30 de abril de 2011. Um pequeno clube do Campeonato Candango está prestes a realizar um grande feito: desbancar Gama e Brasiliense da final da competição local. É o Formosa, que estava por um empate para chegar na final e tentar seu primeiro titúlo, mas viu o sonho ser destruído e ficou para trás.
O nervosismo do jovem elenco acabou prejudicando o desepenho do time de grande campanha e a chance na final acabou numa goleada sofrida por 4 a 1 para o Botafogo local. A vaga na final não veio, mas o terceiro lugar do campeonato fez os holofotes se virarem para um clube que tem uma grande curiosidade em sua história. É um estranho no ninho!
Explico: o Formosa, na verdade, é o “Bosque Formosa Esporte Clube”, que foi fundado em 1978 e nunca havia conseguido nada além de um 10º lugar na primeira divisão candanga. O time, apesar de jogar no Distrito Federal, tem sede em Goiás. Isso mesmo, é um dos dois clubes do país que joga uma competição num estado mesmo tendo sede numa cidade de outro. No caso do Formosa, o time é sediado na cidade de Formosa, no interior goiano e fica distante apenas 78 km de Brasília. Por outro lado, a distância entre Formosa e Goiânia é de 280 km, o que prejudica a participação do clube no Goianão.
Pelo mesmo motivo, outro clube largou seu Estadual para jogar o Candango: Unaí, clube da cidade mineira de mesmo nome que fica a 606 km da capital Belo Horizonte, muito longe para uma equipe com pouca estrutura que, para evitar o prejuízo, decidiu jogar a segunda divisão do Distrito Federal.
Mas engana-se quem pensa que apenas equipes com pouca tradição e estrutura buscaram outros estados para jogar. Na década de 50, a Caldense, clube dos mais tradicionais do interior mineiro, dominava totalmente a região sul/sudoeste de Minas Gerais. Por isso, viu em São Paulo a oportunidade de aproveitar o profissionalismo incipiente da época. Assim, a equipe de Poços de Caldas profissionalizou seus atletas e solicitou inscrição na Federação Paulista de Futebol, idéia muito bem aceita pelos dirigentes do estado. Porém, a idéia foi barrada pela CBD, que tanto imperdiu a Caldense de jogar o Paulistão como forçou o início do profissionalismo em Minas Gerais.
Para fechar o texto, uma história que, se confirmada, seria o mais bizarro estranho no ninho da história, dado o tamanho dos times envolvidos. No meio da década de 90, o Araçatuba estava mergulhado em dívidas e cogitou vender sua vaga na elite do Campeonato Paulista para o Flamengo, que, assim como todo o futebol carioca na época, não estava em grande fase e resolveu entrar na polêmica.
Óbvio que a idéia não deu certo. O presidente da Federação Paulista na época até aprovou a vinda do Flamengo, mas tudo não passou de um grande boato e brincadeira do pessoal de Araçatuba.
No entanto, vale um aviso: não podemos confudir esses clubes com a nova ordem do futebol, que é vender sede e mudar de cidade, abandonando torcida e deixando muita gente na mão. Esses clubes tem identificação com a cidade onde estão e, mesmo sendo estranhos no ninho dos estaduais que disputam, representam bem seus locais de origem.
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