o árbitro apitar e na bola o Tombense conseguiu os resultados que precisava, começando por uma vitória fora de casa contra o Ypiranga. Conseguir os três pontos como visitante foi o caminho encontrado para a classificação, o time ganhou os 3 jogos que disputou fora dos seus domínios. Importante destacar jogadores como Jean Lucas, Eduardo Neto e Felipe (falhou na final, mas fez ótima 2ª fase).
O título pode até não ter vindo, mas o acesso, prioridade dos times que disputam a Série C, foi atingido. Ponto para Guanaes e cia, que conseguiram ser competitivos e conquistar vitórias, mesmo com um futebol feio.

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