Entre setembro e dezembro de 2001, quem morava em São Paulo podia ligar a televisão na Record para assistir a clássicos do interior nas manhãs de domingo. A narração era feita pelo Doutor Osmar de Oliveira, falecido em 2014, com comentários de Juarez Soares. Era a Copa Coca-Cola.
Além da grande exposição na TV aberta, o torneio foi tão marcante por conta das inconfundíveis camisas das equipes. Como patrocinadora, a Coca-Cola padronizou os uniformes: todos eram fornecidos pela Umbro, tinham o logo da marca de refrigerantes e o nome das cidades de cada equipe. Abaixo, podem ser conferidos alguns exemplos:
Vale lembrar que a Coca-Cola já tinha feito algo semelhante na Copa União, o Campeonato Brasileiro de 1987. Na época, a maioria das equipes fechou acordo para contar com patrocínio da marca. No caso do Grêmio, pela rivalidade com o Inter, o logo da empresa teve que aparecer em um fundo preto.
Voltando a 2001, a Copa Coca-Cola foi um torneio revolucionário para o interior de São Paulo. Até então, a Federação Paulista já tinha realizado algumas copas com os clubes sem calendário no segundo semestre – como o Torneio José Maria Marin e a Copa Bandeirantes -, mas sem constância.
A primeira Copa Paulista (ao menos com os moldes de hoje) foi realizada em 1999, e vencida pelo Paulista de Jundiaí (na época, chamado de Etti Jundiaí). Após o hiato de um ano, a competição voltou como Copa Coca-Cola. Foi a única edição com patrocínio da Coca, mas, desde então, o campeonato jamais deixou de ser disputado.
Ao todo, 16 clubes fizeram parte da competição em 2001. O Grupo A tinha Bandeirante de Birigui, Comercial de Ribeirão Preto, Francana, Marília, Mirassol, Noroeste, Olímpia e Rio Preto. O Grupo B era formado por Inter de Limeira, Juventus, Nacional, Portuguesa Santista, São Bento, Sãocarlense, União Barbarense e XV de Jaú.
A Federação Paulista encaminhou uma verba de R$ 60 mil para cada time, que ainda tinham outros custos cobertos por patrocinadores. Os 2 melhores de cada grupo passavam para a segunda fase. Nas semifinais, a União Barbarense eliminou o Juventus nos pênaltis. Do outro lado, o Bandeirante de Birigui passou pelo Noroeste de Bauru, em um clássico regional.
A grande final foi entre Bandeirante (na época, disputando a Série A3 do Paulista) e União Barbarense (clube que estava na elite do Estadual). Mesmo em uma divisão inferior, o time de Birigui não se intimidou e conquistou o título. Ganhou o jogo de ida por 2 a 0, diante de sua torcida, e perdeu por 1 a 0 na volta, em Capivari – já que o estádio de Santa Barbara d’Oeste estava interditado.
Um regulamento esdrúxulo marcou aquela decisão: se a União Barbarense ganhasse por 2 a 0, o critério de desempate não seria melhor campanha e não haveria pênaltis. O campeão ia ser decidido pelo número de cartões amarelos nas finais!
O título da Copa Coca-Cola, ao lado da Série A2 de 86, é o maior da história do Bandeirante de Birigui. O clube só disputou uma vez a primeira divisão do Campeonato Paulista, em 1987, e deveria jogar a Série B do Estadual em 2017 (equivalente à quarta divisão), mas desistiu antes do torneio começar.
E o campeão deveria ter ainda mais alegrias. Desde o começo da Copa Coca-Cola, dizia-se que a equipe vencedora seria indicado pela Federação Paulista para a Copa do Brasil de 2002. Mas talvez eles não esperassem que um time da Série A3 vencesse o torneio, pois a promessa foi ignorada.
O Bragantino ocupou a vaga na Copa do Brasil, sem nenhum critério técnico e gerando grande revolta em Birigui. A escolha do time de Bragança provavelmente foi indicação do cartola Nabi Abi Chedid, ex-diretor do Massa Bruta e antigo vice-presidente da CBF.
A Copa Coca-Cola terminou com essa polêmica. Mas foi um torneio inesquecível, por ter grande destaque na TV aberta e mostrar que o interior podia ter um torneio forte no segundo semestre.
E, claro, pelas camisas sensacionais!
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